Fernanda Marques
Realizada nesta quinta-feira (17/9), a live “Diálogos para o Enfrentamento da Covid-19 no DF: Vigilância, APS e Força Comunitária” teve como objetivo ampliar o debate sobre as iniciativas que têm sido feitas pelos diferentes atores: Secretaria de Saúde (SES-DF), Conselho de Saúde do DF, academia e comunidade. “A intenção é, cada vez mais, motivar a participação da comunidade”, disse o coordenador de Gestão e Integração Estratégica da Fiocruz Brasília, Wagner Martins. “Países com mais envolvimento da população tiveram melhores resultados no enfrentamento da pandemia”, acrescentou, destacando a importância de mobilizar a inteligência cooperativa nos territórios por meio de ações integradas e convergentes dos diferentes atores sociais. A live foi organizada pelo projeto Radar de Territórios Covid-19, junto com a Plataforma de Inteligência Cooperativa com Atenção Primária à Saúde para o Enfrentamento da Covid-19 (PICAPS).
A diretora Fabiana Damásio lembrou que, desde o início da pandemia, a PICAPS atua para fortalecer a Atenção Primária à Saúde (APS). “As ações têm sido aprimoradas em função das necessidades que vão surgindo. Necessidades essas que são identificadas a partir da integração e do diálogo com a comunidade. A força comunitária e a força coletiva dessa articulação são fundamentais, assim como os espaços de debate para conformar as ações”, afirmou a diretora.
A presidente do Conselho Distrital de Saúde do DF, Jeovânia Rodrigues, comentou o quão recente ainda é a experiência do controle social no DF e elencou as iniciativas que o Conselho tem feito no sentido de provocar os agentes sociais e fomentar a participação. “Essa é a hora da APS fortalecer a intervenção no território, somando com todos os atores. Só será possível vencer os efeitos da pandemia com a coletividade”, avaliou.
Pesquisadora popular e liderança comunitária da Santa Luzia (Cidade Estrutural/DF) Andressa Santos comentou a dificuldade de acesso à saúde da comunidade, que também sofre com a falta de água e de saneamento básico. “As dificuldades ficaram ainda maiores durante a pandemia”, pontuou, citando, inclusive, situações de abuso psicológico e violência doméstica. “A gente atua buscando mapear onde estão as pessoas e famílias em maior dificuldade, e notifica os órgãos competentes, de modo a contribuir com a vigilância”, contou.
A representante do Comitê Popular Distrital para o Enfrentamento à Pandemia Covid-19 no DF, Juliana Machado, também comentou problemas que se intensificaram com o novo coronavírus, como a insegurança alimentar e nutricional e o desemprego. Segundo ela, o Comitê se formou com o intuito de unir esforços para enfrentar a pandemia, da forma mais plural possível. Uma das ações consiste em consolidar um documento que reúna recomendações baseadas na experiência dos envolvidos e nas evidências científicas disponíveis. “É preciso acender a chama nas pessoas de que elas têm o poder do controle social”, disse.
De acordo com o coordenador da Atenção Primária do DF, Fernando Erick, o fortalecimento e expansão da APS tem que estar conectado com as comunidades, para que esse movimento seja corretamente direcionado para os vazios assistenciais e territórios de maior vulnerabilidade. “A participação da comunidade é fundamental para uma entrega de serviços alinhada à demanda da população”, disse, comentando o potencial da PICAPS como uma plataforma que fomenta essa conectividade.
Para o coordenador do Programa de Saúde, Ambiente e Trabalho (PSAT) da Fiocruz Brasília, Jorge Machado, o potencial da PICAPS e as experiências comunitárias já existentes no DF podem convergir para um processo de formação-ação. Segundo o pesquisador, grupos integrados nesse processo podem fortalecer a vigilância, entendida como informação para a ação: uma ação intersetorial e contínua que chegue às áreas de vulnerabilidade social, ambiental e sanitária. “A população tem que ser protagonista da sua saúde”, destacou.
Após debate, Wagner Martins enumerou algumas sugestões de encaminhamentos apresentadas e discutidas pelos participantes durante a live, como a formação de agentes populares, a integração dos planos, a formação de um comitê distrital e o fortalecimento dos conselhos das unidades de saúde, entre outros. Clique aqui para assistir a íntegra do evento