“A prática da enfermagem pode estar em todos os lugares”

Fiocruz Brasília 23 de novembro de 2021


“Dê Letras à Sua Ação” – relato de Francyslane Vitória da Silva

 

Sou Francyslane Vitória da Silva, mulher preta, enfermeira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Macaé, agora em processo de residência na Fiocruz Brasília (Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família com Ênfase em Saúde da População do Campo).

 

Saí do interior de Minas Gerais para me aventurar nessa nova caminhada em uma unidade rural de saúde da família (Núcleo Rural Rajadinha, Planaltina, Distrito Federal). Na Unidade Básica de Saúde (UBS) onde atuo, eu e os outros três residentes (um dentista, um psicólogo e uma profissional de educação física) formamos um Núcleo de Aprendizagem e Estudo (NAE) que chamamos de NAE RajaSUS em homenagem à comunidade. 

 

A residência tem sido um processo de muitas experiências, algumas boas, outras nem tanto, e, nesses vários momentos, coloco em prova a minha formação: ser enfermeira não é como andar de bicicleta; a cada dia é necessário força, resiliência e atualizações no que diz respeito à saúde. Assim, levamos um cuidado de qualidade para os usuários, um público com várias especificidades e singularidades. Pensando nisso, ao longo desses  meses de atuação no território, o NAE RajaSUS vem desenvolvendo alguns projetos para atuação na comunidade.

 

Ao chegarmos à unidade, iniciamos um movimento de cadastramento das famílias do território, alavancando o reconhecimento e o conhecimento do território e da população.

 

Nossa primeira ação foi junto às crianças da comunidade, realizando encontros semanais, com duração média de uma hora e meia, envolvendo atividades lúdicas para promover a interação entre eles e o desenvolvimento cognitivo.

 

Nossa segunda atividade foi com a Escola Rajadinha: junto aos professores, por meio de encontros virtuais regulares, e, em momento posterior, com os  pais e alunos, no mesmo formato. Tivemos também um encontro presencial com a equipe da escola para uma reflexão sobre a volta às aulas no contexto da pandemia.

 

Nossa terceira ação ocorreu no mês de outubro, quando organizamos uma iniciativa do “Outubro Rosa”. Planejamos atividades para todas as sextas-feiras do mês. Os encontros, no primeiro horário da manhã, iniciavam com uma breve apresentação do que seria abordado e, depois, oferecíamos uma salada de frutas para as mulheres. No primeiro encontro, falamos sobre  a importância dos exames para a saúde da mulher, sejam eles a mamografia, o Papanicolau ou exames de rotina. No segundo, abordamos a violência contra a mulher. No terceiro, trouxemos convidadas para falar sobre nutrição e alimentação e, no quarto e último encontro, abordamos os cuidados com o corpo a partir da atividade física. O “Outubro Rosa” foi planejado para abordar a saúde da mulher como um todo, e não de forma fragmentada.

 

Ainda no mês de outubro, organizamos uma ação de dia das crianças em conjunto com a comunidade, os residentes e a UBS. Foi nossa maior ação até hoje, com um mês de organização, planejamento e muita mobilização. A resposta desse trabalho foi um evento maravilhoso, onde pudemos oferecer o melhor para as crianças da Rajadinha e adjacências.

 

Todas as experiências vivenciadas por mim, no campo de trabalho, me fazem pensar em como ter um olhar para além dos muros e perceber como a prática da enfermagem é grandiosa: ela pode estar em todos os lugares. Os trabalhos multiprofissionais me proporcionam crescimento tanto pessoal quanto profissional, e as dificuldades vivenciadas até hoje me deixaram mais forte para fazer o melhor para aqueles com quem convivo todos os dias.

 

“Dê Letras à Sua Ação” busca divulgar artigos assinados por estudantes de pós-graduação da Fiocruz sobre iniciativas relacionadas a seus trabalhos acadêmicos ou de seus colegas. Os relatos são de responsabilidade de seus autores.