A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio das suas unidades localizadas em Pernambuco e em Brasília, promoveu, no dia 30 de agosto, o I Seminário Nacional sobre os Territórios Saudáveis e Sustentáveis (TSS), com o objetivo de difundir os TSS como estratégia fundamental para a implementação de políticas públicas sociais no Brasil. O conceito pode ser definido como espaços relacionais e de pertencimento onde a vida saudável é viabilizada, por meio de ações comunitárias e de políticas públicas, que interagem entre si e se materializam, ao longo do tempo, em resultados que visam a atingir o desenvolvimento global, regional e local, em suas dimensões ambientais, culturais, econômicas, políticas e sociais.
O evento apresentou as experiências da pesquisa “Análise do desenvolvimento e aplicação do conceito de Territórios Saudáveis e Sustentáveis na Região do Semiárido brasileiro de Pernambuco”, coordenada pela pesquisadora da Fiocruz Pernambuco Mariana Olívia e financiada por chamada pública via CNPq. O projeto é desenvolvido por pesquisadores do Programa de Promoção da Saúde, Ambiente e Trabalho (PSAT) da Fiocruz Brasília e do Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho (LASAT) da Fiocruz Pernambuco, além de estudantes da pós-graduação das duas unidades.
Para a vice-diretora da Fiocruz Brasília, Denise Oliveira, o percurso dos territórios saudáveis e sustentáveis devem orientar as ações de pesquisa, ensino e de assessoria, auxiliando em uma visão mais ampliada da temática dentro da Fiocruz. “Na Fiocruz Brasília, a atuação em TSS inclui ações de campo, produções acadêmicas e experiências de formação”, apontou.
O pesquisador da vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) da Fiocruz Hermano Castro, lembrou que é preciso articular as experiências e boas práticas em TSS na construção dos diálogos e saberes tradicionais dentro de todo o sistema. “Tenho esperança da construção de um novo caminho para os territórios saudáveis e sustentáveis e de contar com o SUS dentro de todos esses territórios, em especial o dos povos originários e indígenas”, avaliou.
Pedro Miguel, diretor do Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz Pernambuco reforçou que é preciso pensar o território onde essa população vive sua realização como ser humano, a questão de sobrevivência e de cidadania se mostra necessária e estratégica. “É preciso formar e ampliar redes no território e ações integradas às questões saudáveis e sustentáveis”, enfatizou.
O coordenador do PSAT, Jorge Machado, apresentou os projetos realizados pela Fiocruz Brasília nos territórios. Segundo ele, a promoção de TSS depende, sobretudo, do reconhecimento do que as pessoas já fazem em suas comunidades por seu próprio entendimento. Machado destacou ainda que o TSS é uma das linhas estratégicas da Fiocruz. “É a forma de trabalhar com o Sistema Único de Saúde, promovendo a integração e a saúde da população”, completou.
Experiências em TSS
Dentro da programação do evento, foram apresentadas experiências de desenvolvimento dos territórios sustentáveis e saudáveis e a sistematização de conhecimentos acerca do tema, principalmente, dos resultados obtidos nas formações realizadas nos estados do semiárido brasileiro, além de estimular reflexões entre os participantes, visando ativar redes de gestão participativa para a promoção de novos espaços de vida saudáveis.
A pesquisadora da Fiocruz Pernambuco e coordenadora da pesquisa, Mariana Olívia, conduziu a apresentação com um breve balanço das ações. Segundo ela, o estudo buscou analisar o desenvolvimento e a aplicação do conceito de Territórios Saudáveis e Sustentáveis na Região do Semiárido brasileiro, a partir da realização dos processos de formação-ação de profissionais, integrantes dos movimentos sociais, entre outros, para a promoção da saúde e superação das vulnerabilidades identificadas no estado de Pernambuco.
O pesquisador da Fiocruz Brasília André Fenner, abordou a experiência de integração do ensino, pesquisa e aplicação para soluções de problemas reais e promoção de TSS, apresentando o processo de construção das formações-ações envolvendo lideranças das populações do campo, da floresta e das águas, por meio de cursos livres e especialização. Também foram apresentadas as experiências do Programa Institucional Territórios Sustentáveis e Saudáveis (PITSS) da Fiocruz; da Funasa sobre os Territórios Saudáveis e Sustentáveis; as abordagens territorializadas de saúde ambiental em TSS; a vigilância popular em saúde em tempos de pandemia e a atuação da participação social na promoção de TSS.
Participaram ainda do seminário, a diretora do Departamento de Saúde Ambiental e Vigilância da Saúde do Trabalhador (DSAST) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, Thaís Cavendish; o representante do Conselho Nacional de Saúde, Jacildo Siqueira; o coordenador da área de Saúde e Ambiente da VPAAPS/Fiocruz, Guilherme Franco Netto; a coordenadora executiva do PITSS, Andrea Vasconcelos; a representante da Articulação Semiárido (ASA), Daniela Silva; os representantes do Departamento de Saúde Ambiental da Funasa, Mariana Vitali e Gustavo Machado e os integrantes da Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares, Ana Paula Dias de Sá e Joelson Santos. O seminário pode ser assistido aqui.
Foto destaque: Ricardo Araújo / ASA