Fiocruz Brasília promove agenda de pesquisa com a London School

Mariella de Oliveira-Costa 13 de fevereiro de 2019


Mariella de Oliveira-Costa

 

Atividades fazem parte de análise sobre o acesso e cuidado no SUS para as crianças com síndrome de desenvolvimento

 

 

A Fiocruz Brasília recebeu na semana passada o pesquisador Nathaniel Scherer, do Centro Internacional de Evidências sobre Deficiências, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (London School), para uma nova etapa da pesquisa Auxiliando profissionais da saúde a prover cuidados necessários às famílias de crianças com Síndrome Congênita relacionada ao Zika vírus no Brasil. A pesquisa é realizada pela Fiocruz Brasília, por meio do Programa de Educação, Cultura e Saúde (PECS) e do Programa de Evidências em Políticas e Tecnologias em Saúde (PEPTS), em parceria com a London School, apoio da Faculdade de Ciências da Saúde do Distrito Federal, Hospital da Criança e financiamento do Fundo Newton.
Esta pesquisa prevê a produção de dois cursos em formato de educação à distância, para formar trabalhadores da saúde nesta área, um a ser disponibilizado no ambiente EAD da Fiocruz Brasília e outro no ambiente virtual da London School. A coleta de dados envolve entrevistas com os profissionais de saúde e famílias de crianças com algum transtorno de desenvolvimento, como paralisia cerebral, microcefalia, problemas de visão, audição ou epilepsia. Os pesquisadores querem compreender a percepção dessas pessoas sobre a oferta dos serviços de saúde para as crianças e integrar essas vivências ao conhecimento científico sobre o tema.
Durante a agenda de atividades realizada de 4 a 7 de fevereiro, o pesquisador inglês apresentou aos brasileiros um dos cursos online da London School em formato MOOC (do inglês, Massive Open On-line Course), no qual os participantes apreendem os conceitos e tipos de transtornos de desenvolvimento, analisam estudos de casos reais, e compreendem sobre as necessidades específicas dessas crianças e suas famílias. Até o momento, o curso, em construção, conta com 15 horas de conteúdo organizado em artigos, estudos de caso e vídeos produzidos inclusive a partir de depoimentos de famílias e profissionais de saúde do Brasil.
Ao longo da semana, o grupo de pesquisadores formado por trabalhadores de setores da Fiocruz Brasília (PECS, PEPTS e Núcleo de Educação à Distância) e conteudistas do projeto fizeram diferentes agendas não só na instituição, mas também visitas de campo em unidades de saúde do DF.
Os profissionais do Hospital Regional da Ceilândia foram entrevistados para que seus depoimentos possam compor os materiais do curso à distância em elaboração. A agenda de atividades contemplou também a visita aos serviços de vigilância e regulação e coordenações de atenção primária e ações programáticas no DF.
De acordo com a diretora da Escola Fiocruz de Governo (EFG), Luciana Sepúlveda, as atividades permitiram que o pesquisador inglês conhecesse não só o andamento da produção do curso aqui, mas a forma de produção adequada à realidade brasileira e às necessidades dos profissionais e suas famílias. Segundo ela, essa integração dos recursos educacionais daqui e de lá , na perspectiva da ciência aberta, também possibilitará o compartilhamento do nosso modo de fazer e dos dados entre as instituições. “O curso está sendo produzido coletivamente, com foco na pessoa, nessas crianças e suas famílias, ” afirmou.
Anteriormente, a equipe de pesquisa entrevistou também profissionais de unidades básicas de saúde em Ceilândia, com questões sobre o conhecimento desse profissional sobre os transtornos de desenvolvimento, bem como sobre a forma de atendimento das famílias dessas crianças com deficiência. A proposta foi conhecer as informações e possibilidades de capacitação para eles sobre o tema. Além disso, os pesquisadores já analisaram a literatura científica nacional e internacional sobre o tema, bem como fizeram o levantamento dos recursos educacionais atualmente disponíveis.
A versão piloto do curso será finalizada no início do próximo semestre, e a previsão é que até o fim do ano sejam feitos todos os testes para que, em 2020, ele possa ser disponibilizado ao público em geral no ambiente online que está sendo desenvolvido pela Fiocruz Brasília. Ele está com duração prevista de 20 horas, e organizado em três módulos. O primeiro deles, com conteúdos que introduzem o profissional no tema do desenvolvimento das crianças e distúrbios de neurodesenvolvimento. O módulo dois enfoca no cuidado integral dessas crianças e suas famílias e o terceiro apresenta estratégias para atuação em rede para os serviços e profissionais. A previsão é que o curso seja lançado no ano que vem.
Esta iniciativa também propiciou outros financiamentos importantes e uma atividade de internacionalização para o Mestrado Profissional em Políticas Públicas em Saúde, da EFG. Na próxima semana, a pesquisadora do PECS e aluna do mestrado Renata David, embarcará para uma imersão na capital inglesa, para cursar um módulo do curso Deficiências Globais e Saúde, sob a supervisão da pesquisadora Hana Kupr, da London School, coordenadora da equipe desta pesquisa naquele país. Serão quatro semanas de estudos que convergem tanto para o tema desta pesquisa como para a sua dissertação em andamento. “Este intercâmbio é importante para estreitar a parceria e as relações com os profissionais de lá, fazer o compartilhamento do processo de trabalho e de produtos que vêm sendo elaborados pelas instituições e também para produção acadêmica conjunta” afirmou David.