Nayane Taniguchi
Em Brasília, 18h30. Enquanto parte da população enfrenta o congestionamento na volta para casa, mais de 150 profissionais das áreas da saúde o do direito reúnem-se no auditório da Fiocruz Brasília para se atualizar sobre o direito sanitário. Esta é a proposta do Curso A Saúde como Direito e o Direito à Saúde: possibilitar melhor aproveitamento do tempo que se gastaria no trânsito proporcionando conhecimento sobre temas que fazem a interface entre o direito e a saúde. A atualização, coordenada pelo Programa de Direito Sanitário da Fiocruz Brasília (Prodisa), iniciou suas atividades na noite desta terça-feira (30/7).
Ao todo, serão 20 encontros, em formato de seminário. Para aqueles que possuem interesse no tema, mas não podem assumir o compromisso de estar presente nas 30 horas previstas de curso, uma novidade: as inscrições podem ser feitas para cada uma das palestras, separadamente. “O nosso curso de Atualização em Direito Sanitário tem um formato diferente, são palestras. A ideia é trazer temas atuais que façam essa interface entre o direito e a saúde e que, a partir desses temas atuais, as pessoas possam travar uma discussão sobre esses assuntos dentro do espaço profissional delas”, afirma a coordenadora do Prodisa e do curso, Sandra Alves.
O corpo docente é composto por membros do Ministério Público, do Conselho Nacional do Ministério Público, por consultores do Senado Federal, professores da Universidade de Brasília (UnB), além de professores e pesquisadores da Fiocruz. “Tratamos também de reconhecer a expertise da Fiocruz para abordar, também, temas específicos, como arboviroses, saúde mental, a relação do direito e a política, a política, a saúde e a legislação em saúde”, acrescentou Sandra, ao mencionar alguns dos temas que serão tratados ao longo da atualização. “Esperamos que esse curso sirva para trazer novos insites, e discussões novas a respeito de temas novos, que são candentes na atualidade”, ressaltou.
Produção científica brasileira no contexto internacional
“O limitado impacto internacional da ciência brasileira” foi o tema da primeira palestra do curso, que contou com a presença do professor da Universidade de Brasília (UnB) Marcelo Hermes e do coordenador substituto da Coordenação de Contabilidade da Capes, Fabiano Borges. A mesa foi moderada pela pesquisadora do Prodisa, Maria Célia Delduque.
“O tema abordado mostra como a nossa produção científica é vista, não apenas na área da saúde. A proposta dessa exposição é até um pouco maior do que exclusivamente da área da saúde, mas como a produção científica é vista em um panorama internacional”, disse a coordenadora do Prodisa.
Como está a ciência brasileira? Como está a nossa ciência?, problematizou Hermes, no início de sua exposição. Ao apresentar dezenas de dados cientométricos relacionados à produção científica brasileira no contexto internacional, o docente afirmou que, apesar de o Brasil ser um dos maiores produtores de artigos científicos no mundo, o impacto da suas pesquisas no contexto internacional não apresenta índices satisfatórios, e colocam o país nas últimas posições do ranking internacional. Para o docente, é necessário estabelecer mecanismos que avaliem a qualidade da produção científica brasileira, e focar na qualidade dos artigos, e não na quantidade. “Se um país tem muitos artigos citados ele tem visibilidade internacional”, explica. Para o professor, a produção acadêmica do país é significativa em quantidade, mas pouco significativa em impacto internacionalmente.
Fabiano Borges apresentou um histórico das instituições brasileiras que influenciaram e influenciam a produção científica no país, destacou a criação da Capes e as mudanças de atuação ao longo dos anos, além de comentar sobre o orçamento destinado ao setor.
Política e Saúde: a produção legislativa brasileira
No dia 1º de agosto, o consultor legislativo do Senado Federal, Luiz Carlos Romero, falará sobre o tema “Política e Saúde: a produção legislativa brasileira”. inscreva-se aqui
As datas e temas das outras atividades estão disponíveis na Chamada Pública nº 06/2019. As palestras serão realizadas entre agosto e dezembro de 2019, das 18h30 às 20h, na Fiocruz Brasília.