Nathállia Gameiro
Genomic Day, evento promovido pela Fiocruz, foi realizado nas cinco regiões do país para estudantes de ensino médio de escolas públicas
Mais de 110 jovens estudantes do Instituto Federal de Brasília (IFB) tiveram uma manhã diferente nesta sexta-feira, 4 de outubro. Eles participaram do Genomic Day, evento de divulgação científica que apresenta a genômica de diferentes maneiras e promove a interação entre alunos e pesquisadores.
A programação iniciou com a palestra da professora do Departamento de Biologia Celular do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília Marlene Teixeira. A pesquisadora falou sobre a origem da diversidade biológica existente hoje, desde a evolução das primeiras bactérias que existiram no planeta, até sua modificação, resultando em novas espécies que muitas vezes são resistentes a condições extremas, como os microorganismos. Explicou também o conceito de genoma – conjunto total de material genético herdado de um indivíduo para o outro, e as tecnologias utilizadas para o sequenciamento, análise e divisão do organismo por espécies. Ela destacou a oportunidade de os estudantes vivenciarem uma manhã diferente, fora da sala de aula, mas com muito aprendizado, teoria e prática.
Os alunos também puderam ver na prática como temas da ciência estão ligados ao nosso cotidiano, como o uso de plantas, microorganismos e algas como matéria prima para a produção de biocombustível; a aplicação de ferramentas de tecnologia de informação nas áreas biológicas para novas descobertas, como de novas espécies de vírus; uso de genômica na agricultura; sequenciamento de plantas e bactérias; visualização de estrutura de proteínas; extração de DNA de alimentos; e o jogo EteRNA, desenvolvido por cientistas da Universidade Carnegie Mellon e da Universidade de Stanford, para geração e análise de dados de RNA e que estimula a resolução de enigmas.
A estudante do curso Técnico de Informática do IFB Ana Raquel, 17 anos, foi uma das participantes do minicurso “DNA: da estrutura ao ciclo celular e da produção de proteínas à biotecnologia”. Os alunos utilizaram equipamentos de laboratório para extrair e visualizar o DNA de uma banana.
Ana e sua colega de sala Laís Muniz aprovaram a maneira como o conteúdo foi apresentado. “Já tinha escutado falar sobre a extração do DNA da cebola e da banana, mas nunca pessoalmente. Achei muito interessante, e dá para fazer em casa”, comemora Laís, que já sabe a carreira que quer seguir: a área de medicina voltada para a informática, criando softwares que auxiliam nos exames laboratoriais para a obtenção de resultados mais eficientes.
Já para o estudante Kalil Felipe Pereira, também de 17 anos, o que mais chamou atenção foi a forma que o tema da biologia foi abordado. “Eu amei, achei muito interessante a proposta porque esse tema é muito importante para nós que somos da área da informática. Muitos colegas de sala querem seguir a área da engenharia da computação, mas você pode levar a informática para a biologia. Esse é um progresso muito grande. Na oficina nós usamos o conhecimento que já temos na área da informática para fazer novas descobertas de seres vivos”, avalia. O estudante também já tem na ponta da língua a carreira que quer seguir: biotecnologia.
A coordenadora do Genomic Day em Brasília e pesquisadora da Fiocruz Brasília, Tainá Raiol, avalia que os estudantes aproveitaram muito os cursos e a palestra. “O evento proporcionou interação e trouxe novas perspectivas de áreas interessantes de futuro para esses alunos. A biotecnologia e a genômica são áreas que tendem a crescer muito”, destacou.
Sobre
O Genomic Day é realizado há quatro anos, por iniciativa do Laboratório de Biologia Computacional e Sistemas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz RJ), que integra o Programa ‘IOC+Escolas’, e busca ampliar as atividades divulgação científica junto às escolas. No último ano, foi realizado no Rio de Janeiro, Rondônia, Minas Gerais, Pernambuco e Distrito Federal. Este ano, os estados que possuem unidades da Fiocruz receberam o evento nesta sexta-feira, dia 4 de outubro.
De acordo com o coordenador geral do evento e pesquisador da Fiocruz, Alberto Davila, a iniciativa foi inspirada no “Teaching the Genomic Generation” do Jax Lab dos Estados Unidos, que busca novas maneiras de levar a genômica para a sala de aula da escola pública, o currículo da universidade, a força de trabalho e até mesmo a educação de médicos.