Fiocruz se une às comunidades do Rio de Janeiro e Distrito Federal no combate ao vírus zika

Fiocruz Brasília 1 de junho de 2017


A epidemia de zika foi uma das mais sérias da história do Brasil. Antes mesmo do anúncio de emergência sanitária no país, a Fiocruz desenvolvia diversos projetos e pesquisas para o enfrentamento do Aedes Aegypti e as doenças que o mosquito transmite, como dengue, chikungunya, zika e febre amarela. Agora estamos unindo os campos da educação e comunicação para atuar em Manguinhos (zona norte do Rio de Janeiro), Gama (região administrativa do Distrito Federal), Maricá e Paraty (municípios do Rio de Janeiro) em busca de respostas e ações para controlar o Aedes

Este ano teve início a Pesquisa científica e tecnológica para inovação em educação e comunicação para a prevenção da zika e doenças correlatas nos territórios que tem como objetivo mobilizar jovens, professores e pais de estudantes da rede pública, moradores das regiões, lideranças locais, organizações comunitárias e profissionais de saúde para o tema. A metodologia utilizada é a pesquisa-ação, voltada para o aprimoramento das práticas estudadas e resolução de problemas coletivos.

A pesquisa é coordenada pela presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, e surgiu como demanda do Gabinete de Coordenação das Ações da Fundação. Pesquisadores com formação em diferentes áreas de conhecimento e de diversos setores da Fiocruz fazem parte do projeto: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Museu da Vida, Fiocruz Brasília, Escola Nacional de Saúde Pública, Canal Saúde e Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina.

A pesquisadora Luciana Sepúlveda, da Fiocruz Brasília, explica que o trabalho visa construir um modelo de como fazer educação e mobilização no território para questão de controle de vetor, além da conscientização da população sobre os conhecimentos referentes a essas doenças e a práticas de prevenção. “É um modelo readaptável, transferível que se pauta na importância da educação para o controle e uma tomada de posição mais crítica dos agentes das comunidades com relação à sua saúde e na saúde e ambiente. Esperamos utilizar como recurso o potencial que o território traz”, afirmou.

O projeto está sendo desenvolvido em Manguinhos (zona norte do Rio de Janeiro), Gama (região administrativa do Distrito Federal), Maricá e Paraty (municípios do Rio de Janeiro).  A ideia é que os próprios moradores e a comunidade escolar de cada território possam levantar questões. De acordo com Maurício Monken, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, é um desafio que tem como objetivo dar voz ao território para que junto com a ciência e através da educação, da mobilização social e da popularização da ciência possam melhorar a vida no local e ter um controle efetivo das arboviroses.

Territórios

Os locais foram escolhidos pela situação de vulnerabilidade ambiental e econômica, considerando que as condições de habitação interferem na saúde dos moradores e favorecem a proliferação do Aedes aegypti. Cada região apresenta a sua característica. Manguinhos é um bairro da zona norte do Rio de Janeiro que abriga 14 favelas e mais de 36 mil habitantes. As comunidades sofrem com a falta de saneamento ambiental, como coleta e tratamento de esgoto, fornecimento de água encanada, limpeza das vias públicas e coleta de lixo e vive uma violência conflagrada.

“É um território exemplar para desenvolver uma inovação metodológica que aborde as ciências sociais e que possam também ser aplicados em outros territórios com características comuns. É um ótimo espaço para a gente fazer o trabalho que o projeto se propõe”, afirmou o pesquisador do Museu da Vida e integrante do projeto Alessandro Machado.

O Gama (cerca de 34 km de Brasília) é uma região com cerca de 150 mil habitantes, com áreas de alta vulnerabilidade social e baixa cobertura de saneamento. Apresenta áreas limítrofes entre o urbano e rural, com até 17% de fossa rudimentar como esgotamento sanitário e grande desigualdade no acesso a serviços e renda, apesar do alto Índice de Desenvolvimento Humano do DF. A Fiocruz Brasília já desenvolve trabalho em escolas públicas e no Instituto Federal.

O centro urbano de Paraty reúne indígenas, caiçaras e quilombolas que lutam pelo direito ao território com qualidade de vida. É uma área remanescente de Mata Atlântica mais bem preservada, que segundo o pesquisador Cristiano Lafetá, do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina, sofre muito assédio do capital especulativo e de unidades de conservação que são insensíveis às causas das comunidades.

Sertão nordestino

A pesquisa científica conta com a parceria de outro projeto aprovado no mesmo edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). É o Tecnologias sociais e educação ambiental para o controle vetorial de arboviroses: promovendo a saúde e a qualidade de vida no semiárido paraibano, da Universidade Estadual da Paraíba.

Este projeto pretende investigar as compreensões e práticas da relação saúde-doença no contexto da tríplice epidemia e proporcionar processos formativos inovadores que favoreçam a interrelação educação-saúde e o desenvolvimento de processos, técnicas e tecnologias que possam ser apropriados socialmente. Será desenvolvido em escolas públicas de municípios em situação de risco no Semiárido Nordestino. A falta de abastecimento regular de água no sertão nordestino obriga a população a estocar volumes complementares em tonéis, o que facilita a instalação dos criadouros. 

117 anos da Fiocruz

Esta notícia faz parte da série de textos organizada pela Comissão de Divulgação Científica da Fiocruz Brasília em comemoração aos 117 anos da Fiocruz. Clique abaixo para ler outras iniciativas da instituição no combate ao zika vírus e seu vetor: 


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