“Finalmente, quando superarmos esta crise, enfrentaremos uma escolha. Podemos voltar ao mundo como era antes ou lidar decisivamente com essas questões que nos tornam desnecessariamente vulneráveis a crises. Nosso roteiro é a Agenda 2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A recuperação da crise da Covid-19 deve levar a uma economia diferente. O que o mundo precisa agora é solidariedade. Com solidariedade, podemos derrotar o vírus e construir um mundo melhor”.
Com esta citação do Secretário Geral da ONU, António Guterres, o coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 e ex-presidente da Fundação, Paulo Gadelha, levantou o debate da Agenda 2030 sob a ótica da saúde, em uma mesa que ocorreu na sexta-feira (11/12), último dia da Feira de Soluções da Fiocruz.
Paulo Gadelha apresentou um breve relato sobre a Agenda 2030 e o que ela representa no referencial para a saúde, que é um fator essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável e um indicador do progresso da sua implementação. Segundo ele, todos os objetivos da Agenda 2030 estão integrados à saúde, como as questões do trabalho, da fome, da paz e da habitação, que traduzem o que chamamos de determinantes sociais da saúde. “A ONU reconhece que o indicador central, que estrutura o conjunto de indicadores, é a cobertura global para a saúde”, afirmou.
Para o ex-presidente da Fiocruz e diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fundação, Paulo Buss, é lamentável que o Brasil, em sua avaliação dos indicadores das metas dos primeiros cinco anos da Agenda 2030, tenha regredido tanto em termos de pobreza, desigualdade, meio ambiente e iniquidade; para agravar ainda mais, tivemos a explosão de uma pandemia, que amplificou as desigualdades do país. “A Agenda 2030 reafirma a importância da promoção da saúde, e se apresenta como saída para o enfretamento da pandemia. Essa é uma Agenda generosa que clama pela solidariedade”, frisou.
O coordenador das Ações de Prospecção da Fiocruz, Carlos Gadelha, aprofundou o debate sobre a relação do setor saúde com o desenvolvimento do país e os desafios colocados pela Agenda 2030. De acordo com Carlos, para implementar os Objetivos, é preciso reconhecer politicamente que as metas colocadas para o setor saúde requerem a organização de sistemas universais, em que o Estado tem papel fundamental. “O desenvolvimento não pode ser visto como um detalhe ou um complemento para pensar a saúde coletiva e os sistemas universais”, afirmou.
A mediação da mesa foi feita por Gulnar Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
Agenda 2030
A ONU coloca como sua principal Agenda a implementação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. Traçados após o fim do prazo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), em 2015, os ODS foram aprovados por todos os Estados-membros das Nações Unidas em sua Assembleia Geral e representam um esforço conjunto para lidar com os maiores desafios do mundo.