Acolhimento dos residentes reúne mais de 250 participantes em painel online sobre potenciais e desafios para fortalecer o SUS

Fernanda Marques 2 de março de 2021


Resistência, transformação, diversidade, participação, humanidade: esses foram temas recorrentes no Acolhimento dos Residentes da Escola de Governo Fiocruz (EGF) – Brasília, que teve início com a apresentação musical de Fabrícia Eges, cantora e tecladista com deficiência visual. Realizada na tarde desta segunda-feira (1/3), a atividade online conectou mais de 250 pessoas, entre residentes, docentes e convidados. “Escola é muito mais do que prédios e currículos. Escola é um espaço de encontros e reflexões, onde buscamos construir coletivamente propostas que tenham impacto positivo na vida das pessoas, e isso é especialmente relevante quando falamos de uma escola de formação para o SUS”, disse a diretora da EGF – Brasília, Luciana Sepúlveda, destacando que as vivências e experiências trazidas pelos discentes são fundamentais para essa formação.

 

“A potência dos nossos programas vem de uma grande rede em que todos se somam para afirmar a importância do SUS como ação pública”, completou a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, que lembrou a atuação dos residentes na Plataforma de Inteligência Cooperativa com a Atenção Primária à Saúde do DF, estratégia desenvolvida no contexto do enfretamento à pandemia de Covid-19. A EGF – Brasília conta, hoje, com um programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade, e outros quatro programas de Residência Multiprofissional: Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas; Saúde da Família com Ênfase em Saúde da População do Campo; Atenção Básica; e Gestão de Políticas Públicas para a Saúde.

 

“O residente defende o SUS na prática, trazendo cada vez mais ciência e humanização para os serviços”, disse a enfermeira Yara Ravacci Cabral, representante dos residentes. “O ano de 2020 nos trouxe muitos desafios e ainda temos muito o que construir”, afirmou a médica Patrícia dos Santos Massanaro, também representando os residentes.

 

A capacidade da Fiocruz de manter a qualidade da formação apesar dos tempos adversos foi destacada pelo coordenador de Atenção Primária à Saúde da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Fernando Erick Damasceno. “Uma educação que forma profissionais estrategicamente posicionados para qualificar os processos e fazer uma saúde que responda às necessidades da população, especialmente dos mais vulnerabilizados”, defendeu. A necessária ação coletiva para a melhoria dos serviços de saúde foi lembrada pelo diretor da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), Carlos Humberto Spezia, que também participou das boas-vindas aos residentes da EGF – Brasília neste primeiro semestre de 2021.

 

Potenciais e desafios

Para a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Machado, a residência é uma etapa de relevo na trajetória do profissional. “É um período intenso com todo o dinamismo da entrada no mundo do trabalho e da prática profissional. Uma fase de muitos aprendizados e desafios, quanto se tem contato com a força do nosso sistema de saúde e também com suas contradições. O residente precisa lidar com uma série de emoções, das alegrias às dúvidas quanto à sua vocação”, sintetizou. Nesse cenário, Cristiani destacou a importância dos valores do processo educativo, como reconhecer os limites, as lacunas e as incertezas do conhecimento; identificar os problemas contemporâneos que precisam ser enfrentados; compreender o outro; e respeitar a democracia.

 

Coordenadora adjunta das Residências em Saúde da Fiocruz, Adriana Coser apresentou uma pesquisa realizada com egressos de residências de diferentes unidades da Fiocruz. Entre os resultados, o levantamento mostrou que sete em cada dez participantes têm hoje uma atividade profissional muito relacionada ao curso que concluiu.

 

Segundo Grace Rosa, coordenadora geral dos Programas Integrados de Residência de Medicina de Família e Comunidade e Multiprofissional em Saúde da Família da Fundação Estatal Saúde da Família (FESF-SUS), da Bahia, o SUS atravessa um momento marcado por desafios políticos e fortes desigualdades. “Há muitas pessoas desprovidas de seus direitos que, muitas vezes, só encontram acolhimento nas unidades de saúde”, afirmou. “Nesse momento difícil, os residentes chegam trazendo energia para renovar as forças para nossas lutas. A residência é uma experiência transformadora para o profissional se reposicionar como sujeito político, como sujeito de transformação nos lugares que ele ocupa”, definiu. Discentes das residências da Bahia se juntaram aos do Distrito Federal nesta atividade online.

 

Palavra dos coordenadores

Armando Raggio, coordenador da Residência em Medicina de Família e Comunidade da EGF – Brasília, ressaltou como a atenção primária, ao contrário do que muitos imaginam, apresentam um elevado nível de complexidade. “Como diz Edgar Morin, a complexidade é o todo e o todo é mais do que a soma das partes. A atenção primária é o todo, onde está o profissional que faz o primeiro atendimento e tem a sensibilidade para perceber tudo ao mesmo tempo e fazer o devido encaminhamento”, resumiu. “Vocês estão em uma instituição que nunca se furtou a enfrentar os desafios. Neste momento difícil, vocês são chamados a também fazer parte desta história”, convocou André Guerrero, coordenador da Residência Multiprofissional em Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas. Os discentes também foram provocados por Osvaldo Bonetti, que representava o coordenador da Residência Multiprofissional em Saúde da Família com Ênfase em Saúde da População do Campo, André Fenner: “Que vocês tragam seus saberes para uma formação democrática que, além do fortalecimento profissional, tem uma forte dimensão humana”. João Paulo Brito, coordenador da Residência Multiprofissional em Gestão de Políticas Públicas para a Saúde, também desejou boas-vindas aos residentes da EGF – Brasília.

 

A Semana Pedagógica deste primeiro semestre de 2021 continua com atividades online nos dias 5, 8, 9 e 10 de março. Confira a programação:

 

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