31ª Reunião Anual de Iniciação Científica.
O nome pode parecer formal e, à primeira vista, indicar que se trata daquelas atividades institucionais bem rotineiras que poderiam ser substituídas por um e-mail. Mas quem passou pelos jardins da Fiocruz Brasília na última terça-feira, 6 de junho, viu uma troca de conhecimento ímpar. Em meio às árvores, flores e canteiros de plantas medicinais, foram expostos pôsteres contendo os resultados de um ano de trabalho de 21 adolescentes vinculados a programas de bolsa específicos para quem tem interesse em dar seus primeiros passos na vida acadêmica, no ensino médio (Programa de Vocação Científica – Provoc) e na faculdade (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – Pibic e Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – Pibiti).
O jovem Julio Cezar Silva de Azevedo, de 16 anos, passa as manhãs de sexta-feira na Assessoria de Comunicação da Fiocruz Brasília, onde tem produzido sob a orientação da coordenadora da Comissão de Divulgação Científica, Maria Fernanda Marques Fernandes, um projeto de jogo educativo em saúde. Segundo ele, apresentar temas de saúde de maneira lúdica possibilita que as pessoas possam aprender com mais facilidade. “Os jogos que estamos elaborando podem ser customizados pelas pessoas,” ressaltou.
Durante a abertura da atividade, a coordenadora do Pibic/Pibiti na Fiocruz Brasília, Erica Tatiane da Silva lembrou, com emoção, de sua primeira experiência acadêmica ainda como estudante de odontologia, como bolsista de iniciação científica na Universidade Federal de Goiás. Segundo ela, trabalhar hoje com os jovens dando seus primeiros passos na carreira acadêmica é não só importante como também rejuvenescedor. “Os alunos trazem novas ideias e um frescor para o nosso cotidiano na instituição,” ressaltou. A diretora da Escola de Governo Fiocruz-Brasília, Luciana Sepúlveda, ressaltou que a ciência precisa ir além dos estereótipos de cientista maluco, idoso, de jaleco branco e preso em um laboratório, mas se aproximar das pessoas, e essa atividade, aberta ao público e ao ar livre possibilita que o conhecimento científico seja apresentado pelos jovens em uma linguagem jovem. Concorda com ela a vice-diretora da Fiocruz Brasília, Denise Oliveira e Silva, que na sua juventude foi bolsista de iniciação científica na sede da Fiocruz, na capital carioca, e lembrou do início da instituição na capital federal com carinho. Ela alertou aos alunos que fujam da armadilha da competitividade entre cientistas, que a vida acadêmica pode trazer. “O bom cientista e o principal experimento tem base na simplicidade”, disse.
Dentre os alunos Pibic, a estudante do curso de biotecnologia da Universidade de Brasília (UnB), Débora Rezende, orientada por Flávia Elias, do Programa de Evidências para Políticas e Tecnologias em Saúde, representará a Fiocruz no 20º Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com uma pesquisa com população vulnerável. Segundo ela, participar do Pibic foi importante para sua carreira, ao compreender como o método de diálogo deliberativo possibilita entender como se inclui a população em processos de participação social para a construção de políticas públicas em saúde.
A coordenadora do Provoc, Tatiana Novais, credita o sucesso do evento ao apoio da direção e engajamento dos trabalhadores e alunos. “É gratificante ver o brilho nos olhos de nossos alunos, até mesmo os mais tímidos se esforçaram, treinaram sua apresentação e estão vendo o interesse das pessoas pelo que eles desenvolveram ao longo do ano, ressaltou.” Exemplo disso é a estudante Maria Clara Duarte Vieira, que venceu a timidez e apresentou seu trabalho mais de uma dezena de vezes ao longo da tarde, para diferentes grupos de visitantes. “O Provoc vale a pena pois aprendi várias coisas e fiz até um jogo de RPG sobre saúde mental! Nunca imaginei me interessar por isso e estou feliz que minha mãe pôde vir conhecer meu trabalho de perto,” conta a adolescente de 16 anos.
Para preparar os pôsteres, os jovens tiveram palestras específicas sobre esse formato de comunicação científica e contaram também com o apoio de seus orientadores. Os alunos do Provoc, Pibic e Pibiti são orientados por trabalhadores da Fiocruz das seguintes áreas: Assessoria de Comunicação; Assessoria Acadêmica; Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade; Núcleo de Educação e Humanidades em Saúde – Jacarandá; Direção; Programa de Direito Sanitário; Setor de Tecnologia da Informação; Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura; Programa de Residência em Atenção Básica; Programa de Evidências para Políticas e Tecnologias em Saúde e Universidade Aberta do SUS. A cada ano, a Fundação abre editais em que cada profissional que tenha escolaridade em nível de mestrado, no caso do Provoc, e doutorado, no caso do Pibic, podem submeter um projeto de pesquisa e indicar um aluno que o desenvolva. Os alunos recebem respectivamente, 300 e 700 reais de bolsa.
A capilaridade do Provoc, Pibic e Pibiti no Distrito Federal é uma marca desses programas e demonstra a atuação da Fiocruz Brasília no território. Os alunos participantes vivem em diferentes regiões administrativas, conforme mostra a figura ao lado.
Essa é a primeira Reunião Anual de Iniciação Científica após a pandemia. As anteriores foram realizadas online, ou apenas com entrega de relatórios devido à necessidade de distanciamento social. A bolsista da Assessoria de Comunicação Bárbara Nogueira Martins fez questão de participar, depois de quatro anos vinculada ao Programa. Com formatura em enfermagem na UnB prevista para o próximo mês, ela não renovará a bolsa Pibic, conforme as regras do programa. “É muito bacana apresentar em pôster, pois as pessoas podem tirar dúvidas específicas e a interação é maior que uma apresentação com horário marcado e em sala de aula ou auditório” comentou a jovem, que teve os resultados de pesquisa publicados em artigo científico na Revista Espanhola de Comunicação em Saúde, semana passada.
Clique aqui para acessar os pôsteres produzidos por jovens do Provoc, Pibiti e Pibic que refletem parte do trabalho de qualidade desenvolvido na Fiocruz Brasília. A galeria de fotos da 31a Reunião Anual de Iniciação Científica está disponível aqui.