Pesquisadora da Fiocruz Brasília e egressas da Escola de Governo Fiocruz-Brasília assinam um artigo, publicado na Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde (RESS) – número especial sobre os 20 anos da Visibilidade Trans no Brasil. As autoras mapearam as dificuldades de comunicação nos serviços de saúde para pessoas transexuais, propondo estratégias para aumentar a visibilidade desses ambulatórios e melhorar o acesso aos ambulatórios trans do SUS.
De acordo com o estudo, as pessoas transexuais e transgêneros fazem parte de um grupo diverso e vulnerável. Elas enfrentam sérios desafios, incluindo uma expectativa de vida média de 35 anos. Contribuem para esse cenário preocupante problemas de saúde mental, maior risco de contaminação pelo HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, além de estressores sociais, como violências e dificuldades de emprego e acesso à saúde. Esse contexto eleva a probabilidade de comportamentos suicidas.
Segundo as autoras, devido ao desconhecimento dos profissionais sobre transexualidade, as experiências negativas de pessoas trans nos serviços de saúde são frequentes e potencializadas pela comunicação difícil e pelas barreiras de aceitação. É evidente a relevância da oferta de atendimentos especializados que compreendam a necessidade de transformação corporal e o percurso transexualizador como processos de saúde e doença. Soma-se a isso a importância da qualificação de profissionais para atender às necessidades desses indivíduos nos serviços públicos de saúde.
A pesquisa identificou barreiras significativas na comunicação entre usuários e serviços de saúde, desde o desconhecimento dos ambulatórios como serviços gratuitos e especializados até os obstáculos de acesso, potencializados pelo estigma e pela discriminação.
“O desenvolvimento de estratégias de comunicação de maneira dialógica pode aumentar a visibilidade dos serviços dos ambulatórios trans. Faz parte dessa estratégia a integração de usuários e profissionais em práticas colaborativas, respeitando a identidade de gênero e promovendo o acesso mais equitativo aos serviços”, destacam as autoras.
Lançamento da Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde
As autoras do artigo, Aline Cavaca, pesquisadora da Fiocruz Brasília; Juliana Michelotti Fleck e Salete Saionara Santos Barbosa, egressas da Especialização em Comunicação em Saúde da Escola de Governo Fiocruz – Brasília, participaram do lançamento do número temático na última segunda-feira (27/01), em cerimônia no Ministério dos Direitos Humanos, que, na ocasião, anunciou a agenda de enfrentamento à violência contra pessoas LGBTQIA+.