Com o objetivo de mobilizar a sociedade para a importância da amamentação e doação de leite materno, o Ministério da Saúde em parceria com a Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH) e o Programa Iberoamericano de Bancos de Leite Humano lançaram, na última sexta-feira (18/5), a campanha nacional Doe Leite Materno, Ajude Quem Espera Por Você. A amamentação é o principal fator de redução da mortalidade na infância. A ação visa incentivar mães que amamentam a serem doadoras voluntárias, ampliando o estoque de leite materno coletado e distribuído aos recém-nascidos prematuros e de baixo peso. O anúncio foi feito durante o 5° Congresso Paulista de Bancos de Leite Humano realizado, em São Paulo (SP).
Para o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, a doação de leite materno é importante para garantir o alimento aos bebês que precisam desse alimento. “Precisamos parabenizar e continuar incentivando essas mães a doarem o leite materno para que outras possam ver seus filhos crescerem fortes e saudáveis. Tenho orgulho de sermos referência na estratégia de Bancos de Leite para outros países. É importante lembrar que doações de leite salvam vidas, qualquer quantidade é importante para bebês prematuros e de baixo peso”, destacou o ministro.
O lançamento da campanha celebra o Dia Mundial de Doação de Leite Humano, comemorado em 19 de maio. A atriz Sheron Menezzes é madrinha da campanha e também doadora no Banco de Leite do Rio de Janeiro. “É um orgulho estar aqui hoje ajudando a divulgar essa causa nobre. Precisamos falar de doação de leite materno, divulgar e incentivar outras mães, divulgar entre a família, amigos e redes sociais. As pessoas desconhecem que podem salvar vidas com qualquer quantidade do leite materno. Muitos recém-nascidos de baixo peso não podem se alimentar no seio da mãe e precisam da doação para se desenvolverem. Me coloco no lugar dessas mães, porque quando precisei fui socorrida, e hoje peço para todas as mães que amamentam se conscientizarem e doarem seu leite”, reforçou Sheron Menezzes.
A campanha reforça a necessidade de doação de leite para bebês prematuros e de baixo peso e enfatiza que qualquer quantidade do alimento é importante para esses bebês, pois, dependendo do peso do prematuro, 1 ml de leite materno já é suficiente para nutri-lo cada vez que for alimentado. Portanto, toda quantidade doada aos Bancos de Leite é de grande valor.
Os Bancos de Leite Humano (BLHs) são casas de apoio à amamentação que surgiram como uma estratégia de qualificação da assistência neonatal em termos de segurança alimentar e nutricional, com foco em ações que ajudam a reduzir a mortalidade infantil em instituições hospitalares. O trabalho é voltado a bebês prematuros que demandam cuidados especiais em unidades neonatais. Com o leite materno o bebê fica protegido de infecções e diarreias, além de contribuir para um melhor desenvolvimento, diminuindo o tempo médio de internação.
A estratégia de Bancos de Leite Humano do Brasil, desenvolvida há 32 anos pelo Ministério da Saúde, já beneficiou, entre 2009 e 2017, cerca de dois milhões de recém-nascidos. Também contou com o apoio de mais de 1,5 milhão de mulheres doadoras e aproximadamente, 1,6 milhão de litros coletados. Em 2017, o volume de leite materno coletado em todo país foi de 212 mil litros. Ao todo, 198 mil bebês prematuros foram beneficiados nesse período com a doação de leite materno de 183 mil mulheres.
Leite materno
O Brasil possui a maior e mais complexa rede de banco de leite do mundo. Atualmente existem no país 219 bancos, em todos os estados e no Distrito Federal, e 196 Postos de Coleta, além de coleta domiciliar. O modelo brasileiro é focado na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade e continuidade da amamentação por dois anos ou mais. Além de coletar e distribuir leite materno de qualidade a bebês prematuros, contribuindo para a diminuição da mortalidade infantil. Para localizar um Banco de Leite Humano, acesse a página de doação de leite materno, no site do Ministério da Saúde.
Todo leite coletado nos bancos passa por um rigoroso controle de qualidade, antes de ser distribuído, e é fornecido de acordo com as necessidades de cada criança. No Brasil, nascem aproximadamente três milhões de bebês por ano, sendo que aproximadamente 330 mil são prematuros ou vêm ao mundo com baixo peso (menor de 2,5kg). Muitas dessas crianças precisam permanecer internadas assim que nascem até terem condições de ir para casa. Esses bebês têm melhores chances de sobrevivência e recuperação, se a alimentação com leite materno for ofertada.
Apesar das mobilizações já realizadas, o número de doações de leite ainda é baixo em relação à demanda. Hoje, a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano consegue suprir aproximadamente 60% da demanda para os recém-nascidos prematuros e de baixo peso internados nas UTI Neonatais do Brasil. Isso significa que cerca de 40% dos bebês internados que precisam não podem contar com o leite humano na sua alimentação. Por isso, o Ministério da Saúde, em parceria com a Rede Global de Bancos de Leite Humano, realiza todos os anos uma campanha para estimular que amamentam a adotar a prática.
A amamentação é a forma de proteção mais econômica e eficaz para redução da mortalidade infantil, pois permite grande impacto na saúde da criança, diminuindo a ocorrência de diarreias e infecções, principais causas de morte de recém-nascidos, ao mesmo tempo em que traz inúmeros benefícios à saúde da mulher, como a redução das chances de desenvolver câncer de mama e de útero. Estima-se que o aleitamento materno seja capaz de diminuir em até 13% a morte de crianças menores de cinco anos em todo o mundo por causas preveníveis. Nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes de crianças nessa faixa etária.
Cooperação
O modelo do Banco de Leite Humano brasileiro é referência para aproximadamente 40 países, sendo que 23 deles realizam cooperação internacional com o Brasil e utilizam o modelo brasileiro. A cooperação tem como objetivo formar multiplicadores para viabilizar a transferência da tecnologia dos Bancos de Leite Humano do Brasil a outros países. Desde 2005, o País exporta as técnicas de baixo custo para implantar bancos de leite humano para países da América Latina, Península Ibérica e África.
A cooperação internacional começou nos anos 80, quando os bancos de leite humano passaram a constituir uma Política de Saúde Pública no Brasil – país que lidera o movimento internacional em prol da amamentação e da doação de leite humano, por meio da Agência de Brasileira de Cooperação (ABC) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Desde então, os resultados positivos para o aprimoramento da atenção à gestante e a recém-nascidos internados em unidades neonatais – e a redução da mortalidade infantil no país – chamaram atenção da comunidade internacional para a estratégia nutricional praticada pelo Brasil.
Doe leite
Todo leite materno coletado nos bancos passa por um rigoroso controle de qualidade, antes de ser distribuído, e é fornecido de acordo com as necessidades de cada criança. Toda mulher que amamenta é uma possível doadora, basta estar saudável e não tomar nenhum medicamento que interfira na amamentação. Por isso, quem estiver amamentado e quiser doar, basta procurar o banco de leite materno mais próximo ou ligar para o Disque Saúde, no número 136.
Não existe quantidade mínima para fazer a doação. Antes da coleta, é aconselhável que a doadora faça uma higiene pessoal, cobrindo os cabelos com lenço ou touca, usando pano ou máscara sobre o nariz e a boca, lavando bem as mãos e os braços, até o cotovelo, com bastante água e sabão. As mamas devem ser lavadas apenas com água e, em seguida, secadas com toalha limpa. O leite deve ser coletado em local limpo e tranquilo. Para mais informações, acesse site do Ministério da Saúde.