O Colaboratório Nacional Pop Rua, projeto do Núcleo de Populações em Situações de Vulnerabilidade e Saúde Mental na Atenção Básica (Nupop) da Fiocruz Brasília, será expandido para mais dez cidades, abrangendo as cinco regiões do país. O anúncio foi feito na última quinta-feira (11), durante o Encontro Nacional do projeto, que já atua em São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador, e chegará às cidades de Manaus, Belém, Fortaleza, Natal, Recife, Maceió, Belo Horizonte, Porto Alegre, Florianópolis e Itajaí.
“Estaremos em mais lugares, apoiando e acompanhando as políticas públicas, qualificando serviços e pessoas que atuam e representam a população em situação de rua. Temos compromisso com o SUS, a garantia de direitos, as políticas públicas e a proteção social, então para nós sempre foi central a ideia de que queríamos interferir no território”, destacou Marcelo Pedra, psicólogo sanitarista e um dos coordenadores do Nupop, ao falar sobre o surgimento do nome do Colaboratório. “O objetivo é colaborar, articular e qualificar, não só observar”, completou.
Lançada em 26 de maio de 2023, a iniciativa acompanha de perto as políticas públicas específicas para as pessoas com trajetória de rua e as qualifica com o objetivo de fortalecer o controle social, e fomentar estratégias de qualificação dos serviços e equipes que atendem essas pessoas.
O pesquisador apresentou os resultados do projeto nos estados de SP, RJ, PR e BA, e no DF. Em quase dois anos de existência, o projeto já realizou mais de 150 ações com o SUS, SUAS, órgãos de garantias de direitos (como o Ministério Público, Conselho Tutelar e Defensoria Pública), de formação e incidência política. Ao todo, quase 4 mil pessoas participaram dessas atividades em um dos cinco polos. Cerca de 500 pessoas já foram qualificadas com as oficinas de formação em mais de 50 instituições do Distrito Federal, Curitiba, São Paulo, Salvador, Goiânia, Campo Grande e Rio de Janeiro que atuam com a população em situação de rua.
Além dos polos descentralizados, o Colaboratório é dividido em mais três grandes instâncias: colegiado gestor, com representantes de movimentos sociais, da Fiocruz e da frente parlamentar; Escola Nacional da População em Situação de Rua, que realiza oficinas itinerantes para formação de quadro político; e o grupo de pesquisa que realiza mapeamento de pesquisadores, grupos e projetos sobre a temática.
A diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, também se mostrou animada com a expansão do projeto e traçou o histórico da atuação da unidade com a população em situação de rua, trabalho que teve início em 2015. “Na época, tivemos um olhar específico para as equipes de consultório na rua, mas a prática foi um fio que sempre norteou o nosso trabalho. Como construímos uma prática que seja efetiva no território? Foi a partir daí que começamos a construir o nosso trabalho, tecendo uma grande rede intersetorial com os movimentos sociais como protagonistas”, contou ao lembrar da importância da continuidade do trabalho para a construção de uma vida coletiva mais justa, digna e com suporte e acesso a todas as pessoas. “Que a gente faça com que o futuro seja de permanência para todas as pessoas, com menos desigualdade, mais equidade, justiça, força e condição de vida para todas as pessoas, em especial a população em situação de rua”, completou.
A representante da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública Ana Luiza Vilela Viana Bandeira, falou sobre a responsabilidade de gestores de desfazer as barreiras criadas pelas políticas públicas. “Nesses espaços são essas oportunidades que temos de, junto com a Fiocruz, chegar nos territórios, ouvir as pessoas e fazer com que as políticas públicas cheguem a todos para termos uma realidade diferente”, afirmou. Participaram também do encontro a representante do Movimento Nacional de População de Rua (MNPSR), Rosangela Cândido e a assessora e representante da deputada federal Érika Hilton, Tarsila do Anjos.
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