A Comunidade de Práticas APS e População em Situação de Rua no Contexto da Covid-19 (ComPAPS) realizará seu terceiro encontro nacional na próxima quarta-feira, 25 de maio, das 16h30 às 18h30. Em formato virtual, por meio da plataforma Zoom, e aberto a todos os interessados, o evento marca o encerramento do projeto, fruto de uma parceria entre a Fiocruz e o Conasems, com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Fundação Rockefeller. Haverá apresentação dos principais resultados da Comunidade e também um balanço das atividades a partir de depoimentos de participantes. 

Uma Comunidade de Práticas está relacionada à aprendizagem em grupos sociais, nos quais as pessoas se engajam e assumem compromissos com base em um interesse compartilhado. No caso da ComPAPS, o objetivo foi envolver técnicos, gestores e pesquisadores das áreas da saúde e da assistência social que atuam com populações em situação de rua, e conhecer as estratégias desenvolvidas na pandemia de Covid-19, de modo a sistematizar reflexões sobre o tema, multiplicando boas práticas. “O projeto, desenvolvido em apenas oito meses, buscou implementar Comunidades de Práticas em todos os estados brasileiros, fomentando a colaboração e o intercâmbio de conhecimentos, identificando, adaptando e disseminando as melhores práticas de Atenção Primária à Saúde com populações em situação de rua”, reforça Márcia Muchagata, especialista em políticas públicas e gestão governamental da Fiocruz Brasília e uma das coordenadoras do projeto.

Na abertura do 3º Encontro Nacional, haverá falas de Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília; Mauro Junqueira, secretário executivo do Conasems; e Vanilson Torres, representante do Movimento Nacional da População de Rua.

Na sequência, moderadores e participantes de diferentes estados, como Rio Grande do Norte, Goiás, Rio de Janeiro, Tocantins e Paraná, compartilharão algumas de suas experiências no cuidado com as populações em situação de rua e na construção da Comunidade de Práticas. 

O encontro contará, ainda, com intervenções de Márcia Rocha, do BID; Emília Herrera, da Fundação Rockefeller; Francisco Campos, da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS); e Valcler Rangel, coordenador do IdeiaSUS. Ao final, haverá debate.

Diferenciais e resultados do projeto

A ComPAPS se organizou em Núcleos Estaduais, com facilitadores em todas as unidades federadas do país. “Técnicos do Conasems e da Fiocruz, em cada estado, receberam formação não só para mediar encontros on-line, como sobre planejamento, mapeamento de atores, preparação do ambiente remoto, organização de roteiros para as reuniões, métodos de seleção de problemas e construção de soluções, e documentação desse processo”, explica Márcia. “As Comunidades de Práticas estaduais procuraram reunir gestores e profissionais da Atenção Primária à Saúde, principalmente das equipes de Consultório na Rua, além de técnicos e gestores da assistência social, e de outras instituições que atuam junto às populações em situação de rua, tendo contado, inclusive, com a participação de representantes do Movimento Nacional da População de Rua”, acrescenta.

Em dezembro do ano passado, a Compaps passou a integrar a plataforma IdeiaSUS, onde parte do trabalho desenvolvido pelos grupos pode ser encontrado. “Essa plataforma segue como legado do projeto, para acesso de todos os interessados que queiram conhecer esses materiais e para que as Comunidades prossigam no intercâmbio, mesmo após o final do projeto”, adianta Márcia. “A maioria das Comunidades estaduais pretende continuar a existir. Seu potencial em gerar massa crítica, promover intercâmbios produtivos e implementar soluções ágeis ficou comprovado pelo projeto”, sublinha.

No total, foram estabelecidas 24 Comunidades de Práticas estaduais, com tamanhos entre 8 e 30 membros. Conforme levantamento realizado juntos aos participantes, mais de 75% afirmaram ter adaptado ou modificado suas estratégias ou práticas de trabalho como efeito da Comunidade; e 85% acreditam que seu trabalho está mais articulado após o projeto. “Cada Comunidade se reuniu, pelo menos, seis vezes durante o projeto, cada uma seguindo caminhos próprios, considerando sua composição, os contextos locais e o momento da pandemia em cada estado”, conta Márcia.

Entre os problemas selecionados para discussão nas Comunidades, estão a incompletude do ciclo vacinal, a impossibilidade de acesso às medidas sanitárias protetivas, a ausência de estratégias para atendimento durante a pandemia, a descontinuidade de serviços e a fragilidade da intersetorialidade, entre outras questões que se agravaram diante do aumento das populações em situação de rua. E as Comunidades funcionaram também como espaços de construção de soluções, como campanhas de vacinação, melhoria dos registros e organização dos fluxos de atendimento. Para a formulação de soluções, os participantes tiveram o auxílio de especialistas, que ajudaram a compreender as dinâmicas e a avaliar as iniciativas propostas. Mais de 30 boas práticas foram sistematizadas. O trabalho prossegue agora com a ampliação das ações de divulgação dessas práticas e com outras ações de comunicação, como podcasts, vídeo e publicações.

Confira a programação do 3º Encontro Nacional da ComPAPS e participe pelo Zoom: bit.ly/compaps3

16h30 – Abertura

Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília

Mauro Junqueira, secretário executivo do Conasems

Vanilson Torres, representante do Movimento Nacional da População de Rua

Apresentação dos resultados do projeto

Márcia Muchagata, coordenação da ComPAPS

17h – Depoimentos 

José Sueldo de Queiroz, Conasems, moderador da Comunidade de Práticas do Rio Grande do Norte

Aline da Mata de Jesus, Consultório na Rua de Rio Verde, participante da Comunidade de Práticas de Goiás 

Mirna Teixeira, Fiocruz, moderadora da Comunidade de Práticas do Rio de Janeiro 

Alexandre Trino, professor de Saúde Coletiva da UFRJ, mentoria da ComPAPS

Maísa Carvalho Moreira, Consultório na Rua de Palmas, participante da Comunidade de Práticas do Tocantins 

Daiane da Silva de Farias, SMS de Pinhais, participante da Comunidade de Práticas do Paraná

Comentários

Márcia Rocha, BID

Emília Herrera, Fundação Rockefeller

Francisco Campos, UNA-SUS

Valcler Rangel, coordenador do IdeiaSUS

18h – Debate

18h30 – Encerramento

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