Diálogo sobre saúde e territorialização promove reflexão sobre cuidado coletivo 

Fiocruz Brasília 31 de dezembro de 2024


Juliana Chagas e Renata Martins / PSAT

 

Os debates sobre saúde, desigualdades sociais e o papel das comunidades no cuidado integral ganharam destaque no seminário Territórios Saudáveis, Sustentáveis e Solidários: Espaço de Ressignificação do Cuidado. O evento foi a primeira atividade do Grupo de Pesquisa em Saúde, Ambiente, Trabalho e Participação Social, do Programa de Promoção da Saúde, Ambiente e Trabalho (PSAT) da Fiocruz Brasília.  

 

Especialistas, pesquisadores e representantes da sociedade civil se reuniram entre os dias 16 e 17 de dezembro, na Fiocruz Brasília, para debater como os territórios podem ser espaços de transformação social e saúde. O evento, que também foi transmitido ao vivo pela plataforma Teams, enfatizou a importância de ouvir as comunidades e valorizar suas experiências no planejamento de políticas públicas. 

 

Principais discussões 

Reflexões e experiências foram compartilhadas, destacando a territorialização como estratégia essencial para conectar políticas públicas às realidades locais. A prática de ouvir, pactuar e planejar em conjunto com os moradores foi apontada como indispensável para que ações de saúde sejam efetivas e representativas. 

 

O pesquisador da Fiocruz Brasília e coordenador do PSAT, Jorge Machado destacou que o cuidado é uma prática coletiva, interdisciplinar e essencial para a reprodução social. “O cuidado também significa atenção ao ambiente e à organização da vida cotidiana. Precisamos reconhecer que a informação é um campo de disputa nos territórios, tanto para políticas públicas quanto para fortalecer circularidades locais”, enfatizou. 

 

Mauricio Monken, geógrafo e pesquisador da Fiocruz, abordou a necessidade de participação popular na formulação e implementação de políticas públicas. Monken ressaltou que “a solidariedade dos povos periféricos nos mostra que, sem o outro, não há o dia de amanhã”.  O pesquisador lembrou que “o território sustentável e saudável surge dessa auto-organização que desafia a lógica competitiva”.

 

A importância de manter parcerias duradouras com as comunidades foi destacada pelo professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Raul Borges. “Não podemos mais extrair informações das comunidades sem um compromisso de continuidade. A realidade deve ser nosso ponto de partida e de chegada”, argumentou. 

 

Desafios 

Francyslane Vitória da Silva, enfermeira e integrante do PSAT, ressaltou a importância de ampliar as vozes do território, especialmente em espaços acadêmicos. “Quando uma pessoa branca fala, é escutada de forma diferente. Precisamos validar a presença das pessoas no território para que tragam suas vivências”, afirmou. 

 

Já Mauricéa Santos, enfermeira e pesquisadora, alertou para a falta de continuidade nos projetos após a saída dos profissionais dos territórios. Ela defendeu uma abordagem mais prática e concreta na promoção da saúde: “O olhar para o território não pode se limitar a identificar doenças, mas sim reconhecer a potência e a solidariedade que movem aquele lugar.” 

 

Práticas integrativas e ciência 

André Fenner, pesquisador e coordenador do PSAT, mediou o debate sobre práticas integrativas e o papel da ciência na transformação social. Geize Rezende, Ana Paula Andrade e Yasmin Cruz, alunas do Mestrado Profissional em Políticas Públicas em Saúde da Fiocruz Brasília, apresentaram abordagens terapêuticas voltadas para o cuidado 

 

Arquimedes Paiva, do CNPq, encerrou as atividades com orientações sobre o uso da Plataforma Lattes, destacando como essa ferramenta pode fortalecer a integração entre pesquisa e ensino.  

 

O seminário reforçou a necessidade de integrar ciência, educação e comunidades na construção de territórios mais justos e solidários. O grupo de pesquisa continuará utilizando os aprendizados para avançar em projetos e iniciativas voltadas à promoção da saúde.