Evento destaca a atuação das mulheres no enfrentamento à Covid-19

Fernanda Marques 12 de fevereiro de 2021


No laboratório, no diagnóstico, na assistência, na pesquisa clínica, na gestão, na produção de vacina, na educação, na atenção à saúde mental e em tantas outras áreas: mulheres têm se destacado no enfrentamento à Covid-19. Nesta quinta-feira (11/2), Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, sete pesquisadoras da Fiocruz participaram de um debate online sobre a importância da atuação feminina durante a pandemia, e compartilharam suas trajetórias de dedicação à ciência e compromisso social. “Sete que representam inúmeras outras, incansáveis em várias frentes de atuação”, disse a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio. “Tenho orgulho de ser mulher na Fiocruz, uma instituição que valoriza a diversidade e faz a ciência ser realidade para as mulheres”, acrescentou. 

 

Fabiana compartilhou suas experiências, principalmente no campo da educação. “Desde o início da pandemia, buscamos nos organizar para dar suporte à população e, em especial, aos trabalhadores do SUS”, destacou. Secretária executiva da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), Fabiana lembrou que, na epidemia de zika, a elaboração de cursos voltados aos trabalhadores da saúde foi rápida: em 60 dias, chegando a 45 mil profissionais. Mas, na pandemia de Covid-19, o processo foi ainda mais intenso: em 15 dias, atingindo 400 mil alunos.

 

Outro destaque foi o Curso Nacional de Atenção Psicossocial e Saúde Mental na Pandemia Covid-19, realizado pela Escola de Governo Fiocruz – Brasília. Com o objetivo de capacitar os trabalhadores para lidarem com as consequências psicológicas da Covid-19 durante e após a pandemia, o Curso contou com uma rede de doutorandos e pós-doutorandos, a maioria mulheres, que se debruçaram sobre a literatura científica disponível mais atualizada e produziram uma série de 20 cartilhas com recomendações em diversas temáticas, do luto ao atendimento online. Além das cartilhas, lives e um ambiente virtual interativo faziam parte da proposta do Curso, que atingiu quase 70 mil inscritos.

 

Além de Fabiana, participaram do debate Marilda Siqueira (Instituto Oswaldo Cruz – IOC), Valdiléa Veloso (Instituto Nacional de Infectologia – INI), Margareth Portela (Escola Nacional de Saúde Pública – Ensp), Rosane Cuber Guimarães (Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos – Bio-Manguinhos) e Margareth Dalcolmo (Ensp – Centro de Referência Hélio Fraga), com mediação da vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC), Cristiani Vieira Machado.

 

Marilda comentou seu trabalho à frente do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo, nomeado Laboratório de Referência da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Covid-19 nas Américas. Ela contou como a equipe se preparou para detectar precocemente a introdução do novo coronavírus no Brasil e, também, a oferta de treinamentos para outras equipes nacionais e internacionais. Destacou, ainda, a importância da continuidade do trabalho e do investimento em pesquisa, inclusive para que se possa conhecer melhor as variantes do vírus e seus impactos.

 

Diretora do INI, Valdilea falou do desafio inicial no manejo de pacientes com uma doença desconhecida, da construção do novo Centro Hospitalar e das pesquisas clínicas que possibilitam compreender as manifestações da Covid-19 em nosso país, entre outras. Já Margareth Portela apresentou um pouco do trabalho do Observatório Covid-19, que monitora óbitos, síndromes respiratórias agudas graves, disponibilidade de leitos, estrutura e utilização dos serviços, entre outros dados.

 

Rosane fez uma síntese de toda a atuação de Bio-Manguinhos desde o início da pandemia, começando com o suprimento de kits para diagnóstico, passando pela prospecção tecnológica de vacinas e chegando, hoje, à formulação das primeiras doses a partir do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) enviado pela AstraZeneca. “A previsão é que tenhamos a produção do IFA nacional até o final do ano”, disse.

 

Por fim, Margareth Dalcolmo, médica pneumologista, compartilhou suas vivências de estudo e atuação nas linhas de cuidado a pacientes com Covid-19. “Tem sido uma curva de aprendizado ascendente e constante. Uma busca no PubMed hoje já resulta em mais de 100 mil artigos sobre o tema. Há muito o que ler, estudar e publicar. Nunca pensei que viveria esse tsunami científico”, definiu a pesquisadora, que também tem desempenhado um papel de relevo na divulgação de informações sobre Covid-19 de forma acessível para a população, por meio de lives e entrevistas na imprensa.

 

Clique aqui para assistir à gravação do debate

 

Este é o terceiro ano em que a Fiocruz promove uma programação especial para celebrar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. As atividades começaram na quarta (10/2), quando as unidades regionais da Fiocruz apresentaram os resultados de seus projetos selecionados no edital Mais Meninas na Ciência, de 2020. A jornalista e pesquisadora Mariella de Oliveira-Costa, da Fiocruz Brasília, relembrou o evento que, em fevereiro do ano passado, abriu as portas da instituição para mais de 200 meninas de escolas públicas do DF: elas conversaram com pesquisadoras, conheceram as trajetórias e os trabalhos das cientistas, e participaram de oficinas.

 

A programação continua nesta sexta (12/2), a partir das 10h. Confira!