Fiocruz Brasília debate as potencialidades das mulheres negras

Fernando Pinto 23 de julho de 2024


O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha surgiu em 1992 com o movimento do 1° Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas em Santo Domingo, realizado na República Dominicana, com o objetivo de denunciar o racismo e o machismo. No Brasil, também se celebra a vida de Tereza de Benguela, a mulher escravizada, líder quilombola, que virou rainha no século 18 do Quilombo Quariterê, no atual estado do Mato Grosso. A partir desse encontro, nasceu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas. A Rede, junto à Organização das Nações Unidas (ONU) lutou para o reconhecimento da celebração no dia 25 de julho.


Em alusão à data, a Fiocruz Brasília vai promover, no dia 24 de julho, uma roda de conversa com a temática: “Mulheres negras e suas potencialidades”. O encontro acontecerá de forma presencial, das 14h30 às 17h, no auditório interno da unidade.


A roda de conversa contará com a presença das convidadas, Cristiane Sobral (foto à direita), coordenadora de Políticas Culturais e Territórios Educativos do Ministério da Cultura, mãe, atriz, professora, escritora, dramaturga e pesquisadora no âmbito de estudos interdisciplinares das relações entre literatura, teatro, feminismo negro, estudos de gênero e decolonialidade; e da arte educadora e ativista negra Lydia Garcia (foto à esquerda), primeira docente negra do ensino de música nomeada em concurso público da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. Formada aos 16 anos no Conservatório Brasileiro de Música, como pianista clássica, veio para Brasília em 1960, acompanhando o artista plástico Willy Mello, seu companheiro, que foi aprovado no concurso para a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e trabalhou com Oscar Niemeyer na construção de Brasília. A mediação será realizada pela vice-diretora da Fiocruz Brasília, Denise de Oliveira e Silva.

 

O evento, sem inscrição prévia, é aberto a toda comunidade Fiocruz e aos interessados na temática.


                                                                                                   Saiba mais

O 25 de julho não é apenas uma data de celebração, é uma data em que as mulheres negras e de comunidades tradicionais refletem e fortalecem as organizações voltadas às mulheres negras e suas diversas lutas. No Brasil, em 2 de junho de 2014, foi instituído por meio da Lei nº 12.987, o dia 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, homenageando uma das principais mulheres, símbolo de resistência e importantíssima liderança na luta contra a escravização.

 

A população negra no Brasil corresponde a maioria, mais precisamente 54%, segundo o IBGE. De acordo com a Associação de Mujeres Afro, na América Latina e no Caribe, 200 milhões de pessoas se identificam como afrodescendentes. Porém, tanto no Brasil quanto fora dele, essa parcela populacional também é a que mais sofre com a pobreza: três em cada quatro são pessoas negras, ainda segundo o IBGE.

 

Os dados sobre violência e desigualdade, de acordo com o Mapa da Violência, demonstram essa e outras realidades que atingem massivamente a população negra (com destaque à condição da mulher negra) – com informações da Fundação Cultural Palmares.