A Fiocruz celebrou na última sexta-feira, 11 de fevereiro, o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, e para comemorar a passagem, a Fundação preparou uma série de atividades virtuais envolvendo suas unidades. Dentre elas, a Fiocruz Brasília realizou uma roda de conversa on-line em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), em que meninas e mulheres puderam compartilhar suas trajetórias no campo acadêmico e nas carreiras científicas e tecnológicas.
A data foi instituída em 2015 pela Assembleia das Nações Unidas e passou a integrar o calendário de eventos da Fiocruz em 2019. Sob a liderança da Unesco e da ONU Mulheres, o evento acontece em diversos países e reforça a importância da participação feminina na pesquisa e na educação.
A diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, iniciou o evento lembrando o protagonismo que a celebração dessa data vem ganhando nos últimos anos dentro da Fiocruz. Em sua fala ela recordou a história da pesquisadora Berta Lutz, uma ativista feminista, bióloga, educadora, diplomata, política brasileira e a segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro. Berta é conhecida como a maior líder na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras e é a homenageada deste ano nas atividades que a Fundação está promovendo em alusão à data.
Para Damásio, o dia 11 de fevereiro precisa ser mais que um dia de comemoração, é necessário reconhecer esse dia como um movimento e afirmação da potência feminina presente no Brasil e no mundo. “Hoje é um dia de afirmar a luta de todas que nos antecederam, precisamos ter o reconhecimento que todos os espaços são possíveis e precisamos seguir fazendo da equidade uma realidade”, afirmou.
Já a representante da Universidade de Brasília Maria Emília Machado Telles, destacou a importância da Universidade apoiar o projeto do Mais Meninas, em especial no momento de celebração de 60 anos de fundação da UnB. Para a decana de Pesquisa e Inovação, a data marca a necessidade de ações para promover a igualdade de direitos entre homens e mulheres, em especial no campo acadêmico e da ciência.
A ciência como caminho de futuro para meninas e mulheres
Com foco na promoção de mais acesso e oportunidade de carreiras no campo da ciência e de todas as áreas do conhecimento, jovens estudantes e pesquisadoras promoveram uma roda de conversa a fim de inspirar e estimular que cada vez mais mulheres tenham acesso a essas carreiras. O bate papo foi conduzido pela pesquisadora e jornalista da Fiocruz Brasília, Fernanda Marques e contou com a participação das estudantes do ensino médio Anna Beatriz Borges Andrade e Sarah Lins dos Santos, vencedoras do Concurso de Ilustrações e Relatos “A Ciência da Vida: Minha Vida é na Ciência”, realizado durante a 1ª edição do Mais Meninas, em 2020. E ainda com a participação de Ana Luiza Matos, estudante de medicina e bolsista de iniciação científica da Fiocruz Brasília e de Deborah Valadares, doutoranda em Química pela UnB.
Para Anna Beatriz Borges, o primeiro passo para se tornar uma cientista é despertar dentro de si a curiosidade. “Não adianta você ter um laboratório todo equipado se você não tem a vontade de saber como as coisas funcionam”, refletiu. Anna Beatriz lembrou ainda que o seu desejo de ser cientista vem desde a sua infância. Para ela, mulheres devem cada vez mais ocupar lugares de destaque na ciência e revelou ainda que pretende seguir carreira na área das Ciências Biológicas. Já a estudante Sarah Lins, revelou sua paixão pela área criminal, fã de séries e literaturas investigativas, ela pretende seguir carreira na área da Química e disse que se sente cada vez mais motivada na escola pelos seus professores e nas histórias das cientistas mulheres, que muitas vezes ficaram em segundo plano.
A estudante de medicina Ana Luiza, destacou que a mãe é uma de suas grandes inspirações profissionais e por muito tempo deixou o sonho da carreira de lado para se dedicar à família. Depois de quatro décadas, resolveu cursar psicologia. “Hoje minha mãe é formada e uma super profissional”, revelou com muito orgulho. Sobre sua carreira na medicina, Ana disse que não consegue imaginar seu futuro na área sem estar dissociado à parte científica. “Quero ser uma médica atualizada e que toma todas as decisões baseadas em evidências científicas, para promover um atendimento cada vez mais humanizado”, afirmou.
Da Astronomia para Química, assim foi o salto na trajetória acadêmica da doutoranda em Química, Deborah Valadares. Ela lembrou que desde a sua infância sempre foi incentivada pelo hábito da leitura, e foi folheando os livros de geografia do pai que descobriu a paixão pela Astronomia, que mais tarde no Ensino Médio foi trocada pela Química. Deborah ingressou na UnB para cursar o bacharelado em Química e já emendou na licenciatura e no mestrado na mesma área, e hoje se dedica aos estudos de produção de biocombustíveis e materiais que respeitam a produção da química verde. A doutoranda destacou também a importância de se criar uma rede de apoio durante a trajetória acadêmica, e da necessidade da manutenção das políticas públicas de incentivo para ciência, tecnologia e inovação. “A gente tem muito o que lutar e se lutarmos juntas vamos conquistar cada vez mais espaços”, finalizou.
Essa foi a primeira de várias atividades que a Fiocruz Brasília promoverá ao longo de 2022 para celebrar as meninas e mulheres na ciência. Já estão previstas oficinas on-line e presenciais, além de um novo concurso, que será divulgado em breve.
Até 8 de março, quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher, a Fiocruz realizará várias ações dedicadas às Mulheres e Meninas na Ciência. A programação completa, bem como todas as informações referentes à data são disponibilizadas na área do Mulheres e Meninas na Ciência do Portal Fiocruz.
Veja no link abaixo como foi o evento
https://www.youtube.com/watch?v=g0HN9tspdis