A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sob a coordenação da Fiocruz Bahia, tem empreendido esforços para o atendimento e cuidado às famílias atingidas pelas enchentes naquele estado. A Fiocruz Brasília integrou as ações emergenciais, por meio do Núcleo de Saúde Mental e Atenção Psicossocial em Emergências e Desastres. Uma equipe da unidade, formada por psicólogos e psiquiatras estiveram em campo juntamente com outros profissionais do EpiSUS, Vigidesastres, Força Nacional do SUS, Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, Defesa Civil municipal e estadual, Secretaria Especial de Saúde Indígena, Conselhos Federal e Regional de Psicologia, e Redes de Atenção Psicossocial, Atenção Básica e Assistência Social dos municípios, entre outros órgãos e instituições.
O foco principal da atuação dos profissionais da Fiocruz Brasília foi de articulação entre os diversos entes governamentais presentes (municípios, estado e governo federal), além de organizações como a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O objetivo era a construção de uma linha de cuidado para a população a partir das estratégias presentes nos manuais internacionais, mas com o olhar voltado à realidade local, levando-se em conta o papel fundamental das políticas públicas no cuidado.
Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília, destacou a atuação da equipe da unidade frente aos desafios em campo. Segundo ela, as enchentes na Bahia demandaram uma atuação conjunta das entidades parceiras, simultânea aos esforços que os profissionais de saúde seguem realizando no enfrentamento da pandemia. “A nossa ida aos municípios e o desenho do Acolhe Bahia propiciaram maior aproximação com as equipes para oferta de suporte psicossocial e amparo nesse momento tão difícil de perdas das referências locais e regionais das famílias atingidas pelas enchentes”, ponderou.
Para a coordenadora do Núcleo de Saúde Mental e Atenção Psicossocial em Emergências e Desastres da Fiocruz Brasília, Debóra Noal, a força-tarefa buscou construir estratégias técnico-científicas logo após o desastre. “Fomos acionados pelo Ministério da Saúde para contribuir já na primeira fase da resposta”, frisou.
Ela destacou ainda que essa foi a primeira vez que equipes de atenção psicossocial e saúde mental da Fiocruz foram acionadas tão rapidamente, ainda no primeiro momento, de modo a contribuir com o suporte necessário à população, juntamente com outros profissionais da saúde dos três entes federados. “Elaboramos um desenho com as equipes, traçando uma estratégia cultural compatível com a realidade local”, destacou Noal, ao abordar a construção da linha de cuidado e das ações junto às famílias atingidas. “Criamos uma estratégia articulada e sustentável em curto e médio prazos, visando, assim, o bem-estar psicossocial dos afetados”, destacou.
O psicólogo e pesquisador da Fiocruz Brasília Bernardo Dolabella destacou a importância do trabalho realizado em campo. “Com o envio da equipe à Bahia, conseguimos acompanhar mais de perto a articulação das estratégias das instituições e realizamos uma intervenção pedagógico-terapêutica em saúde mental para os serviços públicos dos municípios atingidos, além da implementação de ações focadas na saúde do trabalhador e no cuidado com a população indígena”, enfatizou.
Formação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial
No período entre 10 e 21 de janeiro, foram realizadas formações on-line em Saúde Mental e Atenção Psicossocial com o objetivo de levar informações da linha de cuidado aos profissionais de saúde e reforçar a adoção dos protocolos estabelecidos pela Psicologia para emergências e desastres. As formações eram destinadas, principalmente, aos gestores e equipes de saúde atuantes na linha de frente, durante a emergência das enchentes na Bahia.
As estratégias psicossociais de cuidado foram tema de uma formação especial voltada aos 10 municípios prioritários das enchentes no estado. Essa formação foi dirigida aos gestores e profissionais dos municípios baianos de Dário Meira, Itajuípe, Itabuna, Jucuruçu, Prado, Jiquiriça, Mutuípe, Ubaíra, Wenceslau Guimarães e Itamaraju (Distrito de Nova Alegria). Também foi realizada uma formação voltada aos trabalhadores do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) da Bahia. Foram disponibilizados cards informativos sobre as reações esperadas, autocuidado e psicoeducação.
Acolhe Bahia
Como forma de auxiliar os profissionais em campo, a Fiocruz Brasília organizou também uma série de vídeos com orientações e recomendações aos profissionais envolvidos nos atendimentos às famílias. Os vídeos levavam orientações em saúde mental e atenção psicossocial aos gestores e equipes de saúde atuantes na linha de frente.
Entre os temas abordados, destacam-se os primeiros cuidados psicológicos; o uso de medicamentos psicotrópicos pós-desastre; as estratégias de autocuidado para equipes que atuam na linha de frente; e a atenção psicossocial no acolhimento aos parentes das vítimas e na saúde indígena.
Você pode conhecer todos os vídeos da série “Acolhe Bahia: Orientações sobre saúde mental e atenção psicossocial em desastres” em nosso canal no YouTube ou clicando nos links abaixo.
Psiquiatria e desastres
https://youtu.be/nDvWjdZbgWA?list=PLPyO8qVoPmBSpnPQFXjSaXbr_CrFh3oq_
Recomendações aos gestores sobre atenção psicossocial para as equipes
https://youtu.be/7bLgMaHK16c?list=PLPyO8qVoPmBSpnPQFXjSaXbr_CrFh3oq_
Estratégias de autocuidado para equipes que atuam na linha de frente
https://youtu.be/M00xhhLM6WE?list=PLPyO8qVoPmBSpnPQFXjSaXbr_CrFh3oq_
O uso de medicamentos psicotrópicos pós-desastre
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