A Fiocruz Brasília reuniu, no Dia Internacional das Pessoas com Deficiência (3/12), cerca de 50 trabalhadores e estudantes em uma roda de conversa virtual sobre “Capacitismo estrutural: desafios no cotidiano da educação e do trabalho”. Realizado pela plataforma Zoom, o evento contou com a participação de Adriana Dias, Renata Bernardes e Luciana Sepúlveda, professoras da disciplina Tópicos Especiais: Deficiência, Capacitismo e Direitos Humanos, ofertada no Mestrado Profissional em Políticas Públicas em Saúde da Escola de Governo Fiocruz-Brasília.
Na abertura do evento, os participantes foram agraciados com uma apresentação cultural, realizada pelo Projeto PÉS: Teatro-Dança com Pessoas com Deficiência. Com a performance “Qual a distância de um abraço?”, o grupo buscou sensibilizar por meio da dança sobre a importância de manter o afeto mesmo em tempos de confinamento, imposto pela pandemia da Covid-19. Assista abaixo ao vídeo da apresentação com os artistas Thais Cordeiro e Roges Moraes, e coreografia de Rafael Tursi.
https://youtu.be/P6lDuWZH8f8
A diretora da Escola de Governo Fiocruz-Brasília, Luciana Sepúlveda, lembrou que esse é o terceiro ano consecutivo em que a instituição celebra o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. “A gente começou esse movimento em 2019, e nosso primeiro desafio foi pensar como acolher as pessoas com deficiência em nosso prédio, que era pouco acessível”, disse. Ela recordou que, a partir desse primeiro movimento, nasceu a intenção de lançar o Coletivo de Acessibilidade e Inclusão da Pessoa com Deficiência da Unidade. “A cada ano que nos reunimos no dia 3 de dezembro, avançamos com o nosso projeto de construção de uma Escola mais acessível, de uma Fiocruz mais inclusiva e de uma sociedade mais justa e sem exclusão”, afirmou.
A antropóloga Adriana Dias declarou o orgulho de ser uma mulher com deficiência. “Mulheres com deficiência neste país espalham poesia e, muitas vezes, não são vistas por causa do capacitismo estrutural da nossa sociedade”, afirmou.
Mestre em Políticas Públicas em Saúde, Renata Bernardes falou do lugar da pessoa sem deficiência na luta anticapacitista. “O primeiro passo é reconhecer que somos uma sociedade capacitista”, enfatizou. Para Renata, não se trata apenas de mudar a si mesmo, e sim toda a estrutura da sociedade. “O capacitismo é um problema nosso, de pessoas sem deficiência, uma violência que a gente está perpetuando ao longo da história”, disse.
Ex-aluna da disciplina Tópicos Especiais: Deficiência, Capacitismo e Direitos Humanos, Bruna Sousa de Almeida comentou sua experiência como discente e a importância de ampliar esse debate. Segundo Bruna, é muito rico evidenciar o crescimento da Escola no olhar para a inclusão. “Ver esse movimento da Fiocruz Brasília traz um ar de esperança para quem discute e vive a luta da pessoa com deficiência”, destacou.
Desde 2019, a Escola de Governo Fiocruz-Brasília comemora o Dia Internacional de Luta pela Inclusão da Pessoa com Deficiência. Os eventos propostos visam sensibilizar a comunidade interna e externa para a agenda da inclusão e da acessibilidade, na perspectiva dos direitos e da equidade. Criado em 2020, o Coletivo pela Acessibilidade e Inclusão da Pessoa com Deficiência na Fiocruz Brasília tem como objetivo trazer o debate para o dia a dia da instituição, mapear as demandas e promover ações na Unidade.
Queremos conhecer você melhor
Ainda durante o evento, o pesquisador do Núcleo de Educação e Humanidades em Saúde (Jacarandá) e membro do Coletivo, Rafael Petersen, apresentou os resultados preliminares do levantamento interno sobre a diversidade e as demandas de acessibilidade e inclusão na Fiocruz Brasília. O instrumento buscou conhecer melhor os trabalhadores e estudantes que fazem parte da instituição, e também identificar as necessidades de acessibilidade nos espaços da Unidade. O questionário foi aplicado durante o mês de novembro e contou com 140 respondentes.