Em 2021, o Dia Mundial da Alimentação coincide com as celebrações do Ano Internacional das Frutas, Legumes e Verduras, declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Comemorado dia 16 de outubro, o Dia está ancorado em quatro pilares: melhor nutrição, melhor produção, melhor ambiente e melhor qualidade de vida.

Para debater a promoção desses pilares e a importância e conscientização da alimentação mais diversificada e hábitos alimentares saudáveis, a Fiocruz Brasília, por meio do Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin) e do Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde (Nethis), realizou na tarde desta quarta-feira (13/10), o Seminário do Dia Mundial da Alimentação. Em formato de live, a atividade foi transmitida pelo canal da unidade no YouTube.

O evento faz parte das atividades do Observatório Brasileiro de Hábitos Alimentares (OBHA), no âmbito da disciplina Saúde, Cultura e Alimentação do Mestrado Profissional em Políticas Públicas em Saúde da Escola de Governo Fiocruz – Brasília (EGF-Brasília). Ele contou com o apoio da Universidade de Brasília (UnB), da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Em  rápida saudação, a diretora executiva da EGF-Brasília, Luciana Sepúlveda, lembrou da importância de realizar debates sobre hábitos alimentares voltados para o campo da saúde e de promover a temática da alimentação saudável, recordando as iniciativas promovidas pelo OBHA neste campo, e os grandes desafios desta pauta  sobre a questão da desigualdade de acesso aos alimentos no mundo. “Que possamos discutir e construir um modelo agroalimentar que possibilite uma vida coletiva mais saudável, íntegra, sustentável e com maior justiça e equidade para todos”, ponderou.

José Paranaguá, coordenador do Nethis, destacou a importância da parceria do trabalho entre o Nethis e o Palin, enfatizando a satisfação da atuação conjunta no debate internacional da produção e distribuição da alimentação saudável no âmbito do desenvolvimento global e os desafios de enfrentar a desigualdade alimentar e a construção de novos hábitos alimentares. “Que possamos exercitar nossa resiliência esperançosa de mudanças, somos todos irmanados por estes ideais na luta para transformar o mundo em que vivemos”, ressaltou.

A vice-diretora da Fiocruz Brasília e coordenadora do Palin, Denise Oliveira e Silva, iniciou o debate enfatizando a importância deste evento que reúne vários interesses, entre eles o papel que a Fiocruz Brasília tem em compartilhar conhecimento exercendo de fato a ciência cidadã. Ela reforçou também a parceria do Palin com o Nethis, em especial no ano que ocorrem dois grandes eventos internacionais importantes para a promoção da alimentação humana como fenômeno global.

Rafael Zavala, representante da FAO no Brasil, destacou a triste realidade da insegurança alimentar no mundo. Segundo os dados apresentados, só em 2020,  aproximadamente 800 milhões de pessoas no mundo enfrentaram a fome, mais de 3 bilhões não podem pagar uma dieta saudável e 2 bilhões estão com sobrepeso e obesidade; outras 690 milhões de pessoas sofrem de fome crônica; e mais de 144 milhões (21%) de crianças menores de 5 anos são raquíticas e 47 milhões estão desnutridas. “O mundo não está no caminho certo para cumprir as metas de segurança alimentar e nutrição”, lembrou ao afirmar que 40% das pessoas no mundo podem comprar uma dieta saudável, 5 vezes mais cara que uma dieta calórica e 60% mais cara do que uma dieta suficiente para nutrientes.

Zavala também lembrou que o Ano Internacional das Frutas, Legumes e Verduras foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas em uma campanha global para aumentar a conscientização sobre os benefícios nutricionais e para a saúde do consumo de frutas, legumes e verduras, a promover dietas e estilos de vida diversificados, equilibrados e saudáveis, e reduzir a perda e o desperdício de alimentos, especialmente dos mais perecíveis. Na ocasião, ele apresentou um panorama da produção e distribuição das frutas, legumes e verduras pelo mundo.

Já o professor do departamento de geografia da UnB, Juscelino Bezerra apresentou as experiências da Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA), que é um trabalho conjunto entre produtores de alimentos orgânicos e consumidores, que se comprometem por um ano a cobrir o orçamento anual da produção agrícola sem intermediários entre o produtor e consumidor. Para ele, cada vez mais as pessoas se identificam com os produtos que consomem. “As pessoas precisam se engajar mais na produção alimentar para transformar como produzimos e consumimos os alimentos”, ressaltou.

Participaram ainda do debate a técnica em educação do Iphan, Juliana Muniz que apresentou um panorama dos sistemas agrícolas tradicionais brasileiros sob a ótica do patrimônio cultural e imaterial. E o representante da Conab, Marisson Marinho que falou sobre as contribuições do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort) para o cenário econômico social do setor de hortifrutícola nacional. 

A gravação da íntegra do seminário está disponível no canal da Fiocruz Brasília no YouTube.

https://www.youtube.com/watch?v=xSYi3eLmf1w