Nathállia Gameiro
Credenciamento foi anunciado durante cerimônia de lançamento da Campanha de Aleitamento do Ministério da Saúde. Neste mês, se comemoram a Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM) e o Agosto Dourado, mês da amamentação no Brasil
Os cuidados com o bebê nos primeiros dois anos são fundamentais para a saúde física e emocional durante o resto de sua vida. E a amamentação faz parte desses cuidados. Para sensibilizar a sociedade sobre a importância de amamentar de forma exclusiva até os seis meses de vida do bebê, estender o ato até os dois anos e reforçar o apoio e incentivo à família que está amamentando, o Ministério da Saúde lançou ontem, 31 de julho, a Campanha de Aleitamento. Este ano, tem como slogan “Amamentação. Incentive a família, alimente a vida”. O evento foi realizado na Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em Brasília- DF.
Durante cerimônia, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, destacou o auxílio da cooperação brasileira na transferência de conhecimento científico em aleitamento materno a mais de 40 países, pela Rede Global de Bancos de Leite Humano, coordenada pela Fiocruz. “Esses países recebem o conceito; a iniciativa; a organização; a metodologia de coleta, o armazenamento e entrega; a garantia de leite materno humano para os prematuros e a doação como reforço da amamentação. Essa é uma tecnologia 100% SUS, 100% brasileira e que tem a Fiocruz em seu pilar”, afirmou o ministro. A estratégia de bancos de leites do Brasil já beneficiou mais de 1,6 milhão de crianças, e na redução da mortalidade infantil e da subnutrição global.
A diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, recebeu a placa de certificação da Sala de Apoio à Amamentação para as trabalhadoras e estudantes da unidade. Esta é a terceira sala de apoio da Fiocruz e a primeira em uma unidade fora do Rio de Janeiro. O ambiente é destinado às mulheres que amamentam e desejam, de forma segura, retirar e estocar seu leite e levá-lo para seu filho após a jornada de trabalho ou amamentar seus filhos em um local apropriado, reservado e confortável. O espaço converge com as ações realizadas pelo Núcleo de Saúde do Trabalhador da Coordenação de Saúde do Trabalhador (Nust/CST/Cogepe).
“É uma oportunidade que garante a manutenção do aleitamento materno após o retorno da mulher ao trabalho. Buscamos propiciar à criança um crescimento e desenvolvimento com saúde e garantir que as mães se sintam confiantes para seguir amamentando seus filhos e assim, esperamos contribuir para a manutenção de uma política pública tão importante. É o exercício do direito que as mães têm de amamentar”, afirma Damásio. No DF, 16 salas são credenciadas pelo Ministério da Saúde, e 228 em todo o país.
O coordenador do Banco Global de Leite Humano, João Aprígio Guerra, também presente no evento, destacou que a construção de uma nação mais digna do futuro depende da capacidade de investir na infância. Ele anunciou que está em fase de discussão a construção e implantação do primeiro Centro Colaborador da Rede Brasileira de Banco de Leite Humano de Desenvolvimento e Inovação. “Temos o compromisso de trabalhar para que a Rede seja referência às ações de aleitamento materno em âmbito geral para todas as ações estratégicas do Ministério da Saúde, ou seja, será mais um dispositivo muito importante. Aqui eu represento uma legião de trabalhadores do SUS que historicamente vêm construindo a trajetória do aleitamento materno nesse país, que muito nos orgulha”, afirmou.
Além do ministro da Saúde e do coordenador da Rede Global do Banco de Leite Humano, participaram da mesa a representante da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) no Brasil, Socorro Gross, a representante da UNICEF, Florence Bauer, o presidente do Departamento Científico da Sociedade Brasileira de Pediatria Luciano Santiago, o secretário executivo do Conasems, Mauro Junqueira, o secretário de Saúde do Distrito Federal, Osnei Okumoto e a secretária nacional de Promoção do Desenvolvimento Humano do Ministério da Cidadania, Ely Harasawa. Mães, pais e seus bebês que estiveram presentes no auditório foram homenageados.
Os representantes destacaram os benefícios do leite materno e o papel do pai das crianças no apoio às lactantes. Para Socorro Gross, o leite materno é a melhor proteção para o bebê, com reconhecimento científico. “É o melhor alimento que existe para a criança, indispensável e insubstituível para o seu desenvolvimento”, lembrou.
Apesar das evidências sobre os benefícios do aleitamento materno, a médica afirma que ainda existem desafios para a construção de ambientes ideais para a amamentação na sociedade. Para ela, ainda há interferências como campanhas de incentivo ao uso de produtos substitutos do leite materno, comercialização desses produtos que, muitas vezes, infringem as medidas regulatórias, profissionais que ainda prescrevem esses alimentos e ambientes de trabalho que apesar da legislação, muitas vezes não fornecem condições propícias para amamentação e desestimulam as mulheres.
Além disso, apenas uma em cada duas crianças começam a ser amamentadas na primeira hora de vida. Quatro em cada dez são alimentadas exclusivamente com o leite materno até os 6 meses de vida e só três em cada dez continuam a ser amamentadas. Gross destaca que é preciso mudar essa realidade com urgência de investimento na área e intervenções.
“Amamentar não é simples, é o ato mais complexo e mais maravilhoso entre dois seres humanos. Existe dor e cansaço, e nos primeiros meses, os processos de adaptação das famílias são difíceis e por isso as mães precisam de acolhimento, apoio e reconhecimento. Cada um de nós devemos apoiar as famílias. O sucesso da amamentação não é uma responsabilidade exclusiva da mãe, é uma responsabilidade social”, lembrou.
As ações do Ministério da Saúde para garantir assistências às mães e bebês e estratégias para ampliação das ações, como as Salas de Apoio, creches nos locais de trabalho, licença-maternidade de seis meses, licença-paternidade, capacitação de profissionais da saúde e os bancos de leite humano foram apresentadas durante o evento.
O ministro anunciou ainda a habilitação de 39 unidades hospitalares como Hospital Amigo da Criança. Desse total, 31 terão a habilitação renovada e oito serão habilitadas pela primeira vez. Serão destinados R$ 2 milhões ao ano para o custeio dessas unidades. A iniciativa trabalha as boas práticas no cuidado da mulher e da criança, garante a permanência da mãe ou do pai junto ao recém-nascido internado e a reorganização das atividades hospitalares para aumentar as taxas de amamentação na primeira hora de vida.
Confira a campanha do Ministério da Saúde:
Crédito das fotos: Nathállia Gameiro