Valéria Vasconcelos Padrão e Gabriel Ellan Lobato
Durante dois dias gestores, profissionais de saúde e estudantes discutiram e apresentaram estudos sobre o tema
A importância do uso de análises de evidências para apoiar/orientar decisões de gestão foi citada pela diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, na abertura do II Encontro da Rede Distrital de Avaliação de Políticas e Tecnologias em Saúde (ReDAPTS). O mesmo entendimento foi manifesto por Paulo Sellera, secretário adjunto de gestão da Secretaria de Saúde do DF e por Cleonice Gama, diretora de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde. O encontro reuniu na Fiocruz Brasília, durante dois dias (08 e 09/11), profissionais da saúde, gestores, pesquisadores, docentes e estudantes de graduação e pós-graduação das áreas de saúde de diversas instituições.
O Encontro promovido pela Fiocruz Brasília, por meio do Programa de Evidências para Políticas e Tecnologias de Saúde (PEPTS), teve como o tema “Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) para o Sistema Único de Saúde (SUS): experiências e desafios para análise econômica”. A rede ReDAPTS é integrada por 14 instituições do Distrito Federal, dentre elas Universidade de Brasília, Fiocruz, Fundação Hospital de Base, Hospital de Apoio, Hospital da Criança, Instituto Materno Infantil, Hospital da Ceilândia, Hospital Santa Maria e outros. Todas as instituições com potencial de avaliação de tecnologias, conforme destacou Fabiana Damásio.
Paulo Sellera observou que a Fiocruz tem um papel indutor de articulação e produção de conhecimento. Citou que os tempos para o conhecimento e para a gestão são distintos e que a gestão tem um “tempo político” para incorporar ou não tecnologias e o fruto da decisão muitas vezes demora. Destacou a importância de defender o SUS, reconhecendo e buscando suprimir suas falhas. Para os jovens estudantes, destacou a necessidade de não desistir, de acreditar e lutar por um SUS.
Maria Ilka Moitrim, da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamento, disse ser fundamental o monitoramento das tecnologias para ver se de fato fazem o efeito proposto e, se necessário, rever decisões. Citou que a Anvisa avalia a inserção de uma nova tecnologia de medicamentos com muito cuidado pois “o novo não significa um medicamento melhor”. Falou que eventos como o encontro da ReDAPTS fortalecem o SUS e destacou a parceria que a Anvisa mantém com a Fiocruz Brasília.
Também participaram da mesa de abertura Valdenise Tisiani, do Hospital da Criança, e Roberto Bittencourt, coordenador do Núcleo de Evidências da Escola Superior Ciências da Saúde do DF. Bittencourt citou estudos de evidências realizados na Escola para apoiar a gestão da saúde no DF, dentre eles, um para substituir vestimenta de pano por vestimenta descartável em centros cirúrgicos, um para diminuir a superlotação nos prontos-socorros e outro para implantação de centro de cirurgia de médio porte deu suporte à implantação do Hospital de Samambaia.
Desafios da Avaliação de Tecnologias em saúde nos dias atuais foi tema da mesa redonda do dia 08. Flávia Elias, coordenadora de Programas e Projetos da Fiocruz Brasília falou sobre a avaliação das tecnologias e suas implicações nos diversos níveis de atenção. Luciana Vieira T. Oliveira falou sobre a avaliação das tecnologias em saúde nos hospitais, sobre as experiências do Instituto Hospital de Base.
O último dia do encontro (09/11) foi marcada por mesa que debateu o “Panorama geral da avaliação Econômica e como é aplicada na gestão”. Participaram Marcelo Neves, gerente de custos regionais da Secretaria de Estado da Saúde do DF; Henry Maia Peixoto, professor da Faculdade de Medicina da UnB; Everton Macêdo Silva, farmacêutico do Instituto Hospital de Base e Luciana Bahia, endocrinologista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Henry Peixoto destacou a importância de usar os recursos de forma consciente e gerar resultados. “Os recursos são escassos e as necessidades ilimitadas”, explicou.
Everton Macêdo Silva falou sobre análise contextualizada sobre fontes de dados para avaliação econômica na saúde. Luciana Bahia abordou o custo do tratamento de diabetes no Brasil, citando que nos últimos 10 anos houve aumento de 60% no número de casos e que a tendência é aumentar. “Em torno de 12% da população adulta tem a doença, podendo chegar a 30% se colocarmos pessoas acima de 70 anos”.
RESUMOS
Na tarde do dia 08 e na manhã do dia 09 foram realizadas sessões para apresentação dos trabalhos técnicos. Um total de 38 resumos foram selecionados, nas três linhas de trabalho Avaliação de Programas, Serviços e Tecnologias em Saúde e Análise Econômica com 11 trabalhos, Avaliação de Tecnologias em Saúde na regulação sanitária com 16 trabalhos e Assistência Farmacêutica com 11 trabalhos.