A Fiocruz e o Ministério das Cidades assinaram nesta quarta-feira (6), em Brasília, acordo de cooperação técnica de atenção às populações de periferias na prevenção de riscos de desastres. A parceria tem o objetivo de fortalecer políticas públicas com abordagens inclusivas para reduzir as vulnerabilidades, fortalecer a resiliência das comunidades e garantir o acesso equitativo aos serviços de saúde, saneamento, habitação, educação e outras políticas.
A assinatura do acordo se deu no auditório da Fiocruz Brasília. O presidente da Fiocruz, Mário Moreira, destacou a interdisciplinaridade do projeto e o esforço de integração do governo. “Vamos entregar para a sociedade brasileira algo muito positivo que, mesmo que não tenha escala para atingir todas as periferias, produz evidências para a produção de políticas públicas. Esse é o nosso papel. Não vamos conseguir resolver todo o problema do Brasil, mas é um elemento catalisador de ações”, afirmou ao lembrar que a saúde não pode ser vista como ausência de doença, mas na perspectiva de bem-estar da população.
Ele lembrou da diversidade e especificidade das comunidades como elementos importantes para pensar políticas públicas e atingir a população. São territórios vulnerabilizados onde tudo acontece e provoca efeitos muito maiores que em cidades mais desenvolvidas. “Foi assim com a Covid: ela tinha raça e CEP. A gente sabe que quem morreu e sofreu foram as pessoas que moravam em territórios mais vulnerabilizados. É um exemplo claro e um aprendizado que tem que nos pautar para a produção de políticas públicas”, completou.
O ministro de Cidades, Jader Filho, falou sobre a questão climática como consequência do que o ser humano tem feito ao longo da história. Para ele, a solução para mitigar os problemas enfrentados pelas periferias, que sofrem com esses efeitos climáticos já que muitos vivem em morros, passa pela união de esforços para fazer com que as vidas das pessoas sejam melhores e evitar que mais vidas sejam ceifadas. “O que estamos fazendo aqui é uma união, que deve ser cada vez mais frequente, das ações entre os ministérios e os governos (federal, estadual e municipal), a academia e a experiências das pessoas que estão na ponta, para contribuir para a prevenção dos desastres ambientais”, disse. O ministro destacou ainda a importância da Fiocruz durante a pandemia de Covid-19.
As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul e Santa Catarina nesta semana, provocadas pela passagem de um ciclone extratropical, e que causou enchentes, mortes e deixou famílias desalojadas, foram citadas pela diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio. Ela destacou que os desastres atingem as cidades de modo desigual, especialmente as periferias, onde o ordenamento territorial, a infraestrutura e os serviços de saúde muitas vezes são precários.
“Os desastres socioambientais causam grandes impactos como enchentes, inundações e movimentos de massa, com a ocupação irregular do solo e a falta de investimento em medidas de prevenção e proteção e afeta também a saúde trazendo doenças transmissíveis e transtornos psicossociais”, afirmou Damásio.
Ela define o momento como um marco que permite que trabalhadores de todas as unidades da Fiocruz, cada vez mais, possam colaborar com uma ação mais resolutiva, efetiva e solidária no enfrentamento desses desastres.
“Que a gente possa ter esse olhar cuidadoso para a redução de risco de desastres, para a iniciativas que possam ser promotoras de melhor qualidade de vida para toda a população do Brasil e enfrentar as desigualdades que se mostram presentes para construir uma cidade mais saudável, sustentável, justa e equânime para todas as pessoas”, finalizou.
O trabalho será desenvolvido pelo Departamento de Mitigação e Prevenção de Riscos da Secretaria Nacional de Periferias (DPR/SNP) e o Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade da Fiocruz Brasília.
As atividades que serão implementadas nos territórios incluem pesquisa; avaliação das políticas públicas; mapeamento de risco; formação de Rede Nacional de Gestão de Risco de Desastres; criação de plataforma interativa dos territórios periféricos contendo as vulnerabilidades, carências, equipamentos e tecnologias sociais geradas nas periferias pelos agentes públicos e comunitários.
Participaram também da cerimônia o Secretário Nacional de Periferias, Guilherme Simões, e o diretor do Departamento de Mitigação e Prevenção de Risco, Rodolfo Baêsso. O evento contou com a presença de autoridades e profissionais da saúde.
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