Heloisa Caixeta
Uma oportunidade de planejar os objetivos estratégicos do trabalho a curto, médio e longo prazo. Esta foi a proposta da Oficina de Diálogos Prospectivos: Vigilância em Saúde e Ambiente, realizada pela Fiocruz e pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde, entre os dias 28 de fevereiro e 1º de março. A oficina foi baseada na metodologia de Diálogos Prospectivos, uma estrutura de planejamento com enfoque situacional e prospectivo. A abordagem permite aos participantes identificar fatores críticos no ambiente de atuação e selecionar as incertezas, refletindo sobre as possibilidades de futuro.
A proposta do encontro foi descrever e analisar as forças que incidem no ambiente interno e externo à SVSA; construir cenário prospectivo, no horizonte temporal de curto prazo (2023), médio (até 2024) e longo (até o ano de 2027), a partir de hipóteses de futuro; além de elaborar as estratégias que irão permitir a efetivação deste planejamento.
A secretária da SVSA, Ethel Maciel, comentou sobre a expectativa para os trabalhos. “Estamos fazendo várias coisas pela primeira vez. E estamos, pela primeira vez, reunindo dois órgãos do Ministério da Saúde para pensar em conjunto as ações, para que possamos nos integrar e dar uma resposta melhor para a população, e trabalharmos melhor. Estamos também olhando para dentro da SVSA, para trabalhar em conjunto, de forma integrada. Esse momento é fundamental para que possamos traçar metas, objetivos e para saber o que vamos fazer nos próximos anos. Quando fazemos isso em conjunto o resultado é muito melhor”, pontuou.
Para a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, a realização da oficina acontece em momento oportuno. “A Fiocruz, com parte do Ministério da Saúde, vem neste início de governo, em que cada vez mais é necessário que estejamos juntos, para pensarmos as ações estratégicas para a saúde pública, e, aqui em especial, para a vigilância. Nós temos a possibilidade de contribuir de forma efetiva, integrada e articulada, com os trabalhadores e trabalhadoras do Ministério, com a construção de uma agenda que seja robusta, e que realmente contribua para o enfrentamento dos grandes problemas que sabemos que temos no campo da vigilância em saúde. Espero que seja um momento de muitos direcionamentos, com uma construção de uma agenda coletiva, integrada e bem fortalecida para solução dos grandes problemas da vigilância”, revelou.
Priscila Ferraz, vice-presidente adjunta de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz, também pontou sobre a importância da realização do trabalho em conjunto. “A Fiocruz tem uma parceria irrestrita com o Ministério da Saúde, nesse grande desafio de reconstruir a saúde no nosso pais, com muitas agendas prioritárias e importantes. Nos colocamos como parceiros da SVSA nesta iniciativa, mas também em todas as ações que temos com o MS, para que a gente possa cumprir nosso papel como instituição de saúde, ciência, tecnologia e inovação, para viabilizar as ações e as políticas públicas de saúde. É muito bom ver que a SVSA está no esforço de fazer um planejamento estruturado de suas ações a curto, médio e longo prazo”, afirmou.
Já Mauro Sanchez, diretor de programa da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, afirmou que este trabalho está alinhado com a proposta do ministério. “Foram estabelecidas três grandes prioridades da nova gestão: inovação em vigilância, imunização e o enfrentamento das doenças de eliminação. Esse planejamento vai dar o norte para obter metas, e com isso, vai possibilitar dentro da secretaria, e com o auxílio dos parceiros, ter os instrumentos necessários para monitorar o mapa que vamos traçar nestes dois dias de trabalho”, reforçou.
A oficina
O início dos trabalhos começou ainda antes das atividades na Fiocruz. Em momento anterior ao encontro, os participantes da oficina puderam elencar quais os fatores relacionados às diferentes dimensões da instituição (política, econômica, tecnológica, ambiental, cultural e social) e aos seus campos de atuação, com descrição e indicação dos fatos de maior relevância que mostram a tendência do comportamento. Durante a oficina, os fatores foram validados pela equipe da secretaria, momento em que foi possível alterar, incluir ou excluir estas variáveis.
Posteriormente, foi realizada a análise de ambiente, com utilização da ferramenta SWOT, para identificação de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, além da seleção de incertezas críticas, com a análise de probabilidade de ocorrência e o impacto sobre o sistema.
No segundo dia, os participantes foram divididos em dois grupos, um para elencar os cenários possíveis de ocorrer no horizonte temporal, e o outro para elencar as estratégias de curto, médio e longo prazo a partir da análise de ambiente. Por último, os resultados dos dois grupos foram combinados, verificando se os objetivos e estratégias eram válidos. Após a oficina, será realizado um plano de ação e um relatório final, com a construção de painel de indicadores do plano e o acompanhamento das trajetórias.
Adriana Ilha, chefe de gabinete da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente avalia como positivo o trabalho desenvolvido ao final dos dois dias de oficina. “A parceria entre a Fiocruz e a SVSA nesses dois dias foi fundamental para realização deste planejamento. Inicialmente, para que pudéssemos conhecer os nossos gestores e técnicos, que são essenciais na elaboração, implementação e na execução das ações das nossas políticas. Além disso, o trabalho desenvolvido nestes dias foi apenas o início. Ainda teremos novos processos, que serão realizados nesta parceria, para que possamos alavancar e qualificar as nossas ações e políticas no âmbito vigilância em saúde e ambiente para o Sistema Único de Saúde”, revelou.
Rayana Castro, do departamento de emergências em saúde pública da SVSA, avalia que a ideia da inclusão dos departamentos na oficina é essencial para o trabalho. “Esta foi uma novidade porque o planejamento era feito na Secretaria. Nós criamos uma expectativa muito positiva de poder construir um plano de forma integrada com todas as áreas e parceiros. Esta foi a primeira vez que fizemos este trabalho de forma integrada, onde todos os departamentos estiveram juntos, conversando com o planejamento para a gestão e além”, afirmou.
“A oficina foi um grande passo para a SVSA se organizar nos novos desafios que estão colocados, para que possam mostrar os resultados do trabalho para a sociedade. Este é um processo que se inicia, mas que ainda precisa ser desdobrado. Além disso, também irá contribuir muito para integração com a Fiocruz e outros parceiros”, pontua Ricardo de Godoi, coordenador-geral de Planejamento Estratégico (Cogeplan) da Fiocruz.
Fotos: Alba Mendes, Heloisa Caixeta e Marcelo Jesus