Macacos são aliados da saúde na luta contra a febre amarela

Fiocruz Brasília 29 de janeiro de 2018


A febre amarela é uma doença que se mantém no ambiente, em um ciclo silvestre, e é transmitida por mosquitos. O macaco é importante, pois serve como indicador da presença do vírus em determinada região. É o que defende o pesquisador e presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia (SBP), Danilo Simonini Teixeira. “Esses animais estão sendo mortos por conta de medo da população humana em relação à transmissão do vírus, e isso não ocorre. Se você mata os animais, vai haver um prejuízo, pois a vigilância não vai ser feita por conta do óbito daquele animal por uma pessoa”.

Além disso, matar animais é crime ambiental previsto no artigo 29 da Lei n° 9.605/98. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida, pode gerar pena de seis meses a um ano de detenção, mais multa. No bioma da Mata Atlântica, onde incide a doença, encontram-se primatas ameaçados de extinção, entre eles, o Bugio, o Macaco-prego-de-crista, além do Muriqui do sul e do norte.

“É importante que a população tenha plena consciência de que os macacos não são responsáveis pela existência do vírus e nem por sua transmissão a humanos. Eles precisam ser protegidos. A morte desses animais traz enorme desequilíbrio ambiental, que não pode ser agravado pela ação do homem”, ressalta o diretor de Conservação e Manejo de Espécies do Ministério do Meio Ambiente, Ugo Vercillo. O vírus da febre amarela silvestre é transmitido por mosquitos (gêneros Haemagogus e Sabethes).

Caso a população encontre macacos mortos ou doentes, deve informar o mais rapidamente o serviço de saúde do município ou do estado onde vive ou pelo número de telefone 136. Uma vez identificados os eventos, o serviço de saúde avalia se ainda há a possibilidade de coleta de amostra para laboratório, se além desse animal que foi encontrado existem outros, se as populações de primatas da região ainda são visíveis e estão integrados, se foi uma morte isolada, ou se de fato é uma ocorrência que atingiu o maior número de primatas. Então o cidadão que estiver, por exemplo, em uma atividade de lazer ou trabalho na mata, e encontre o indício ou um macaco morto, deve avisar o mais rápido possível o serviço de saúde que vai tomar as medidas necessárias de vigilância de controle.

Além disso, é possível denunciar a matança ou maus tratos de macacos pela Linha Verde do Ibama (0800 61 8080). Na denúncia, podem ser encaminhadas fotos e vídeos que auxiliem na identificação do crime e de quem o cometeu, através do e-mail linhaverde.sede@ibama.gov.br.

Imagens: retiradas na AFN/Fiocruz.