Uma experiência transformadora. Assim Maria Luisa Ferreira, 18 anos, estudante do Centro Educacional 8 do Gama (CED 08), definiu o período em que passou na Fiocruz Brasília. A instituição abriu as portas na última terça-feira (14) e recebeu cerca de 150 meninas de 13 a 19 anos para a atividade “Converse com(o) uma cientista”, alunas de escolas públicas e privadas do Plano Piloto, Santa Maria, Gama, Guará, Riacho Fundo e Taguatinga, regiões administrativas do Distrito Federal. “Ver mulheres em cargos de chefia e de pesquisa é transformador, ainda mais quando vivemos em uma sociedade misógina e que todos os dias as pessoas nos mostram como é difícil chegar nos locais que queremos alcançar. Com o evento, percebi a quantidade de oportunidades que existem para nós”, completou Maria Luisa.
Cada estudante conversou com quatro pesquisadoras e puderam tirar dúvidas sobre carreira científica e conhecer as trajetórias, desafios, conquistas, planos e angústias delas. Finalizada a etapa de conversas, o auditório da instituição se encheu de olhos brilhantes e encantados com as histórias que acabavam de ouvir. As meninas deram suas impressões sobre o tema e a atividade. Para Rebeca Alves Rezende, de 16 anos, aluna do Centro de Ensino Médio de Taguatinga Norte, as pesquisadoras inspiraram ao mostrar que a ciência é uma possibilidade e incentivaram a conquistar os objetivos. Assim como para Glendha Araújo, de 17 anos, estudante do CED 08 do Gama, que afirmou que conversar com as pesquisadoras deu mais vontade de fazer faculdade, um de seus sonhos. “Me deu orgulho de ser mulher. Passamos por muitos preconceitos ao longo dos anos e somos rebaixadas por muitas coisas. Conversar com essas mulheres me fez ter uma nova visão da vida, de que não é o gênero que te define, mas sim a sua motivação. Quem você realmente é e quer ser que te define. Foi maravilhoso!”, destacou.
Para Ana Karolina Costa, do Centro Educacional 7 de Taguatinga (CED 07), a atividade possibilitou conhecer muitos exemplos de vida e se identificou com algumas histórias. Já Maria Fernanda Machado Nunes, estudante do 2º ano do Centro Ensino Médio Paulo Freire e aluna do Programa de Vocação Científica da Fiocruz, definiu o momento como uma importante oportunidade. “Foi incrível estar com as cientistas, entender como foi o processo delas e que não é tão distante. Gente como a gente tem potencial para ser cientista, basta querer se tornar uma”, afirmou.
A organizadora da atividade e coordenadora da Comissão de Divulgação Científica, Fernanda Marques, destacou a diversidade e pluralidade do evento. O time de pesquisadoras de diferentes instituições do Distrito Federal foi formado por mulheres com longa trajetória na carreira científica e as que iniciaram há pouco tempo; gestantes, mães de bebês recém-nascidos e mães de longa data; psicólogas, jornalistas, advogadas, odontólogas, biólogas, médicas, enfermeiras, nutricionistas, contadoras, químicas, sanitaristas e farmacêuticas, que contaram suas histórias e apresentaram suas rotinas profissionais para as jovens. “Reafirmamos que as carreiras científicas são sim possibilidades abertas para as meninas. Uma ciência para ser potente precisa ser diversa e plural”, afirmou a jornalista e pesquisadora.
O que mais marcou a pesquisadora Stella Gomes, integrante do Núcleo de Populações em Situações de Vulnerabilidade e Saúde Mental na Atenção Básica (Nupop), foi se ver no lugar das meninas. “Elas estão onde eu estava há seis anos, ainda com dúvidas sobre o caminho que queria seguir profissionalmente. É preciso fazer o que gosta, o que te movimenta, mas só é possível essa descoberta tentando, arriscando e entendendo que somos capazes de chegar lá”, afirmou ao lembrar a transformação que o projeto #MaisMeninas na Fiocruz Brasília pode ter na vida das estudantes.
A quantidade de mulheres na gestão e nas equipes da instituição também foi destacado pela pesquisadora. As participantes do evento foram recebidas pelo colegiado gestor da Fiocruz Brasília. “A defesa da ciência é uma prioridade para a Fiocruz, precisamos de espaços de diálogo e que promovam aprendizado das diversas formas de fazer ciência. O olhar investigativo de cada um de vocês faz com que vocês possam escolher as profissões e fazer coro nessa defesa pela ciência. Queremos promover a equidade, romper com as desigualdades que ainda existem na ciência e fazer com que cada vez mais as meninas possam ocupar diversos espaços em todas as formas de fazer ciência: nas ciências exatas, nas humanas, nas ciência sociais e nas ciências da vida. Temos muito trabalho pela frente. Juntas podemos ir muito mais longe”, destacou a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, na abertura do evento.
Após as rodadas de conversa entre meninas e pesquisadoras, as participantes retornavam ao auditório, onde eram convidadas a falar sobre suas impressões acerca da atividade: do que mais gostaram, o que foi mais marcante ou mais chamou atenção nas histórias compartilhadas. Enquanto falavam, vários pontos em comum podiam ser identificados e essas conclusões, pouco a pouco, iam se transformando em frases, desenhos e esquemas dentro de um grande quadro ilustrado, produzido por facilitadoras gráficas que acompanhavam a atividade. Confira a seguir essa síntese visual dos encontros:
Atividade do turno da manhã: formato PDF e formato JPG
Atividade do turno da tarde: formato PDF e formato JPG
Confira aqui as fotos do evento.
Programa Mulheres e Meninas na Ciência
O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado no dia 11 de fevereiro, foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015 para dar visibilidade ao papel e às contribuições das mulheres na ciência.
O Programa Mulheres e Meninas na Ciência, iniciativa da Fiocruz, estimula meninas estudantes do ensino médio de escolas públicas a conhecerem a despertarem o interesse pela carreira científica, dá visibilidade ao papel e às contribuições fundamentais das mulheres nas áreas de pesquisa científica e tecnológica e é realizado nas unidades da Fundação. Em Brasília, a data é comemorada desde 2019.
Fotos: Sergio Velho Junior / Fiocruz Brasília
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