Nusmad/Fiocruz Brasília*
Acervo científico e artístico em ampliação para o mês internacional da Saúde Mental
Em parceria com a TV Pinel, as pesquisadoras do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (Nusmad) da Fiocruz Brasília, Fernanda Severo, coordenadora do Projeto Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira (Trabalhadoras da Saúde), e Lorena Padilha entrevistaram a diretora do Departamento de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (Desmad) do Ministério da Saúde, Sônia Barros, nesta quarta-feira, 25/9. A ação contempla a nova etapa do Projeto, lançado em junho deste ano em formato de websérie.
O novo ciclo de produção tem continuidade com a Instalação Virtual Morar em Liberdade e prevê novas entrevistas com gestores das políticas públicas contemporâneas de saúde mental e usuários. Entre as ações de pesquisa e comunicacionais, que visam ampliar o acervo científico Memórias da Saúde Mental e o acervo artístico do projeto Morar em Liberdade, estão a entrevista de testemunho (história de vida e temática) com Sônia Barros e visitas de imersão expressiva e estudos de linguagens, realizadas no Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira, em junho e setembro, contando com a participação de usuários e trabalhadores.
Sônia é enfermeira especializada em saúde mental, com mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo (USP) e professora sênior no Instituto de Estudos Avançados da USP, atuando em políticas de saúde mental e saúde coletiva, exclusão social de pessoas com doenças mentais, processo de ensino e aprendizagem e enfermagem em saúde mental. A sua trajetória inicia como trabalhadora da saúde no cuidado e na gestão, passa pela universidade e chega às políticas públicas federais. Também coordena grupos de pesquisa sobre o tema e participa do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental da Associação Brasileira de Enfermagem (DEPSM /ABEn) e da Diretoria do Capítulo Brasileiro da Associação Mundial para a Reabilitação Psicossocial (WAPR-Brasil).
O Projeto Memórias da Saúde Mental: Cultura, Comunicação e Direitos Humanos/Morar em Liberdade, do Nusmad, que é realizado atualmente (2024 a 2027), produz e difunde acervo multimídia de testemunhos da Reforma Psiquiátrica Brasileira e, assim, lança luz nos processos de desinstitucionalização consolidados por meio da Rede de Atenção Psicossocial no Brasil. O Projeto é vinculado a uma meta de atividades descentralizadas do Desmad, que integra a Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde.
Também em parceria com a TV Pinel, o coletivo de criação da Instalação Virtual Morar em Liberdade, que será inaugurada em outubro de 2024, após 13 edições, visitou o Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira, a Ocupação Artística do Espaço Travessia e o Centro de Convivência Trilhos do Engenho, no Rio de Janeiro. O encontro de trabalho e curadoria contou com a gravação da entrevista com Altair Pinheiro, poeta e usuário carioca de 80 anos, que participa da pesquisa desde 2018, quando vivia em Residência Terapêutica, em Juiz de Fora (MG). Durante a pandemia de covid-19, Altair voltou para o Rio de Janeiro e encontrou acolhimento nos serviços de base comunitária da Saúde Mental e Direitos Humanos, no Centro de Convivência Trilhos do Engenho e no CAPS Espaço Aberto ao Tempo – EAT.
Sônia inaugura, com esta entrevista, um novo ciclo de Histórias do Tempo Presente, refletindo sobre sua trajetória, potencialidades e desafios atuais como diretora do Desmad. O acervo foi iniciado em 2017 com Alfredo Schechtman, Domingos Sávio, Paulo Gabriel Delgado, Pedro Gabriel Delgado, Sandra Fagundes, dentre outros quase 30 trabalhadores, formuladores, gestores de políticas públicas da Saúde Mental.
Nos dois primeiros ciclos de entrevistas, os outros profissionais trataram da consolidação da Reforma Psiquiátrica Brasileira Antimanicomial em uma conjuntura bastante distinta da que vivenciamos hoje. Altair inaugura o 3º ciclo de entrevistas com usuários do acervo, também iniciado em 2017, em viagens de pesquisa por Bauru (SP), Juiz de Fora (MG), Paracambi (RJ), Barbacena (MG) e Rio de Janeiro (RJ). Nas novas cenas de 2024, as duas entrevistas – Sônia Barros e Altair Pinheiro – são reveladoras do momento de reconstrução e fortalecimento da Agenda das Políticas Públicas de Saúde, e irão compor o acervo da pesquisa em diversos formatos: banco de dados em Ciência Aberta, produção audiovisual e publicação em e-book multimídia, entre outros, abordando temas como as formações acadêmicas em Saúde Mental pré e pós-Reforma; o cenário atual dos direitos humanos no Brasil; a garantia de direitos dos usuários e familiares da Saúde Mental; e a voz que usuários carregam em seus corpos, em suas narrativas de injustiças sociais e poesia para reinvenção da vida digna.
Histórico da pesquisa
Pesquisa de vertente sócio-histórica longitudinal, iniciada em 2017, que prioriza os dispositivos das políticas públicas contemporâneas de Saúde Mental em suas múltiplas interfaces com a garantia de Direitos Humanos. Configura-se como um projeto interdisciplinar de resgate, guarda e difusão de histórias de vida da Reforma Psiquiátrica Brasileira, que inclui histórias de si e narrativas dos formuladores e gestores de políticas públicas, trabalhadores da atenção psicossocial, representantes do legislativo, do executivo federal, dos movimentos sociais e usuários da Saúde Mental.
Como experiência comunicacional da ciência, consolida um acervo histórico de pesquisa qualitativa sobre políticas de Saúde Mental, especificamente os desdobramentos históricos da Reforma Psiquiátrica Brasileira (1991-2023). Atualmente, tem acervo de cerca de 40 horas de documentação audiovisual, com entrevistas realizadas, entre 2017 e 2019, com ex-internos e trabalhadores da Atenção Psicossocial de Juiz de Fora (MG), Barbacena (MG) e Paracambi (RJ) e com gestores, formuladores e trabalhadores das políticas públicas de Saúde Mental.
Seu banco de dados multimídia, desde 2020/2022, é depositado em repositório institucional (Ciência Aberta) no Arca Dados da Fiocruz, sendo a primeira pesquisa qualitativa da área inserida em repositório de Ciência Aberta. Esta ação fomenta diálogos em comunidades técnico-científicas e em disciplinas do Mestrado em Políticas Públicas em Saúde da Escola de Governo Fiocruz – Brasília.
Além da websérie, tem entre suas ações comunicacionais a Linha do Tempo da Reforma Psiquiátrica Brasileira, a instalação artística “Morar em Liberdade – Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira”, e uma linha editorial multimídia.
Para saber mais:
Acervo em Ciência Aberta (Arca Dados Fiocruz) – Memórias da Saúde Mental (Nusmad) no Arca Dados
Playlist da Websérie no Canal “Morar em Liberdade” (todos os episódios em português e as versões em inglês e italiano) – Websérie Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira
*Com edição da Assessoria de Comunicação da Fiocruz Brasília
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