A Fiocruz Brasília recebe com grande pesar a notícia do falecimento do professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), Isaac Roitman, aos 86 anos. Reconhecido por seu conhecimento e dedicação ao ensino, e casado com a pesquisadora, assessora da direção e ex-diretora da Fiocruz Brasília, Celina Roitman, ele participou de momentos decisivos de nossa unidade.
Com um extenso currículo acadêmico, Isaac atuou em diversos eventos, cursos e oficinas de planejamento estratégico da Fiocruz Brasília (confira abaixo o vídeo gravado durante oficina de 2016). A diretora da unidade, Fabiana Damásio, destaca o exemplo deixado pelo professor, com sua inteligência, olhar atento para o futuro e generosidade para partilhar conhecimento em busca de um mundo com mais alteridade e justiça.
Para Damásio, Isaac foi uma inspiração para a construção da Fiocruz Brasília, com suas ideias inovadoras para a elaboração do projeto político-institucional. “Sempre presente e dedicado, foi um grande entusiasta da formação de jovens, buscando aproximá-los da ciência como exercício de cidadania. Fica para nós a lembrança especial do grande cientista e do querido amigo”, acrescentou.
Wagner Martins, coordenador do Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS/Fiocruz Brasília), lembra da parceria em diferentes frentes de atuação. A primeira grande oportunidade de trabalho conjunto na área de estudos de futuro foi na educação, após a criação da Rede Brasileira de Prospectiva (RBP) no Encontro Nacional de Prospectiva e Planejamento, em que foi criado o primeiro curso de especialização em Inteligência de Futuro, ofertado pelo Núcleo de Inteligência de Futuro da Fiocruz e o Núcleo de Futuro (N-Futuro) da Universidade de Brasília. A capacitação formou cerca de 130 alunos.
Martins classifica a iniciativa como fantástica, pela oportunidade de desenvolver vários trabalhos de conclusão de curso com estudos sobre as possibilidades de futuro, que foram apresentados em um seminário que discutiu o Brasil do Futuro. O modelo de educação, articulado com a pesquisa e a aplicação, tornou-se uma forma que o Colaboratório usa nas suas práticas educacionais.
“A partir daí, seguimos colaborando em várias atividades com o Movimento 2022/2030: O Brasil e o Mundo que queremos, e tantas coisas boas que a mente inquieta de Isaac Roitman nos provocava a realizar. O professor sempre foi muito parceiro e um mestre que estimulou a nossa inserção nos estudos de futuro. Perdemos um homem à frente do nosso tempo, que sabia que o futuro é uma construção permanente do hoje”, afirmou.
Quem também reconhece Isaac Roitman como um homem à frente de seu tempo é o pesquisador e ex-diretor da Fiocruz Brasília, Gerson Penna. “Sua carreira alternada na prestação direta de serviços à sociedade e na comunidade universitária deixou marcas da generosidade de como sabia ouvir as pessoas na busca dos ideais comuns. Idealista, lutador das grandes causas que buscam justiça social, fraternidade e amor na humanidade. Segue em paz, meu amigo querido. Por aqui seguiremos na luta lembrando seus ensinamentos”, declarou Gerson Penna.
Uma vida dedicada à ciência
Natural de Santos, São Paulo, Isaac Roitman nasceu em 1939. Cursou Odontologia na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) entre 1959 e 1962. Durante esse período, desenvolveu interesse pela microbiologia. Em 1963, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fez um curso anual de especialização em microbiologia no Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em seguida, foi convidado a realizar o doutorado no Laboratório de Fisiologia Microbiana, obtendo o título de doutor em 1967.
Roitman também foi pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Sua carreira profissional teve início em 1964, na UFRJ, onde se tornou professor-assistente até 1969 e, posteriormente, professor adjunto até 1974. Em 1972, ingressou na UnB como professor adjunto visitante, função que exerceu até 1974, quando ainda mantinha vínculo com a UFRJ. Na Universidade de Brasília (UnB), assumiu a responsabilidade de criar o Laboratório de Microbiologia. A convite de Darcy Ribeiro, também assumiu a direção do Centro de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF).
O professor recebeu várias homenagens, entre elas, a Medalha Nacional do Mérito Científico na categoria Comendador e Grã Cruz e publicou mais de 60 trabalhos em revistas indexadas, editou dois livros e é autor/coautor de oito capítulos em livros. Orientou 27 teses (18 de mestrado e 9 de doutorado) e colaborou em mais de 285 artigos. Além disso, era um dos coordenadores do Movimento 2022-2030 – O Brasil e o Mundo que Queremos, uma parceria entre a UnB e a União Planetária.
Ainda não há informações sobre o velório e sepultamento.
Fotos da matéria: Sergio Velho Junior/Fiocruz Brasília
Foto de destaque: Marcos Oliveira / Agência Senado
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