Leonardo Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias), com a colaboração de Laura Marques (AFN)
A Fiocruz deu mais um passo importante no fortalecimento e efetivação das iniciativas e políticas institucionais em prol da equidade étnico-racial e de gênero, da diversidade e inclusão. Essa semana (11 e 12/4) a Fundação lançou a Política de Equidade Étnico-Racial e de Gênero e apresentou à comunidade interna a nova Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa), instituída em março pela Presidência da Fiocruz. As gravações dos eventos estão disponíveis no canal da Fiocruz no YouTube, com tradução em Libras.
O presidente da Fiocruz, Mario Moreira, que está em viagem oficial ao exterior, gravou um vídeo ressaltando a importância das iniciativas. “O lançamento de hoje é mais um passo que damos no amadurecimento das nossas relações, para que levemos também para nossa vida institucional as premissas da Fiocruz de equidade, democracia e saúde. O enfrentamento de todas as formas de violência e preconceito é urgente para a defesa intransigente dos direitos humanos e valorização da diversidade.”
Política
O lançamento da política contou com a participação de trabalhadores, estudantes e representantes de coletivos da instituição e de organizações da sociedade civil. Para o presidente da Fundação, o documento será a grande referência para a “promoção de relações mais saudáveis, respeitosas e plenas na instituição, ao estabelecer princípios, diretrizes, normas, orientações e responsabilidades para o desenvolvimento de ações mais equânimes”.
Organizada pelo Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça, a política é fruto da participação da comunidade interna e de diferentes instituições e organizações da sociedade civil. “Como instituição do SUS que somos, garantir acolhimento, cuidado, um espaço seguro e de proteção de qualquer pessoa que está aqui é fundamental. É por isso que a gente se debruçou nestes dois anos em construir essa política da forma mais colaborativa possível”, informou a jornalista Marina Maria, que faz parte da coordenação colegiada do Comitê.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN), Mychelle Alves, destacou a diversidade da instituição. “Essa política vai fazer com que a Fiocruz, daqui a alguns anos, não tenha apenas cerca de 24% de pessoas pretas”, afirmou. Mychelle se referiu a dados da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas (Cogepe/Fiocruz), segundo os quais apenas 23,3% dos servidores da instituição são negros. Os brancos representam 68,2%, os amarelos 1,5% e os indígenas 0,3%. Ela lembrou que, embora as mulheres sejam a maioria na instituição, poucas ocupam cargos de chefia.
O chefe de Gabinete da Presidência, Juliano Lima, considera que a política é também um ato de posicionamento externo, diante da boa reputação da Fiocruz perante a sociedade. “Nós precisamos ser um exemplo, um modelo, de como uma instituição deve ser conduzida no que diz respeito às questões que hoje tratamos aqui”, afirmou.
Efetivação de políticas institucionais
Na quarta-feira (12/4), um encontro promovido pela Presidência da Fiocruz apresentou o trabalho da nova Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa), instituída pela Portaria 259 de 31/3/23. A coordenadora da Cedipa, Hilda Gomes, compartilhou um pouco da sua história familiar e da trajetória profissional na Fundação.
“Mesmo com a minha militância prévia a minha entrada na Fiocruz, estar participando desses coletivos, com pessoas diversas, diferentes, com formações e expectativas me deu um novo gás”, disse Hilda, referindo-se aos comitês pela Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência e de Pró-Equidade de Gênero e Raça. Hilda afirmou que a Cedipa precisa estar pautada no fomento de reflexões e promoção de ações que visem potencializar e fortalecer as dimensões que envolvem o enfrentamento ao racismo institucional, às violências de gênero, como a LGBTI+fobia e o machismo, ao capacitismo e à xenofobia, com uma agenda interna e externa.
A coordenadora de Estratégias de Integração Regional e Nacional, Zélia Profeta, lembrou que a nova coordenação atuará de maneira interseccional e transversal a todas as atividades da Fiocruz. “Essa é uma coordenação que radicaliza; ela vai na raiz, ela é potente, e essa é a grande característica dessa política [de Equidade Étnico-Racial e de Gênero] e dessa coordenação, que é radicalizar”.
“A criação desta Coordenação é um marco histórico muito importante, pois fortalecerá o conjunto de ações que façam com que a instituição seja mais inclusiva e diversa”, destacou a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, que esteve presente na cerimônia de lançamento da Cedipa. Em breve, a coordenadora da Cedipa terá uma agenda com a comunidade da Fiocruz Brasília. Maria do Socorro Souza, pesquisadora da Fiocruz Brasília e integrante do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça, também esteve presente no lançamento.
Durante o evento, vários representantes de comitês, coletivos e militantes de direitos humanos apoiaram a escolha do nome de Hilda Gomes, ressaltando a participação e a luta da coordenadora da Cedipa por uma Fiocruz e uma sociedade mais igualitária e equânime. “Apesar de termos uma política de acessibilidade lançada desde 2019, a gente tem muitos desafios e essa coordenação vem para estar junto, fortalecer a luta do comitê”, ressaltou Carolina Sacramento, representante do Comitê Fiocruz pela Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência.
Fotos: Fernando Taylor/Asfoc-SN
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