“O futuro é feminino?” O questionamento foi feito pela diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, refletindo sobre o tema da Semana Universitária da Universidade de Brasília (UnB), em que realizou a palestra de encerramento na última sexta-feira (29).
Ela apresentou dados do Relatório Luz (documento que aponta a situação do Brasil em relação às metas da Agenda 2030 e traz recomendações para diminuir as desigualdades no país) que retratam a realidade das mulheres no país: 5º país com maior acometimento de violência contra a mulher; mais de 51 mil casos de violência contra a mulher; uma mulher assassinada a cada 3 horas; mortalidade materna muito maior entre mulheres negras; 8 milhões de pessoas foram registradas com depressão e ansiedade na pandemia, sendo 67% mulheres; o Brasil é o país que mais mata a população LGBTQIAPN+. “Como o futuro é feminino em um país em que a gente ainda se depara com esses dados?”, provocou a reflexão.
Fabiana afirmou que os dados são relevantes para conscientizar a população de que é importante, cada vez mais, criar não só redes de afetos, mas também espaços de cuidado legítimos por meio de políticas públicas e institucionais, com uma união de esforços para legitimar essa afirmação.
“Ao mesmo tempo em que nos deparamos com esses dados, temos que olhar a história de muitas mulheres que abrem perspectivas e vêm construindo esse caminho para fazer com que eu hoje esteja aqui e fazer com que vocês estejam aqui em um futuro bem próximo”, afirmou ao apresentar fotos de mulheres que marcaram a história no Brasil, como Nísia Trindade Lima, Rita Lee, Bertha Lutz, Conceição Evaristo e Celina Turchi, cientista da Fiocruz que conseguiu identificar a associação do vírus zika com a microcefalia.
O trabalho da Fiocruz ao longo dos seus 123 anos também foi apresentado pela diretora, destacando o programa Mais Mulheres e Meninas na Ciência, em que todas as unidades da Fundação se unem para pensar e realizar ações para trazer mais mulheres e meninas para as universidades. Só em Brasília, mais de 2 mil meninas já foram contempladas com as atividades. “É uma ação potente. Dentro da Fiocruz criamos estratégias para que esse exercício de dignidade e cidadania possa acontecer na sua maior plenitude, garantindo uma discussão sobre qual é o papel da mulher e como cada vez mais podemos ter mais mulheres na ciência, na educação e em outros espaços”, disse ao citar também o Comitê de Equidade Pró Equidade Gênero e Raça da instituição, que busca garantir a construção de políticas e a disseminação de práticas mais equânimes dentro da Fiocruz, e a Política de Equidade Étnico-Racial e de Gênero da Fiocruz.
Damásio acredita que a UnB, universidade de referência para o Brasil e para o mundo, assumir que o futuro é feminino, é um ato de coragem, ousadia e esperança porque traz para a Semana Universitária a possibilidade de repetir como um mantra até que se incorpore no cotidiano. A diretora destacou que a universidade vem traçando caminho pela construção de um futuro mais justo, equânime e digno para todas as mulheres em sua diversidade.
O evento também contou com a participação da a secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad.
Fotos: Nathállia Gameiro/Fiocruz Brasília
LEIA TAMBÉM