O Núcleo de Populações em Situações de Vulnerabilidade e Saúde Mental na Atenção Básica (Nupop) da Fiocruz Brasília realizou, na última segunda-feira (18), o 1° Encontro de Avaliação do Colaboratório Nacional Pop Rua, reunindo parceiros para atualizar as atividades realizadas nos primeiros nove meses e traçar os próximos caminhos.
O projeto foi criado para acompanhar de perto as políticas públicas específicas e qualificar serviços e equipes que atendem pessoas em situação de rua. Hoje, mais de 236 mil pessoas vivem nas ruas das cidades brasileiras, segundo relatório do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania lançado em setembro de 2023. Cinco locais foram contemplados: São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador.
O pesquisador Marcelo Pedra, um dos coordenadores do Nupop e membro do grupo gestor do Colaboratório, definiu o projeto como um instrumento importante na defesa e promoção dos direitos humanos da população em situação de rua, tendo o protagonismo dos movimentos sociais e promovendo trabalho territorializado em parceria com entidades e universidades.
Concorda com Pedra, o coordenador do Movimento Nacional da População em Situação de Rua e conselheiro do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Vanilson Torres. Para ele, o Colaboratório traz possibilidades reais de mudança na vida das pessoas em situação de rua. “É um sonho realizado. Enquanto houver alguém em situação de rua, sempre existirão pessoas e instituições lutando para que elas possam sair da invisibilidade. Nas ruas estão seres humanos, é a classe trabalhadora, pessoas com histórias que merecem todo o respeito”, pontuou.
A representante do Fórum da Cidade em Defesa da População em Situação de Rua, Kelseny Medeiros, destacou o projeto como inovador e ousado e lembrou que por muitos anos só se via violações de direitos humanos de pessoas em situação de rua, avançando, aos poucos para o monitoramento e intervenção de políticas públicas em nível nacional. “O Colaboratório tem essa missão ousada de incluir pessoas que trabalham com essa temática em diversas regiões do país e é o primeiro projeto transversal construído com a população em situação de rua presente em todas as instâncias”, disse.
Durante o evento, as equipes do projeto apresentaram as atividades realizadas até o momento para a mobilização, articulação, qualificação, capacitação e conscientização de processos de trabalho de serviço que atuam pela autonomia da população em situação de rua com oferta de moradia e abrigamento ou geração de emprego e renda; mapeamento de serviços especializados e atendimento; acompanhamento de políticas públicas; articulação territorial para facilitar o acesso dessas pessoas a serviços, garantias de direitos e qualificação; além de atividades de pesquisa.
Para a diretora da Fiocruz Brasília e uma das coordenadoras do Nupop, Fabiana Damásio, a premissa da instituição é a presença no território, valorização do trabalho que já está sendo realizado e a força dos movimentos sociais para a construção de condições de vida mais digna para as pessoas em situação de rua.
“Precisamos estar cada vez mais unidos construindo essa agenda de forma coletiva. Sonho que se sonha junto se torna realidade. Que a gente siga sonhando muito juntos para que todos os planos colocados se tornem uma realidade, para a luta e sustentação dos direitos da população em situação de rua, promoção do cuidado à saúde mental, pelo exercício pleno da cidadania, pelo direito à moradia e por tudo mais que pudermos fazer em defesa da vida digna”, completou Damásio.
Ampliação
O Colaboratório conta com diversas parcerias como o Movimento Nacional Pop Rua (MNPR), a Frente Parlamentar Pop Rua da Câmara Federal, a Clínica Luiz Gama da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e o Núcleo de Diretos Humanos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR).
A partir dos próximos anos a atuação será expandida para outros territórios. Durante o evento, o diretor de Promoção dos Direitos da População em Situação de Rua do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Leonardo Pinho, anunciou a ampliação do projeto com mais nove polos descentralizados, aumentando a presença em todo o Brasil. O investimento será de 3,7 milhões de reais “para nacionalizar e territorializar cada vez mais. Precisamos avançar, melhorar, qualificar e ampliar o Colaboratório”, afirmou Pinho. A expansão se estende ainda às equipes da Escola Nacional Pop Rua e do grupo de pesquisa, ampliando assim a capacidade de atuação em diferentes locais simultaneamente.
O evento foi transmitido ao vivo pelo YouTube da Fiocruz Brasília e pode ser assistido aqui
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