A inteligência artificial (IA), apesar de parecer um tema recente, é uma área que está em desenvolvimento há muitas décadas, e se tornou uma realidade concreta que perpassa o nosso cotidiano. No Distrito Federal, foi criado pelo governo local, por meio do Decreto Nº 44.969, de 19 de setembro de 2023, um Grupo de Trabalho (GT) que busca promover estudos e elaborações para a implementação de um laboratório de inteligência artificial aplicada na região, um novo marco para a Inovação e Tecnologia.
A Fiocruz Brasília passou a integrar o GT, já em funcionamento, que reúne especialistas de diferentes áreas e é coordenado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), contando ainda com a participação da Universidade do Distrito Federal (UnDF) e a Secretaria de Ciência e Tecnologia e Inovação do Distrito Federal (SECTI). Da Fiocruz Brasília, participam o coordenador do Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade da unidade, Wagner Martins, e o coordenador do Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde, José Paranaguá de Santana, que estão atuando no subgrupo de normatização e já elaboraram um roteiro de análise para tecnologias digitais para a saúde.
Para Wagner, este é um reconhecimento pelo trabalho que a instituição vem realizando com a transformação digital na saúde e está alinhado a dois objetivos estratégicos do planejamento interno que serão fortalecidos com essa participação: transformação digital e inovação. Segundo ele, o convite para participação representa o valor que a Fiocruz tem para o território do DF. “A inserção da Fiocruz Brasília, com projetos que impactam a sociedade local, tem gerado cada vez mais o reconhecimento da nossa unidade. Estamos atuando no eixo de inteligência que compõe, desde 2012, a chamada nova institucionalidade, junto com a integração e a formação. A inteligência artificial apoiará tanto a integração quanto a formação de pessoas. Mas não só IA, temos a inteligência cooperativa, territorial e epidêmica. Como diz Mário Moreira (presidente da Fiocruz), a Fundação é um hub internacional para apoiar a Organização Mundial da Saúde com a inteligência. Nós conseguimos antecipar essa tendência. Portanto, podemos ser dentro da instituição um hub da Rede Fiocruz de inteligência cooperativa”, afirmou.
A expectativa do pesquisador é que seja possível criar uma forma de governança para o tema e que seja criado um ecossistema de inovação em IA que possibilite ao Distrito Federal se tornar referência nacional e, até mesmo internacional, com a capital sendo reconhecida como Brasília: o Cerrado Digital. “Quem sabe não surja um comitê de ética para avaliar os algoritmos de inteligência artificial das soluções que forem adquiridas pelo GDF?”, comenta Martins. Entre os benefícios para a população, Wagner espera que resulte em avanços significativos, com a população protegida dos efeitos colaterais dessa tecnologia e desfrutando de mais facilidades para viver na capital do país, além de desigualdades sociais, econômicas e sanitárias drasticamente reduzidas, “terminando com o Norocongo, metáfora que o professor Isaac Roitman utilizou para dizer que temos uma parte da população do DF vivendo como os noruegueses e outra bem maior submetidas as condições de miséria semelhantes ou pior que no Congo, país pobre da África”, finalizou.
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