Médico formado pela Universidade do Brasil (hoje UFRJ), teve a inesperada oportunidade de fazer um curso sobre uso clínico de radioisótopos e, com os conhecimentos adquiridos, partiu em uma viagem pelo interior do país para investigar a hipótese de correlação entre o bócio e a doença de Chagas – hipótese esta não confirmada. Pouco depois, enquanto lecionava, inquietou-se com o fato de que os alunos detestavam biofísica e, ao indagá-los, percebeu que eles não compreendiam a relevância do que estudavam. Propôs, então, a criação de um núcleo de integração de ciências básicas e, logo, os estudantes passaram a atuar em laboratórios multidisciplinares. Esta foi a primeira das muitas histórias com que o professor Luiz Carlos Lobo brindou os presentes no lançamento de seu livro “Uma Mente Irrequieta”, realizado nos jardins da Fiocruz Brasília na última terça-feira (23/4). “Minha vida foi assim cheia de novidades: um desafio abria caminho para outro maior, sempre com o apoio da família”, afirmou o consultor sênior da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) e da Fiocruz Brasília, acompanhado de sua esposa, Maria Cristina, a Kiki.
A diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, descreveu o livro como “uma autobiografia profissional recheada de histórias de vida e construída por uma mente genial”. “Lobo é esse espírito jovem que diariamente aqui na Fiocruz Brasília nos renova com suas boas ideias”, disse.
Lobo foi o responsável pela implantação da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), um projeto inovador pautado pela formação integral do médico, com conhecimentos científicos multidisciplinares voltados para a realidade e centrados no cuidado das pessoas. O autor lembrou com carinho do trabalho desenvolvido, à época, na Unidade Integrada de Saúde de Sobradinho, hoje hospital regional. “Pessoas de várias partes do mundo vinham conhecer a experiência”, contou. De volta à UFRJ, Lobo continuou inovando na educação, desta vez com um projeto de autoinstrução: os estudantes estudavam, cada um no seu ritmo; quando se sentiam preparados, dirigiam-se a um terminal de computador para a autoavaliação. “O resultado era muito bom. Os estudantes retinham melhor o conteúdo, em comparação às formas de estudo tradicionais”, salientou.
Outra passagem compartilhada por Lobo foi sua atuação no extinto Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), onde propôs inovações para aumentar a transparência na gestão, a melhoria dos indicadores e a participação da comunidade. “Havia, nessa época, a proposta de ações integradas de saúde, que foram um pouco precursoras do Sistema Único de Saúde (SUS)”, disse, saltando, então, para os dias mais recentes e comentando sua atuação na Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) e nas Residências da Fiocruz Brasília. Inclusive, egressos da Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade marcaram presença no evento e reverenciaram o professor Lobo como uma referência no fazer saúde e promover o direito à saúde no território.
Não bastasse todo esse legado, atualmente, Lobo é referência, também, nos estudos sobre inteligência artificial. “A IA, com sua capacidade de memória e velocidade de processamento, vai transformar cada vez mais o mundo à nossa volta. Ela já está entre nós: quem negar esse futuro ficará ultrapassado rapidamente”, finalizou o autor, dirigindo-se à mesa de autógrafos, sem deixar dúvidas de que “Uma Mente Irrequieta” como a sua não tem limites.
Realizado no Dia Mundial do Livro, o lançamento foi promovido pelo Núcleo de Memória Institucional (Numi) da Fiocruz Brasília.
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