A saúde mental no Distrito Federal foi tema de sessão solene realizada na última terça-feira (28), em alusão ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, na Câmara Legislativa do DF.

A diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, declarou que para a luta antimanicomial acontecer, é preciso da ação de toda a sociedade. “Falar de luta antimanicomial é não perder a memória sobre as dores presentes nesses espaços de colônias e manicômios. Que possamos combatê-los juntos e que esses nomes realmente possam sair do nosso dicionário”, afirmou ao lembrar que a luta pelos direitos precisa ser antirracista, contra toda e qualquer forma de violência e pela diversidade e equidade.

A psicóloga destacou dois momentos importantes para a construção de uma agenda coletiva entre as instituições presentes no evento: a reconstrução da política de saúde mental pelo Ministério da Saúde, valorizando as Redes de Atenção Psicossocial (RAPS) por meio de educação e ações no território; e a Conferência Nacional de Saúde Mental, que Damásio definiu como um reforço da luta pela cidadania.

Fabiana falou ainda sobre os trabalhos da Fiocruz na área de saúde mental, como a pesquisa “Territórios da Construção de Si: processos de desinstitucionalização de jovens e adolescentes pela maioridade”, com jovens acolhidos em abrigos da assistência social do DF; as ações com a população em situação de vulnerabilidade e de rua; e a exposição e mini documentário Morar em Liberdade – Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira.

O filme, coordenado pela historiadora e pesquisadora do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da Fiocruz Brasília, Fernanda Severo, foi produzido em parceria com a TV Pinel. Ele evidencia as condições degradantes de um dos maiores hospitais psiquiátricos brasileiros, em Barbacena (MG), apresenta imagens das pessoas que sobreviveram ao período das longas internações psiquiátricas e enfatiza o cuidado em liberdade. No início do Seminário na Câmara Legislativa do DF, uma parte do vídeo foi exibida aos representantes de movimentos sociais, coletivos, servidores, usuários e entidades ligadas à causa.

“O vídeo é o retrato de todas as lutas que temos feito em cada pedaço do Brasil. Somos nós que precisamos ficar estarrecidos e chocados com toda essa gravidade de violência para que realmente a liberdade como vem sendo colocada ao longo da história seja terapêutica, o cuidado em liberdade seja a representação da vida digna e morar em liberdade seja direito ao sonho. Que todas as pessoas sigam com direito de sonhar”, declarou. Para ela, o momento da luta antimanicomial é um momento de reafirmação de todas as lutas e das políticas públicas necessárias para garantir que realmente em cada canto haja esperança para todas as pessoas que convivem e demandam cuidado, sejam protagonistas de suas próprias histórias. “Por mais vida, mais saúde e mais cidadania”, finalizou.

Participaram da mesa de abertura do seminário os promotores de justiça Luisa de Marillac, da Promotoria da Infância e da Juventude, e Clayton Germano, da Promotoria de Defesa da Saúde; o deputado Gabriel Magno; a deputada federal Érika Kokay; a diretora de serviços de saúde mental da Secretaria de Saúde do DF; Fernanda Falcomer; o subsecretário de Assistência Social, Coracy Chavante; e o representante do Fórum Revolucionário Antimanicomial do DF Cleiton Silva de Souza. 

Assista ao evento completo aqui