Nusmad/Fiocruz Brasília*
O Núcleo de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (Nusmad) da Fiocruz Brasília e a TV Pinel lançaram o 4º episódio da websérie Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira. A nova produção audiovisual traz o foco para as trabalhadoras da saúde e para a assistência de base territorial, com três mulheres que contam os esforços cotidianos da transição ocorridos nos municípios de Barbacena (MG – 2000, por Leandra Vidal), Paracambi (RJ – 2012, por Oliésia Esteves) e Juiz de Fora (MG – 2013, por Rosane Jacques).
Leandra, Oliésia e Rosane falam sobre as mudanças materiais, culturais e subjetivas no âmbito social e sobre a tessitura de tramas de acolhimento, dignidade, respeito e garantias de direitos que exigia uma sustentação diária. “Por seus relatos, lembramos que a Reforma acontece no mundo concreto pelo empenho das pessoas reais, envolvidas, desejosas de dias melhores. Essas três trabalhadoras mostram consonâncias em muitas dificuldades, mas também em sucessos, crescimentos e inspirações. Mostram que a ‘produção de vida’ em liberdade é obra de persistência, afeto e coragem que ultrapassa a noção de ‘cura’, ampliando possibilidades de invenção da saúde de forma singular na conquista da autonomia e da contratualidade social”, conta a historiadora e pesquisadora da Fiocruz Brasília, Fernanda Severo, integrante da direção coletiva da websérie.
Assista ao 4º episódio – “Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira: Trabalhadoras da Saúde”
Entre 2017 e 2019, em parceria entre Nusmad (Fiocruz Brasília) e TV Pinel, foram coletadas cerca de 28 narrativas em primeira pessoa com sujeitos históricos das políticas públicas contemporâneas de Saúde Mental, trabalhadores e usuários. Histórias de vida e trabalho que interpelam o lugar social da loucura e da inclusão social, visando colaborar com a redução de estigmas em relação à população egressa de instituições totais.
O acervo deu origem à websérie “Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira”, que traz histórias reveladoras da humanidade que a Reforma Psiquiátrica apostou e construiu no Brasil, com depoimentos de usuários egressos de longas internações e trabalhadores. Seus primeiros episódios foram compostos durante a pandemia de Covid-19 e são parte da produção audiovisual do canal “Morar em Liberdade” que, junto com a série “Cantantes” e outros curtas, possui versões em inglês e italiano.
O projeto “Memórias da Saúde Mental: Cultura, Comunicação e Direitos Humanos”/ “Morar em Liberdade”, do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (Nusmad), que acontece atualmente (2024 a 2027) vinculado a uma meta de atividades descentralizadas do Departamento de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas (Desmad), que integra a Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, produz e difunde acervo multimídia de testemunhos da Reforma Psiquiátrica Brasileira e, assim, lança luz nos processos de desinstitucionalização consolidados por meio da Rede de Atenção Psicossocial no Brasil.
O novo ciclo deste projeto de ciência, arte e comunicação pela Saúde Mental e pela Reforma Psiquiátrica Brasileira antimanicomial é uma pesquisa histórica interdisciplinar coordenada de forma colaborativa e interinstitucional por profissionais do Nusmad, sediados em Brasília e no Rio de Janeiro. Desde o princípio, a pesquisadora e historiadora Fernanda Severo, integrou nesse grupo de trabalho outros historiadores, psicólogos, jornalistas, artistas gráficos, profissionais de fotografia e audiovisual e usuários da saúde mental da região sudeste do Brasil. A concepção dos novos formatos e ações comunicacionais sobre o cuidado em liberdade consolida uma memória do tempo presente para que se possa sustentar a energia para seguir trabalhando pelo cuidado de base territorial no Brasil.
Confira a playlist da Websérie (Todos os episódios em português e as versões em inglês e italiano)
Histórico da pesquisa
A pesquisa é de vertente sócio histórica longitudinal, iniciada em 2017, e prioriza os dispositivos das políticas públicas contemporâneas de Saúde Mental em suas múltiplas interfaces com a garantia de Direitos Humanos. Configura-se como um projeto interdisciplinar de resgate, guarda e difusão de histórias de vida da Reforma Psiquiátrica Brasileira que inclui histórias de si e narrativas dos formuladores e gestores de políticas públicas, trabalhadores da atenção psicossocial, representantes do legislativo, do executivo federal, dos movimentos sociais e usuários da Saúde Mental. Como experiência comunicacional da ciência, consolida um acervo histórico de pesquisa qualitativa sobre políticas de Saúde Mental, especificamente os desdobramentos históricos da Reforma Psiquiátrica Brasileira (1991-2023). Atualmente tem acervo de cerca de 40 horas de documentação audiovisual, com entrevistas realizadas entre 2017 e 2019 com ex-internos e trabalhadores da Atenção Psicossocial de Juiz de Fora (MG), Barbacena (MG) e Paracambi (RJ) e com gestores, formuladores e trabalhadores das políticas públicas de Saúde Mental.
Seu banco de dados multimídia, desde 2020, é depositado em repositório institucional (Ciência Aberta) no Arca Dados da Fiocruz, sendo a primeira pesquisa qualitativa da área inserida em repositório de Ciência Aberta. Esta ação fomenta diálogos em comunidades técnico-científicas e em disciplinas do Mestrado em Políticas Públicas em Saúde da Escola de Governo Fiocruz.
Além da websérie, tem entre suas ações comunicacionais a Linha do Tempo da Reforma Psiquiátrica Brasileira; a Instalação artística “Morar em Liberdade – Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira“ , e uma linha editorial multimídia.
*Com edição da Assessoria de Comunicação da Fiocruz Brasília
LEIA TAMBÉM