Quatro adolescentes, três meninos e uma menina, politizados, engajados, sabedores e reivindicadores de seus direitos. Um ainda mora em instituição de acolhimento para crianças, adolescentes e jovens. Dois, egressos por completarem a maioridade. A menina tornou-se egressa ao ser adotada junto com o filho de dois anos. Estênio Eduardo Santos, Aleksandro Souza, David Santos e Tainá Sousa falam por si e emprestam as suas vozes a tantos outros Aleksandros, Davids, Estênios e tantas outras Tainás que ainda vivem nessas instituições ou que estão prestes a sair. Em um tom uníssono, defendem: “não falem de nós sem a nossa presença!”
Protagonistas de suas histórias, eles participaram da Comissão Geral “Saúde Mental e Cidadania das Juventudes do Distrito Federal: viver e ser egresso dos serviços de acolhimento”, no plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), ao lado da diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio. A Comissão marcou o Dia Mundial de Saúde Mental, celebrado na quinta-feira, 10 de outubro.
Na pauta do dia, os jovens reivindicaram direitos que assegurem suas autonomias e segurança social após saírem dessas instituições, como oportunidades de trabalho, cursos profissionalizantes, auxílio moradia, dentre outros. “Não queremos ser vistos como ‘coitadinhos’. Isso é uma coisa que me irrita, particularmente. Queremos ter oportunidades para seguir a nossa vida”, afirmou Aleksandro Souza.
A Comissão Geral inaugura a nova fase da pesquisa-ação dentro da Agenda da Juventude, em uma parceria entre a Fiocruz Brasília, por meio do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas (Nusmad), e a Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude (PJIJ) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
“É fundamental que a gente consiga expandir o serviço de apoio para a transição desses jovens, fortalecendo as redes, investindo em moradia assistida, em oficina de profissionalização, acesso ao trabalho assistido, e tantas outras modalidades de inserção social, com acompanhamento social e psicológico, para trabalhar nos jovens a questão da autonomia”, sublinhou Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília.
Histórico
Entre 2021 e 2024, a Fiocruz Brasília, por meio do Nusmad, e a Promotoria de Justiça da Defesa da Infância e da Juventude do MPDFT promovem o Projeto “Territórios da Construção de Si: Processos de desinstitucionalização de jovens e adolescentes pela maioridade”, junto aos serviços de acolhimento do DF.
Durante o período, cerca de 100 acolhidos, entre 14 e 19 anos, foram ouvidos sobre temas fundamentais, como a construção da autonomia, a ampliação das trocas sociais e a garantia de acesso a direitos básicos e fundamentais (saúde, moradia, educação, trabalho e renda). Avançando para além da escuta, esses adolescentes e jovens chegaram a lugares de construção de políticas públicas, como ouvintes, pesquisadores sociais e delegados de Conferências Nacionais, em uma prática que visa estimular o controle social dos seus direitos.
Assista ao minidocumentário “Morar em Liberdade e Juventude(s)
Na 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental – Domingos Sávio, dezembro de 2023, a 13ª edição da Instalação “Morar em Liberdade: Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira” ampliou seu público, recebendo adolescentes e jovens dos serviços de acolhimento da Assistência Social do DF para rodadas de diálogos e entrevistas sobre o papel das Conferências nas políticas públicas de saúde mental brasileiras e no controle social.
Ocupando a Conferência histórica com seus corpos, vozes e olhares, esses pesquisadores sociais do projeto “Territórios da Construção de Si” participaram de oficina de Comunicação Comunitária com a TV Pinel e provocaram reflexões sobre a presença de adolescentes em locais de política pública, além de descobrirem seus talentos e enxergarem possibilidades de futuro.
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