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Saúde nas margens: assistência e pesquisa para comunidades ribeirinhas

Nathállia Gameiro 20 de março de 2025


A enfermeira e epidemiologista Mariana Pastorello Verotti, pesquisadora e assessora da direção da Fiocruz Brasília, embarca, no próximo final de semana, em uma expedição da saúde pelo Pantanal. A bordo de um navio, ela será uma das responsáveis pela triagem e coleta de amostras de 13 comunidades ribeirinhas do Tramo Norte do Rio Paraguai, de Ladário (MS) a Cáceres (MT), e pelo auxílio e pela orientação de condutas de prevenção de doenças transmissíveis.

 

A ação faz parte do projeto Navegação Ampliada para Vigilância Intensiva e Otimizada (Navio), uma iniciativa idealizada e coordenada pelo pesquisador Luiz Alcântara, da Fiocruz Minas Gerais, em parceria com a Marinha do Brasil e outras instituições internacionais e brasileiras, como as secretarias de Saúde do Mato Grosso do Sul (SES-MS) e do Mato Grosso (SES-MT). Juntas, elas levam assistência médica e odontológica, além de pesquisas epidemiológicas, genômicas e climáticas a quem mais precisa, buscando oferecer mais qualidade de vida à população ribeirinha.

“Sempre acreditei no Sistema Único de Saúde e sei que têm pessoas sem acesso fácil a alguns serviços de saúde, como as populações indígena e ribeirinha, também chamados de povos originários. Eu acredito que vou fazer muita diferença na vida dessas pessoas como enfermeira, epidemiologista, defensora e profissional que atua no SUS há 31 anos. Vou trabalhar com uma única saúde junto com outros profissionais, na coleta, triagem e resultado de exames e doenças”, afirmou Mariana ao lembrar da alegria que teve ao receber o convite para participar da expedição.

 

A pesquisadora destaca também a atuação da Fiocruz Brasília na área epidemiológica e a importância da instituição participar da expedição. “Na unidade, temos o Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde, que atua em diferentes vertentes, como trabalho de campo, projetos com doenças transmissíveis, por exemplo, arboviroses, leishimaniose, infecções sexualmente transmissíveis e doença de chagas, além do Programa de Residência em Vigilância em Saúde e projetos que o Gabinete tem voltados às políticas de defesa e de promoção dos direitos humanos para os povos indígenas e a população ribeirinha”, sublinhou.

 

Esta é a quarta missão e conta com três embarcações para o transporte de toda a tripulação, garantindo suporte para os atendimentos e as ações ao longo do trajeto. Com base no conceito de Saúde Única (One Health), que estabelece a interação entre a saúde humana, animal e o meio ambiente, as equipes identificarão patógenos virais circulantes nas comunidades ribeirinhas e estudarão o impacto das mudanças climáticas na saúde pública. Para isso, no navio foi montado uma miniversão do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), contando com insumos e equipes das secretarias de saúde do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Toda essa estrutura possibilita testar amostras de aves migratórias, águas residuais e vetores, além das amostras coletadas para diferentes doenças, entre elas dengue, chikungunya, zika, covid-19, influenza, HIV, HTLV, sífilis, leptospirose, febre maculosa, leishmaniose, doenças fúngicas e diferentes parasitoses intestinais.  

 

A primeira edição do projeto foi realizada em dezembro de 2023 e percorreu as comunidades de Porto Murtinho, Forte Coimbra, Porto Esperança, Porto Morrinho e Porto da Manga, em que foram realizados atendimentos odontológicos, procedimentos médicos, aplicadas vacinas e distribuídos kits odontológicos. Já em 2024, a segunda edição percorreu as comunidades do Tramo Norte do rio Paraguai, de Ladário (MS) a Cáceres (MT) e realizou mais de 500 atendimentos médicos e odontológicos, além de ações de vigilância em saúde, vacinação, distribuição de filtros de água e educação sanitária. Neste ano, ao voltar à região, os pesquisadores buscam avaliar a incidência de doenças infecciosas de um ano para outro e a relação com as alterações climáticas. Serão cerca de 30 dias de expedição, levando assistência e inovação para comunidades ribeirinhas.  

 

Fotos: Divulgação Marinha do Brasil

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