Por Luana Gomes / Projeto Ecoilê
O projeto Ecoilê se destaca como uma iniciativa fundamental para a promoção de práticas sustentáveis e o fortalecimento das comunidades de terreiros de matriz africana. Ao integrar agroecologia, soberania alimentar e as práticas tradicionais, o Ecoilê não só contribui para a preservação ambiental, mas também resgata e valoriza a importância cultural e histórica dessas comunidades. A inclusão de novos terreiros no projeto é um passo significativo, pois além de garantir a segurança alimentar, o Ecoilê também combate a marginalização e promove o respeito às religiões de matriz africana, que enfrentam constantes desafios para preservar e ser reconhecidas na sociedade.
O terreiro, Santuário de Maria – Terreiro da Vovó Maria Conga, situado em Planaltina, na periferia de Brasília (DF), é o mais recente terreiro a integrar o projeto, totalizando oito participantes. Este espaço sagrado, que há décadas realiza atividades de culto, educação e resistência, agora contará com recursos e apoio para ampliar suas ações, tanto na preservação ambiental quanto no fortalecimento da sua herança religiosa e cultural. Além disso, o terreiro passará a adotar práticas de agroecologia e promover a soberania alimentar, reafirmando a importância de uma relação harmoniosa com a terra e de formas de produção sustentáveis, que respeitam os saberes ancestrais, contribuindo para a autonomia e segurança alimentar da comunidade.
Durante a primeira visita ao terreiro, a vice-diretora da Fiocruz Brasília e coordenadora do Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin), Denise Oliveira, destacou a importância do projeto. Ela explicou que o foco do Ecoilê está em três eixos principais: soberania alimentar e agroecologia, promoção da saúde e patrimônio. “O objetivo é tornar os terreiros autossustentáveis, integrando práticas agroecológicas, saúde, o uso de plantas medicinais e o respeito ao meio ambiente, além de valorizar o potencial dos terreiros como espaços de cura e preservação cultural”, ressaltou.
O professor Paulo Cabral, do Instituto Federal de Brasília (IFB) e coordenador do projeto, destacou a parceria entre a Fiocruz e o IFB, ressaltando a contribuição dos conhecimentos em agroecologia. Ele explicou os próximos passos do projeto, que envolverão os temas principais e, por meio da cartografia social, serão identificadas as necessidades e potencialidades de cada terreiro. Cabral também enfatizou a importância das “antenas” como pontos focais, responsáveis por coordenar o projeto e atuar como agentes de ligação entre todos os envolvidos, com a gestão dos recursos ficando a cargo dos próprios terreiros.
A chegada de mais um terreiro ao projeto é, portanto, uma celebração da pluralidade cultural e religiosa, reforçando a importância de iniciativas que valorizam e respeitam as tradições ancestrais. Assim, o Ecoilê se consolida não apenas como um marco no movimento ambientalista, agroecológico e da soberania alimentar, mas também como um exemplo de como a sustentabilidade pode caminhar de mãos dadas com a diversidade cultural.
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