Novo material didático contribui para o fortalecimento da vigilância popular em saúde no DF

Fernanda Marques 3 de julho de 2021


“É o povo cuidando do povo e em defesa do SUS”. A importância dessa ação foi lembrada por todos os participantes da live de lançamento do “Caderno de Orientações do Agente Popular de Saúde“, realizada no dia 17 de junho. O material didático integra o Curso de Formação de Agentes Populares de Saúde, fruto de uma parceria entre mais de uma dezena de instituições e movimentos sociais, com coordenação da Fiocruz Brasília. O Curso atende a uma demanda colocada no Plano Popular de Enfrentamento à Covid-19, documento elaborado durante o 1º Fórum Popular Distrital de Saúde, em dezembro do ano passado, uma iniciativa do Conselho de Saúde do Distrito Federal, com o apoio da Fiocruz Brasília.

 

“A formação dos agentes populares de saúde é uma experiência de educação que reafirma todos os princípios e valores da nossa Escola: um lugar de encontro, de construção de tessituras, afetos e conhecimentos, onde a gente aprende e ensina um com o outro para fortalecer o SUS, em defesa da vida”, afirmou a diretora da Escola de Governo Fiocruz – Brasília, Luciana Sepúlveda. “É fundamental seguir nessa construção com os parceiros, estreitando os vínculos, para a sustentabilidade das ações”, acrescentou.

 

Para o tecnologista da Fiocruz Brasília Osvaldo Bonetti, integrante da Comissão Político-Pedagógica (CPP) do Curso e da Coordenação Editorial do Caderno, a publicação é um importante instrumento para fortalecer a resistência à pandemia. “A vigilância popular contribui para o controle dos casos e das situações de risco a partir de uma leitura da realidade que considera aspectos relacionados à educação, ao trabalho, à renda, à segurança, ao saneamento, ao acesso à informação e à internet, entre outros fatores que impactam a saúde e a qualidade de vida das populações”, disse Osvaldo, que participa do Programa de Promoção da Saúde, Ambiente e Trabalho (PSAT) e do Radar de Territórios Covid-19. “A vigilância popular em saúde é um processo participativo e colaborativo, onde se encontram os saberes dos territórios e da epidemiologia, com uma linguagem simples e acessível, ancorada na ciência, para fortalecer o protagonismo popular e o controle social”, completou.

 

O Caderno tem como base a cartilha “Agentes Populares de Saúde: ajudando minha comunidade no enfrentamento da Covid-19”, produzida no início da pandemia pela campanha Mãos Solidárias/Periferia Viva, com a participação da pesquisadora da Fiocruz Pernambuco Paulette Cavalcanti. O novo documento, adaptado para o contexto atual, traz contribuições significativas para a prevenção, o cuidado e o enfrentamento da Covid-19 e suas consequências nos territórios. “A vigilância popular tem que ser um processo para ficar, para fortalecer o SUS com um trabalho de base, permanente, que não acabe no pós-pandemia”, destacou Paulette.

 

Para a assistente social Ágata Parentes, coordenadora da campanha Nós por Nós, integrante da CPP do Curso e colaboradora do Caderno, os agentes populares de saúde constituem uma metodologia de trabalho de base, que consiste em escutar e compreender as demandas do território, e assim construir processos de solidariedade. “Uma solidariedade ativa, não de fora para dentro, mas de dentro para dentro da comunidade”, enfatizou. “É preciso ouvir as questões que afligem o povo. Por isso é tão importante essa metodologia de chegar junto, dialogar, construir e enfrentar coletivamente os problemas. Esperançar não é esperar que as coisas aconteçam, é fazer acontecer”, apontou Selvino Heck, coordenador do Conselho Latino-Americano de Educação Popular.

 

O importante papel de mobilização desempenhado pelos agentes populares foi sublinhado pelos participantes da live. “Agentes populares de saúde são mobilizadores da autonomia dos territórios, trançando o compartilhamento de saberes, diversidade e pluralidade”, definiu a médica de saúde da família Lilian Gonçalves, representante da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, e integrante da CPP do Curso e da Coordenação Editorial do Caderno. “A vigilância popular atua também no sentido de organizar a comunidade e mobilizar uma inteligência cooperativa que ajude a dar respostas reais para problemas reais”, indicou o coordenador de Integração Estratégica da Fiocruz Brasília, Wagner Martins, que comentou, ainda, o papel da Plataforma de Inteligência Cooperativa com a Atenção Primária à Saúde (Picaps), “que, como um lego, vai juntando os atores sociais que estão nos territórios e nas instituições para construir soluções”.

 

A formação de agentes populares de saúde no DF já está em curso, e ela ocorre em duas etapas: a formação dos educadores e a formação dos agentes. Esta, por sua vez, se divide em três módulos, apresentados pela tecnologista do Ministério da Saúde Etel Matielo, também integrante da CPP do Curso e da Coordenação Editorial do Caderno. Os três módulos, refletidos na estrutura da publicação, abordam: conhecimentos sobre o vírus, a doença e a vacina; cuidados com a comunidade; e direitos sociais e acesso aos serviços e às políticas públicas. “Mesmo quem não está em um processo de formação pode aproveitar o Caderno e utilizá-lo no seu contexto, na sua comunidade”, convidou Osvaldo.

 

Clique aqui para acessar o Caderno de Orientações do Agente Popular de Saúde

 

Durante o evento, foi feita uma homenagem a Simone Leite, importante expoente da educação popular, falecida em 12 de junho.

 

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