O Papilomavírus Humano (HPV – sigla em inglês) afeta quatro entre cinco mulheres em todo o mundo, embora a maioria nunca apresente sintomas. É ainda responsável por quase meio milhão de mortes por ano. Os dados foram apresentados durante o Seminário Internacional de Conscientização do HPV, realizado no dia 4 de março, na Fiocruz Brasília. Organizado pelo Projeto Marco (Manejo do Risco de Câncer Cervical), o evento buscou destacar a importância da prevenção, detecção precoce e tratamento do HPV, especialmente no contexto do risco do câncer cervical.
A consultora sênior do National Cancer Institute (NCI) e Board Member of The International Papillomavirus Society (IPVS), Ana Cecília Rodriguez, ressaltou que é possível superar esse risco global. “São pessoas de todas as origens, nacionalidades, raças e gêneros. Vidas que podem ser salvas porque temos ferramentas à nossa disposição: vacinas e rastreio cervical que detecta o câncer e pré-câncer. O HPV pode estar no nosso controle”, afirmou.
Ao parabenizar o trabalho realizado pela equipe do Projeto Marco, a pesquisadora falou sobre o papel das instituições de saúde em fornecer informação e conhecimento para que as pessoas tomem decisões para reduzir o risco de câncer relacionado ao HPV. “Que vocês continuem fazendo esse trabalho para ajudar cada vez mais mulheres no Brasil e que as mulheres pelo mundo possam desfrutar dos benefícios da nova tecnologia que estamos experimentando”, disse.
Para a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, o seminário permitiu reunir competências e experiências em torno de um problema muito sério que ainda atinge as mulheres. Ela destacou o desafio de ampliar a cobertura vacinal, para que cada vez mais meninas e mulheres estejam protegidas contra o HPV.
“É um momento de celebrar um ano de concretude das parcerias que estão sendo construídas em torno de um projeto tão importante, mas principalmente de alerta para a população e de renovação das nossas lutas em torno de uma doença que acomete ainda tantas pessoas. Que cada vez mais a tecnologia de cuidado à saúde garanta acesso para as mulheres”, afirmou ao lembrar que a incorporação do teste molecular de HPV no SUS é importante para ampliar esse acesso. “Que continuemos sendo um dos espaços de cuidado, lembrando da necessidade de trabalhar com a mulher, reconhecendo sua pluralidade e diversidade para que todas as mulheres tenham direito ao cuidado”, finalizou.
A pesquisadora da Fiocruz Brasília e uma das coordenadoras do projeto Marco, Ana Ribeiro, definiu o seminário como um passo importante na conscientização do HPV, junto com a incorporação de tecnologias para o avanço na prevenção do câncer cervical. “Já temos a imunização, através das vacinas e estamos realizando agora a conscientização através desse evento em um mês tão simbólico para todos nós, o mês das mulheres. É gratificante estarmos reunidos para lembrar, falar e mostrar a importância tão grande dessa temática para o nosso país”, completou.
A extensa rede de parceiros do Projeto Marco (Manejo do Risco de Câncer Cervical) foi citada pela também coordenadora, Tainá Raiol, assim como os pesquisadores que integram a pesquisa e buscam trazer novas tecnologias para a prevenção do papilomavírus e melhoria do SUS e do acesso à saúde das mulheres, especialmente as mais vulneráveis.
O principal objetivo da pesquisa é avaliar a efetividade de novas estratégias de rastreio e triagem cervical baseadas em HPV utilizando amostras autocoletadas. A amostra é analisada no laboratório coordenado pela Fiocruz Brasília e localizado no Hospital Universitário da Universidade de Brasília (HUB/UnB), fruto de um acordo entre o Ministério da Saúde e o National Cancer Institute (NCI), dos Estados Unidos, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e outros parceiros. O laboratório foi inaugurado há quase um ano, em 29 de março de 2023.
A previsão é que sejam testadas 10 mil mulheres do Distrito Federal. Semanalmente a equipe do projeto passa em diferentes regiões do DF em postos itinerantes de coleta. Saiba mais.
A importância da prevenção, detecção precoce, compreensão e disseminação de informações sobre o HPV, assim como as ações de instituições ao redor do mundo para melhoria desse cenário foram debatidas pela pesquisadora sênior de Harvard Nicole Campos; a médica pesquisadora do Inca Flávia Corrêa; a pesquisadora Carmen Romero, da Coordenação do Núcleo de Avaliação de Tecnologias da Fiocruz e assessora técnica da Coordenação de Atenção Especializada no Ministério da Saúde Aline Leal. Elas defenderam as políticas baseadas em evidências para que os países tomem as melhores decisões sobre rastreio, tratamento e vacinação.
Campanha Uma Preocupação a Menos
Celebrado ao redor do mundo no dia 4 de março, o Dia Internacional de Conscientização sobre o HPV traz reflexão sobre a importância de se prevenir o câncer do colo do útero. A Sociedade Internacional do Papilomavírus (IPVS) promove a campanha global #onelessworry ou “Uma Preocupação a Menos”, em tradução livre para o português, que reúne informações com medidas para reduzir o risco de câncer relacionado ao HPV. Confira em www.askabouthpv.org.
Confira aqui as fotos do evento.