Agentes Populares de Saúde do Campo: Celebrando 40 Anos do MST e a Integração da Agroecologia na Promoção da Saúde

Fiocruz Brasília 1 de outubro de 2024


A exposição Agentes Populares de Saúde do Campo em cena rumo aos 40 anos do MST foi um dos destaques da 2ª Conferência de Promoção da Saúde, realizada em outubro de 2024, no campus Manguinhos da Fiocruz, no Rio de Janeiro. Em comemoração aos 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), André Fenner, pesquisador do Programa de Promoção da Saúde, Ambiente e Trabalho (PSAT) da Fiocruz Brasília, apresentou as iniciativas desenvolvidas pelos agentes populares de saúde do campo. O foco esteve na agroecologia e na promoção da saúde integrada ao ambiente, que se fortalece em parceria com o movimento. 

 

A exposição abordou a trajetória dos Agentes Populares de Saúde do Campo, uma iniciativa que surgiu no contexto da pandemia de covid-19 e que continua a impactar positivamente as comunidades brasileiras do campo. A parceria entre o PSAT/Fiocruz Brasília e o MST tem como base a Agroecologia na Vigilância Popular em Saúde (VPS), promovendo a saúde e o cuidado com o território e o meio ambiente nos estados do Ceará, Distrito Federal, São Paulo e Rio Grande do Sul.  

 

Os agentes têm atuado no fortalecimento da autonomia das comunidades, promovendo práticas de agroecologia e contribuindo para a soberania alimentar e ambiental. “O processo formativo dos agentes populares de saúde do campo não se limitou à pandemia. Ele gerou um legado duradouro, integrando o cuidado com a saúde humana e o cuidado com o ambiente”, afirmou Fenner. 

 

O curso de formação de Agentes Populares teve início no Ceará, entre 2020 e 2021, onde foi distribuído álcool 70%, máscaras e realizadas oficinas de produção de sabão. Mais de 750 famílias e 2 mil pessoas foram beneficiadas com práticas que uniam a promoção de quintais produtivos e a distribuição de alimentos em resposta à crise da covid-19. Essa iniciativa expandiu-se para outras regiões, como o Distrito Federal, onde mais de 100 agentes foram formados, resultando na criação de sistemas agroflorestais, hortas comunitárias e reuso de água, práticas essenciais para a promoção da saúde sustentável. 

 

Em São Paulo, a formação de agentes nos assentamentos Rosa Luxemburgo, Fazenda Pirituba, São Bento e Mário Lago começou em 2023, consolidando a integração entre saúde, agroecologia e a participação popular na promoção de territórios mais saudáveis. 

 

O MST é um dos principais parceiros para mobilização e aproximação comunitária. Ao longo dessas quatro décadas, lutou pelo cumprimento da função social da terra, produtiva e sustentável, beneficiando mais de 600 mil famílias assentadas em 24 estados do Brasil. Da experiência com os Agentes, a importância do movimento se apresenta como uma força motriz para o desenvolvimento das políticas de promoção da saúde e da agroecologia, reforçando a participação ativa das comunidades no cuidado coletivo com a saúde e o meio ambiente. 

 

A 2ª Conferência de Promoção da Saúde reforça, assim, a importância de integrar movimentos sociais e a agroecologia na promoção da saúde pública, com os Agentes Populares de Saúde do Campo sendo um exemplo concreto de como essa interseção pode transformar realidades. À medida que o MST se aproxima de seu 40º aniversário, a perspectiva é que esses agentes continuem sendo protagonistas na construção de uma saúde mais equitativa, sustentável e enraizada nas necessidades das populações rurais do Brasil. 

 

*Com informações de Gabriel Maia (PSAT/Fiocruz Brasília)

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