*Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)
De acordo com dados divulgados na última quinta-feira (7/11) pelo observatório Copernicus, da União Europeia, 2024 deverá ser o ano mais quente da História, superando 2023, que já tinha recebido este triste título, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). O desafio trazido pelo aquecimento global e as consequentes mudanças climáticas são, provavelmente, o maior desafio que a Humanidade enfrenta na atualidade. E, com a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP29, que ocorre de 11 a 22 de novembro, em Baku, no Azerbaijão, o tema se torna ainda mais premente.
O problema, apesar de afetar a todos, sem dúvida atinge mais os que estão em situação de maior vulnerabilidade. Os países que enfrentam processos sociais de urbanização acelerada e não planejada e mudanças ambientais que determinam vulnerabilidade socioambiental são os mais afetados. O Brasil todo viu o devastador desastre causado pelas enchentes de abril e maio deste ano no Rio Grande do Sul, a maior catástrofe climática do estado, que afetou cerca de 2,4 milhões pessoas em mais de 90% dos municípios gaúchos, matou 183 pessoas e deslocou mais de 440 mil de suas casas.
Na ocasião a Fiocruz instalou uma sala de situação para apoiar as ações do Centro de Operações de Emergência do Ministério da Saúde no Rio Grande do Sul. Pesquisadores do Observatório de Clima e Saúde e da Escola Nacional de Saúde Pública foram os representantes da Fundação. É nítido o aumento do número de desastres no Brasil nos últimos anos. E, influenciados pelas mudanças climáticas, estão mais frequentes e intensos, deixando um rastro cada vez maior de vítimas. Entre as principais razões para as mudanças climáticas estão a expansão da queima de combustíveis fósseis e o avanço do desmatamento como forma de ampliar as fronteiras agrícolas.
As queimadas, que fizeram o Brasil arder nos últimos meses, também trazem impactos severos ao meio ambiente. A destruição de biomas como a Amazônia, onde caudalosos rios têm secado e vastas porções da floresta vão abaixo, para horror dos brasileiros e espanto do mundo, gera perda de biodiversidade e compromete a purificação do ar e a regulação do ciclo da água. A Amazônia desempenha um papel fundamental na absorção de dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases do efeito estufa. Assim, a destruição da floresta agrava o aquecimento global e a crise climática.
Diante deste cenário que põe a civilização diante de um gigantesco desafio, a Agência Fiocruz de Notícias (AFN) publica um Especial que apresenta as mais recentes pesquisas e ações da Fundação no tema das mudanças climáticas. Os textos deste conteúdo abordam a contaminação do ar, o aumento dos eventos extremos (climatológicos, hidrológicos, meteorológicos e geológicos) e o impacto das mudanças climáticas na saúde.
O espaço também destaca ações dos setores da Fiocruz dedicados à atuação direta na temática do Especial. Aqui, o leitor pode encontrar textos sobre o Observatório de Clima e Saúde, liderado pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). Celebrando 15 anos em 2024, o Observatório da Fiocruz tem como objetivo reunir e analisar dados gerados por diferentes instituições a fim de relacionar as mudanças climáticas e ambientais com a saúde. Outro setor é o Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes) da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), que no final de 2023 lançou o guia Orientações para a Gestão de Riscos de Desastres e Emergências em Saúde: Abordagem Integrada Atenção Primária e Vigilância em Saúde.
Outras reportagens abordam como as queimadas afetam o ambiente e a saúde animal. Impactos como o da qualidade do ar e na saúde com enfoques cardiovascular e respiratório e aqueles provocados pela ingestão de água contaminada fazem parte deste material. Dentro desse cenário, com tantos problemas em tantas áreas, surge ainda a questão da saúde mental, afetada pela chamada ansiedade climática. São muitos os desafios. E todos urgentes.
*Original publicado na coluna Especial da AFN em 12/11/2024
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