Luana Gomes / Projeto Ecoilê
Conectar as religiões de matriz africana do Distrito Federal e entorno, facilitar a troca de experiências e fortalecer os terreiros são alguns dos objetivos da construção da cartografia social. Este instrumento está sendo desenvolvido pela Fiocruz Brasília, em parceria com os terreiros que integram o Projeto Ecoilê, com o intuito de servir como base para identificar os desafios enfrentados pelos terreiros. Além disso, busca destacar positivamente as atividades práticas e ações que podem ser implementadas, por meio do processo de identificação das potencialidades que o projeto oferece, visando à promoção da soberania e segurança alimentar e nutricional, o que contribui para a saúde e o bem-estar nas comunidades dos terreiros.
Essa construção vem sendo estruturada com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), tendo como meta a compreensão dos terreiros e dos desafios que enfrentam, além de como percebem essas questões dentro das limitações identificadas na produção da cartografia social. Esse processo envolve a participação dos integrantes de cada terreiro, que são os conhecedores das suas vulnerabilidades. Assim, o resultado da formação também destaca como os terreiros podem contribuir para o território em que atuam, identificando formas de alcançar os objetivos estabelecidos no percurso da construção da cartografia. Esse processo evidencia a importância do terreiro como um equipamento de saúde e de segurança alimentar e nutricional.
A vice-diretora da Fiocruz Brasília e coordenadora do Programa de Alimentação Nutrição e Cultura (Palin), Denise Oliveira e Silva, ressalta a importância da construção da cartografia e das melhorias que essa inciativa pode alcançar. “Como representante do projeto vejo que essas construções podem trazer melhorias para os terreiros do DF/RIDE, reconhecendo as vulnerabilidades, as potências e as ameaças que envolve o território que vocês atuam. É perceptível que há uma inovação da importância do sagrado, entretanto há também uma dificuldade de a ciência entender isso, para juntos construirmos e entendermos que esses elementos precisam ser preservados. Há um desafio de que tudo que estamos realizando aqui se transforme em ação”, disse.
A realização da cartografia social nos sete terreiros do DF/RIDE é fruto de uma parceria entre o Palin e o Colaboratório de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTIS), coordenado pelo pesquisador Wagner Martins, da Fiocruz Brasília. A equipe multiprofissional envolvida na execução da cartografia social conta com a colaboração de agroecólogos do Instituto Federal de Brasília (IFB).
Para Wagner Martins, o trabalho desenvolvido pelo CTIS em parceria com o projeto Ecoilê é essencial para a realização das cartografias sociais nos terreiros, pois contribui para o fortalecimento da valorização cultural, a preservação ambiental e o reconhecimento social das comunidades de matriz africana. “Com a nossa expertise, podemos ajudar a desenvolver ferramentas que potencializam o impacto do projeto, promovendo conexões e protegendo esses territórios. A cartografia social reforça a identidade dessas comunidades”, destaca.
O Projeto Ecoilê é referência dentro da Fiocruz Brasília, pois ressalta que cuidar da saúde da população negra e lutar contra o racismo é essencial. É uma iniciativa que respeita e valoriza as raízes afro-brasileiras, promovendo a sustentabilidade e o empoderamento das comunidades de terreiro.
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