“Valorizem e se vejam nos espaços da ciência”. O chamado às meninas foi feito pela diretora geral do Instituto Federal de Brasília (IFB) – campus Brasília, Patrícia Albuquerque. Nesta quarta-feira, 22 de março, a instituição foi palco do painel “Iniciativas em STEM para meninas e mulheres na educação”. STEM é a sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática. “Aproveitem as oportunidades no ensino, na pesquisa e na extensão”, completou a reitora do IFB, Luciana Massukado. Organizado pela Cátedra Unesco em Educação a Distância da Universidade de Brasília (UnB), em parceria com o IFB, o painel tinha como objetivo divulgar iniciativas que têm contribuído para ampliar o espaço de atuação das meninas nas carreiras científicas e tecnológicas.
Entre as iniciativas apresentadas, estava o Programa Fiocruz Mulheres e Meninas na Ciência. “Você tem sede de quê?”, provocou a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, diante de uma plateia formada por dezenas de adolescentes do 1º ano do Ensino Médio Técnico em Informática. “Nós temos sede de estratégias e políticas que assegurem, de fato, a equidade. Porque não basta dizer às meninas que elas podem estar onde quiserem. É preciso criar as condições de acesso e permanência, para que elas ocupem esses espaços”, destacou.
A diretora falou das atividades que, desde 2019, a Fiocruz Brasília realiza para inspirar futuras pesquisadoras, como rodas de conversa, oficinas e concursos culturais. A iniciativa mais recente, intitulada “Converse com(o) uma cientista”, teve sua primeira edição no último dia 14. Fabiana lembrou que, apesar de todos os esforços, a Fiocruz só teve uma presidente mulher após 117 anos de sua fundação, fazendo referência à Nísia Trindade Lima, hoje também primeira mulher a ocupar o cargo de ministra da Saúde. “Não basta sermos mulheres na ciência. Temos que lutar todos os dias pelo direito de sermos mulheres na ciência”, finalizou, inspirada na cientista e ativista Bertha Lutz (1894-1976).
Na ocasião, foi também apresentado o trabalho do Meninas na Ciência, grupo de extensão do IFB. A professora Sylvana Karla Santos contou que a iniciativa surgiu a partir de números que incomodavam. Embora as mulheres sejam maioria no Instituto, elas são minoria no Ensino Médio Técnico em Informática. “O grupo surgiu da necessidade de falar sobre empoderamento feminino nos cursos tecnológicos”, lembrou. E foi assim que tiveram início campanhas para dar visibilidade às trajetórias de mulheres na ciência, pesquisadoras mães, mulheres na gestão e autoras de importantes projetos. Às campanhas se somaram as outras ações de divulgação, como jogos e oficinas, e produções científicas, com participação em eventos e até conquista de prêmios – tudo com o protagonismo das alunas.
O projeto EducaSTEM 2030, da Unesco, foi outra iniciativa apresentada durante o evento. A professora Djaine Damiati, da Cátedra Unesco em Educação a Distância da UnB, explicou que uma Cátedra Unesco é voltada à prática e ao desenvolvimento de uma área do conhecimento. Atualmente, existem 30 Cátedras Unesco no Brasil: a em Educação a Distância, sediada na Faculdade de Educação da UnB, vai completar 30 anos e é a mais antiga delas. Ela trabalha com tecnologias de informação e comunicação de forma crítica, com vistas a “uma educação aberta que reduza as barreiras de acesso à ciência”, defendeu.
Uma das estratégias é o curso de formação de líderes docentes STEM2030, que aborda conceitos e práticas pedagógicas para apoiar, desde a educação básica, oportunidades de desenvolvimento de meninas e mulheres em carreiras STEM. As professoras Renata Fagundes Santiago, Laís Bertolucci e Nadja Luciana fizeram curso e, como líderes docentes STEM 2030, falaram sobre o impacto da iniciativa na sala de aula, seja em projetos audiovisuais, vocacionais ou de robótica.
A moderação da mesa foi feita pela professora Anelise Estivalet, da Cátedra Unesco em Educação a Distância da UnB. Alusivo ao mês das mulheres, o painel integrou a agenda de atividades do já tradicional #8M, realizado pela UnB, por meio da Coordenação das Mulheres (Codim) da Secretaria de Direitos Humanos (SDH). O tema de 2023 é “Mulheres na universidade: insurgentes e propositivas”. A programação do #8M segue até 31 de março com exibição de filmes, mesas redondas, webinários, oficinas e palestras. A gravação do painel está disponível no YouTube do IFB e da UnBTV.