Pelo fortalecimento do SUS e da comunicação em saúde

Fernanda Marques 16 de novembro de 2022

“Uma mesma estratégia implantada do Oiapoque ao Chuí não dá certo. A política não funciona se ela não for direcionada de forma adequada ao público. E todos os públicos envolvidos devem participar na tomada de decisão”. A recomendação foi feita pela pesquisadora Devani Salomão de Moura Reis, do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, em Portugal. Ela foi palestrante na mesa Gestão da Comunicação em Saúde, realizada na tarde do dia 11 de novembro, dentro da programação do III Seminário Internacional e VII Seminário Nacional As Relações da Saúde Pública com a Imprensa. A mesa reuniu, ainda, Mariana Pedroza e Elisa Andries, que compartilharam suas experiências na comunicação da pandemia de Covid-19 no Conasems e na Fiocruz, respectivamente. Fabiana Mascarenhas, coordenadora de Marketing da Assessoria de Comunicação da Fiocruz Brasília, ficou responsável pela moderação do debate.

#oSUSquefazemos

Assessora de comunicação do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Mariana Pedroza falou do crescimento do número de usuários do site e das mídias sociais da instituição, em especial do Instagram e YouTube. “A pandemia trouxe um movimento orgânico de defesa do SUS e nós trabalhamos para reforçar isso, valorizando a atuação dos profissionais de saúde e mostrando toda a riqueza da diversidade do nosso Sistema”, afirmou. Uma diversidade que se manifesta, inclusive, nas formas de comunicar saúde. “Temos casos de sucesso em que a vacinação foi divulgada pelo carro da pamonha”, exemplificou. Já nas mídias sociais, o Conselho tem priorizado um conteúdo acessível, claro, objetivo e, também, bonito. “Estamos nas redes competindo com inúmeras outras mensagens. Nosso conteúdo tem que ser atrativo”, sublinhou.

Coordenadora de Comunicação Social da Presidência da Fiocruz, Elisa Andries enfatizou que os bons resultados alcançados pela Fundação durante a pandemia só foram possíveis devido ao histórico institucional de diálogo com a sociedade, por meio de estratégias em permanente construção. A palestrante comentou a atuação dos porta-vozes da instituição, da divulgação das pesquisas e do atendimento à imprensa, concluindo que todo esse trabalho contribuiu para o fortalecimento do SUS. “Mantendo o foco em comunicar evidências técnico-científicas, sem cair em provocações políticas, conseguimos diversificar o nosso público e ‘furar a bolha’, alcançando não só pesquisadores e profissionais de saúde, mas a sociedade de uma forma mais geral”, avaliou.

Cenas dos próximos capítulos

Conduzida por Wagner Vasconcelos, coordenador da Assessoria de Comunicação da Fiocruz Brasília, a sessão de encerramento do Seminário ocorreu logo após a mesa sobre gestão da comunicação. O encerramento foi marcado por três anúncios. O primeiro deles, feito pelo pesquisador Wagner Martins, coordenador do Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade da Fiocruz Brasília, se refere à chamada pública de uma hackatona para o desenvolvimento de soluções digitais em comunicação em saúde. Organizados em equipes, profissionais experientes e também estudantes de graduação serão chamados a participar desde a ideação dos projetos até sua implantação na prática, passando pelo teste de protótipos. A chamada será publicada em breve.

O segundo anúncio foi o do trabalho ganhador da exposição de ilustrações, que estampará a capa do e-book do Seminário, a ser publicado em 2023. Intitulado Heroes, o desenho mais votado no Instagram da Fiocruz Brasília é de autoria de Alberto Teixeira Meneses, de Sant’Ana do Livramento, no Rio Grande do Sul.

Por fim, foi anunciado o trabalho vencedor da sessão científica do Seminário. O mais bem avaliado foi Comunicação de risco sobre Covid-19 em comunidades quilombolas: oficinas com jovens comunicadores da Federação das Organizações Quilombolas de Santarém, apresentado por uma de suas autoras, a professora Mariana Ferreira Lopes, da Universidade de Brasília (UnB).