Mais de 800 profissionais da saúde do Distrito Federal (DF), entre as categorias de enfermagem, odontologia, medicina, farmácia e fisioterapia, participaram de uma pesquisa que tem como objetivo analisar o impacto da pandemia de Covid-19 na saúde mental desses trabalhadores. O estudo é conduzido pela Fiocruz Mato Grosso do Sul, em parceria com a Fiocruz Brasília. Um relatório parcial dos resultados mostra que 65% apresentaram sintomas de transtorno de estresse, 61,6% de ansiedade e 61,5% de depressão. Sintomas de ansiedade classificados como extremamente severos foram relatados por 33,8% dos participantes. Esse percentual foi de 21,4% e 19,5%, respectivamente, para sintomas extremamente severos de depressão e estresse.
Poucos participantes (8,5%) consideravam sua saúde física excelente, e um percentual ainda menor (6,3%) tinha essa percepção sobre sua saúde mental. Antes da pandemia, 24,1% estavam em acompanhamento ou tratamento psicológico ou psiquiátrico, e esse percentual aumentou em 13,9% durante a pandemia. Dados que reforçam que o trabalho em saúde, por suas condições e exigências, normalmente, já tem impacto na saúde mental dos trabalhadores, e este impacto se torna ainda maior em contexto de crise ou emergência sanitária. Os participantes, em sua maioria, eram mulheres, e mais de 50% trabalhavam em hospitais ou unidades de pronto-atendimento. Os demais atuavam na Atenção Primária à Saúde (15,3%) e em outros locais.
Cerca de um quinto trabalhava mais de 40 horas por semana. Durante a pandemia, a grande maioria (83,3%) continuou trabalhando; poucos (5,5%) tiveram a possibilidade de continuar trabalhando de casa. Cerca de 6% perderam o emprego ou permaneceram desempregados. Dos que trabalhavam no momento da pesquisa, 70% confiavam na organização e estrutura dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) para o enfrentamento da pandemia de Covid-19. Apesar disso, o estudo também demonstrou que ainda há a necessidade de aperfeiçoar as ações de enfrentamento para que a segurança esteja mais bem estabelecida (30%). A coleta de dados ocorreu entre dezembro de 2020 e abril de 2021.
De acordo com o relatório parcial da pesquisa, que pode ser consultado aqui, os trabalhadores da saúde e seus familiares, os gestores, os sindicatos, os conselhos de classe e os serviços devem estar atentos à saúde física e mental de quem atua na linha de frente do cuidado. Com esse foco, a equipe de pesquisa lançou também a cartilha “Cuidando-se”, que reúne informações sobre serviços psicológicos oferecidos aos trabalhadores da saúde do DF. Confira aqui a publicação
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