Pesquisa mostra impacto da pandemia na saúde mental de profissionais da saúde

Fernanda Marques 22 de fevereiro de 2022


Mais de 800 profissionais da saúde do Distrito Federal (DF), entre as categorias de enfermagem, odontologia, medicina, farmácia e fisioterapia, participaram de uma pesquisa que tem como objetivo analisar o impacto da pandemia de Covid-19 na saúde mental desses trabalhadores. O estudo é conduzido pela Fiocruz Mato Grosso do Sul, em parceria com a Fiocruz Brasília. Um relatório parcial dos resultados mostra que 65% apresentaram sintomas de transtorno de estresse, 61,6% de ansiedade e 61,5% de depressão. Sintomas de ansiedade classificados como extremamente severos foram relatados por 33,8% dos participantes. Esse percentual foi de 21,4% e 19,5%, respectivamente, para sintomas extremamente severos de depressão e estresse.

 

Poucos participantes (8,5%) consideravam sua saúde física excelente, e um percentual ainda menor (6,3%) tinha essa percepção sobre sua saúde mental. Antes da pandemia, 24,1% estavam em acompanhamento ou tratamento psicológico ou psiquiátrico, e esse percentual aumentou em 13,9% durante a pandemia. Dados que reforçam que o trabalho em saúde, por suas condições e exigências, normalmente, já tem impacto na saúde mental dos trabalhadores, e este impacto se torna ainda maior em contexto de crise ou emergência sanitária. Os participantes, em sua maioria, eram mulheres, e mais de 50% trabalhavam em hospitais ou unidades de pronto-atendimento. Os demais atuavam na Atenção Primária à Saúde (15,3%) e em outros locais.

 

Cerca de um quinto trabalhava mais de 40 horas por semana. Durante a pandemia, a grande maioria (83,3%) continuou trabalhando; poucos (5,5%) tiveram a possibilidade de continuar trabalhando de casa. Cerca de 6% perderam o emprego ou permaneceram desempregados. Dos que trabalhavam no momento da pesquisa, 70% confiavam na organização e estrutura dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) para o enfrentamento da pandemia de Covid-19. Apesar disso, o estudo também demonstrou que ainda há a necessidade de aperfeiçoar as ações de enfrentamento para que a segurança esteja mais bem estabelecida (30%). A coleta de dados ocorreu entre dezembro de 2020 e abril de 2021.

 

De acordo com o relatório parcial da pesquisa, que pode ser consultado aqui, os trabalhadores da saúde e seus familiares, os gestores, os sindicatos, os conselhos de classe e os serviços devem estar atentos à saúde física e mental de quem atua na linha de frente do cuidado. Com esse foco, a equipe de pesquisa lançou também a cartilha “Cuidando-se”, que reúne informações sobre serviços psicológicos oferecidos aos trabalhadores da saúde do DF. Confira aqui a publicação

 

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