Juliana Chagas / PSAT
Os pesquisadores André Fenner e Cristina Maia, do Programa de Saúde, Ambiente e Trabalho (PSAT) da Fiocruz Brasília, e alunos curso de pós-graduação Diplomado Internacional en Agroecología para La Sustentabilidad organizaram uma saída de campo com agroecólogas e ambientalistas do Projeto Margaridas do Cerrado e do Curso Dias. A iniciativa, realizada no Assentamento 8 de Março (Planaltina/DF), teve como objetivo capacitar as famílias para o desenvolvimento de quintais agroecológicos independentes de insumos externos, promovendo a autonomia na produção de alimentos.
Juntamente com as agroecólogas Ceiça Maria da Conceição e Iolanda Cadete, a equipe do PSAT realizou uma atividade no acampamento utilizando a metodologia FOFA, que busca mapear fortalezas, fraquezas, oportunidades e adversidades. O objetivo foi identificar áreas para intervenções de curto, médio e longo prazo, em colaboração com a comunidade. A atividade proporcionou um espaço para o compartilhamento de ideias, reflexões e soluções para os desafios enfrentados, materializando alternativas e estimulando a organização e planejamento para execução de ações.
A equipe do PSAT distribuiu um Manual Prático da Agricultura Agroflorestal, recurso pedagógico em formato de quadrinhos para orientação do cultivo agroecológico. A proposta é que esse material seja readequado às plantas e hortaliças do território. Foi realizada uma breve curadoria nos quintais, com análises e dicas das agroecólogas, e uma nova data foi marcada para dar continuidade ao processo de melhoria em cada quintal do Acampamento.
Ao final, como parte do processo de formação, houve partilha com geleias e pães artesanais – um momento para o acolhimento das possibilidades de fortalecimento comunitário. Durante a convivência, destacou-se a importância de encontros para a confecção de produtos artesanais e as possibilidades de geração de renda, como comercialização em feiras. As moradoras ficaram emocionadas ao perceber a importância de seu trabalho para a comunidade, reconhecendo o valor de seu solo e dos alimentos produzidos de forma natural.
O Acampamento 8 de Março está localizado às margens da BR 020, na Fazenda Toca da Raposa, em Planaltina-DF. Ocupa 1.700 hectares e abriga 600 famílias desde 2012. Transformado de um terreno coberto de capim em uma área de cultivo e moradia, o Acampamento luta há 12 anos contra grilagem, especulação imobiliária, monocultura e uso de agrotóxicos. Atualmente, 14 hectares estão autorizados para o cultivo de alimentos, com planos de transição agroecológica, que incluem o plantio de mais árvores e a produção livre de agrotóxicos. A ação proposta pelos pesquisadores do PSAT se articula com as ações de formação em agroecologia para saúde, fortalecendo a autonomia e o equilíbrio ecológico.