A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) realizou nesta segunda-feira (8/8) uma sessão comemorativa dos 60 anos da regulamentação da psicologia no Brasil. A atividade fez referência à lei nº 4.119, de 27 de agosto de 1962, que dispôs sobre os cursos de formação em psicologia e regulamentou a profissão de psicólogo(a). Conforme vídeo do Conselho Federal de Psicologia, exibido no início da sessão, o Brasil é o país com maior número de psicólogos(as) no mundo. São profissionais que, historicamente, têm atuado em diferentes frentes para a promoção da saúde mental, não só na clínica, como na Luta Antimanicomial, Reforma Psiquiátrica, fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), políticas públicas e controle social, entre outras. Os participantes foram unânimes em definir a psicologia como ciência e profissão em constante movimento, comprometida com as transformações sociais do país e atenta às necessidades da população – como no contexto da Covid-19 e suas consequências.

“Seguimos firmes o propósito da nossa profissão, que é o cuidado em todas as circunstâncias históricas, políticas e sociais”, afirmou a psicóloga Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília, que participou da sessão ao lado de outros(as) representantes da categoria profissional. Fabiana saudou os(as) colegas por serem exemplos de luta, força, sensibilidade e respeito. “Atuamos em uma diversidade de situações: nossa profissão tem essa transversalidade e o compromisso ético com a sociedade, as pessoas, a democracia e o enfrentamento das desigualdades sociais. É importante reconhecer essa nossa potência e, cada vez mais unidos, seguirmos na construção das estruturas necessárias para uma vida mais digna para todos e todas”, destacou a diretora. 

Representando o Conselho Federal de Psicologia, a professora Izabel Augusta Hazin Pires, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), também ressaltou o compromisso com a defesa dos direitos humanos. “A psicologia brasileira é potente, assumindo o contorno de cada estado e respondendo ao chamado de sua população, em todos os lugares onde se faz necessário o cuidado”, disse Izabel, lembrando, ainda, o papel de psicólogos(as) na luta contra a ditadura, na promoção de melhores condições de saúde e trabalho, e no enfrentamento dos racismos. “Defendemos um projeto de sociedade com mais justiça, equidade e diversidade”, concluiu.

Ao final da sessão, psicólogos e psicólogas receberam moções de louvor em reconhecimento pelas atividades exercidas. Entre as homenageadas, estava Débora Noal, uma das coordenadoras do Núcleo de Saúde Mental e Atenção Psicossocial em Desastres e Emergências em Saúde Pública (Nusmaps) da Fiocruz Brasília. Desde 2008, Débora desenvolve trabalhos relativos ao cuidado em saúde com populações e trabalhadores que vivenciam desastres naturais (terremotos, furacões, deslizamentos de terra, inundações) e humanos (guerras, conflitos étnicos, desnutrição severa, migrações, deslocamentos forçados), em situações de extrema vulnerabilidade. A partir dessas experiências, logo no início da emergência de Covid-19, ela foi peça-chave para a produção e disseminação de diversos materiais educativos, e para a oferta de um curso de saúde mental e atenção psicossocial para trabalhadores, que atingiu dezenas de milhares de profissionais e, hoje, encontra-se em sua segunda edição. Mais recentemente, o Núcleo atuou também no apoio a trabalhadores no contexto das enchentes na Bahia e no Rio de Janeiro. 

Também participaram da sessão especial da CLDF Vanessa Soublin de Vasconcelos, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF); Rafael Gonçalves, do Conselho Regional de Psicologia do DF; Domingos Savio, da Universidade de Brasília (UnB); Fernanda Magano, da Federação Nacional dos Psicólogos; Tamara Levy, do Sindicato dos Psicólogos do DF; Joyce Avelar, da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negra(os) e Pesquisadoras(es); e Karina Aparecida de Figueiredo, do Conselho Regional de Serviço Social do DF.

A gravação do evento está disponível no YouTube da TV Câmara Distrital.