“A injustiça ambiental tem cara. A de Antônio Filho, morador do bairro de Piquiá de Baixo, em Açailândia, Maranhão, destruído a partir da instalação de indústrias siderúrgicas ao redor das casas da comunidade. Ou a de Patrícia Generoso, de Conceição do Mato Dentro, em Minas Gerais, por onde passa um mineroduto de 525 quilômetros”. É o que afirma a reportagem de capa da primeira Radis de 2015, que mostra como o 2º Simpósio Brasileiro de Saúde e Ambiente (Sibsa), realizado em Belo Horizonte, em outubro, pôde mostrar essas caras. Organizado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o encontro promoveu a articulação da academia com os movimentos sociais, reconhecendo os envolvidos em conflitos territoriais não como objetos de pesquisa, mas como sujeitos de resistência.
Usando a cobertura do simpósio como mote, a série de reportagens daRadis mostra a importância de tratar saúde e ambiente como temas simbióticos, de forma a enfrentar as contradições do atual modelo de desenvolvimento do país, em que o capital avança sobre a natureza. Conflitos ambientais, disputas por território, neoextrativismo, “economia da morte” e o papel-chave do Estado na geração de injustiças foram alguns dos temas abordados nas palestras. Mas também a construção das resistências e alternativas, com seu potencial dinâmico e emancipatório. Por isso, a Radis traz também histórias como a de Maria Teresa, a Teca, que lidera o grupo de moradores da Serra do Gandarela, em Minas Gerais, na luta contra a instalação de minas no santuário natural. E de Antônio Filho e de seus vizinhos, que há quase uma década enfrentam o terror de conviver com usinas de ferro gusa e sua fuligem tóxica.
A revista traz ainda cobertura do debate Coronelismo Eletrônico: teoria e prática política no Brasil, ocorrido em novembro de 2014, na Casa da Ciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e um perfil do sanitarista Eleutério Rodriguez Neto, um dos idealizadores do SUS.
Veja a edição na íntegra.